RIO NEGRINHO. Sharlene Ruher , durante 9 anos foi aluna da Escola Henrique Liebl, no bairro Jardim Hantschel. Depois de adulta e já mãe, matriculou seu filho de 4 anos, que é autista, na mesma escola.
Apesar de morar em Rio Negrinho, ela trabalha em Itaiópolis (SC) e na quinta-feira (25) levou uma surpresa quando ao chegar em casa, no final da tarde, se deparou com dois policiais civis que a aguardavam.
“Eles chegaram com meu filho lá, onde contaram para minha mãe que o encontraram por volta das 15h50 na entrada do Vista Alegre, na BR 280. Notaram que ele estava assustado e era muito pequeno para estar ali sozinho. Nisso, pararam e conversaram com ele, que contou que estava indo para casa e que era longe. Seguindo as orientações do meu filho, conseguiram chegar até a nossa casa”.
Conforme Sharlene, ao chegar em casa com os policiais, o menino, que estuda no nível 3, disse que fugiu da escola porque um colega do 5° ano queria bater nele e que sentia muita saudade da mãe.
“Assim que soube de tudo o que havia acontecido, fomos todos direto para a escola. Lá encontramos todos (equipe da escola e da Secretaria de Educação) próximo ao portão principal. Então entramos e conversamos, mas naquele momento estávamos todos alterados, principalmente eu”.
A mãe relatou que o menino explicou que diante das ameaças do colega do 5° ano, primeiramente se escondeu.
“Nisso viu ele (o colega) longe, foi até o parquinho, viu uma abertura na cerca e saiu correndo por ali, na direção que sabia que ficava nossa casa. Isso aconteceu por volta das 15h30, no recreio e por umas 15h50 ele já estava na entrada da Vista Alegre, onde os policiais civis o viram”.
Sharlene disse também que na escola sentiram falta do menino por volta das 16h30 e entraram com contato com ela por volta das 17h.
“A escola me ligou mas onde eu trabalho não tem área, então eu não sabia de nada até chegar em casa e me deparar com os policiais e com meu filho lá. Naquele momento não peguei celular nem nada, fomos direto para a escola. Só depois vi a ligação perdida”.
“Fico triste em saber que demoraram uma 1 hora bem dizer para notar a falta do meu filho, sabendo que ele é autista, que é uma criança agitada”.
Na sexta-feira (26), a mãe falou que foi até o Conselho Tutelar.
“Fui fazer uma denúncia, até aquele momento eles não sabiam o que tinha acontecido. Logo depois, fui até a escola, onde conversamos novamente”.
Ainda com receio de que a situação pudesse se repetir, ela disse que não levou o filho para a aula na sexta-feira. Porém, ele continuará estudando na mesma escola.
“O Conselho achou melhor enviar ele lá e agora, como por direito, ele vai ter também a ajuda da segunda professora, que ele não tinha, pois me falaram que não conseguiam contratar”.
“Agora, uma professora que faz acompanhamento com outro aluno vai conseguir acompanhar meu filho também em sala de aula”, relatou.
Sharlene finalizou, destacando resumidamente tudo o que sentiu, desde quando soube da situação até às suas decisões finais.
“Quando matriculamos nossos filhos em uma escola, nós colocamos toda a responsabilidade para os profissionais, aqueles que se formaram para atender nossos pequenos. Sempre tive uma grande confiança nessa escola, que frequentei por 9 anos, mas depois dessa fatalidade nossa confiança acaba morrendo. Eu não quero que nenhuma mãe receba uma notícia dessa, aonde seu filho é deixado de lado, conseguindo sair de uma escola sem ser notado, com apenas 4 anos. Tento nem pensar nos perigos que enfrentou na sua caminhada até ser salvo… Sou muito grata pelos dois anjos que naquele momento passavam por ali. Meu filho continua na escola, mas eu estarei o enviando com o coração apertado… Que o que aconteceu seja uma lição para todos os profissionais da educação, para que fiquem atentos aos alunos, ainda mais os especiais, não importa o nível de autismo. Se uma criança ‘normal’ precisa de atenção, uma criança especial precisa de atenção em dobro… Confiarei novamente nos profissionais mas que fiquem mais atentos com os fatos e que nenhuma mãe passe por isso”.
Procurada pela reportagem do Nossas Notícias na sexta-feira (26), quando publicamos a primeira matéria com relação ao caso, a prefeitura, através da Secretaria de Educação, enviou a seguinte nota:
“A Prefeitura, através da secretaria de Educação está apurando os fatos. A criança está bem e inclusive hoje já retornou ao ambiente escolar”.
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