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Problemas com o cachorrinho que você adotou? Tem solução!

Kelen Sbolli é adestradora profissional de cães. Proprietária da Vita Canis, atende em Curitiba PR Rio Negrinho e em várias outras cidades do Sul do Brasil. Escreve para o Nossas Notícias todos os domingos. Contatos com a colunista podem ser feitos pelo: zsbolli@yahoo.com.br *************************************** Adotar um cãozinho de rua é uma sensação das mais gratificantes. Tirá-lo das ruas onde passou fome, frio, medo, maus tratos e dar uma vida digna é manifestar o que o ser humano tem de melhor, a empatia e a compaixão pelos que mais sofrem. Porém, não temos como prever como será a adaptação deste cão. É tão possível que tudo ocorra bem, como também que seja extremamente difícil. Problemas emocionais Geralmente os problemas emocionais começam aparecer algumas semanas depois que o cão está em sua nova casa. No início, ele provavelmente está se recuperando fisicamente da vida difícil que teve na rua ou em abrigos. Neste intervalo de tempo ele fica em um estado de completa “submissão” pois além da fraqueza física que sente, ele está sob efeito de um estresse crônico que o deixa quase congelado perante os estímulo, além de ainda não saber o que está por vir. Conforme o tempo vai passando Conforme o tempo vai passando, ele vai se fortalecendo fisicamente, seu estado estressante vai diminuindo e os vínculos com sua nova família vão se formando. É geralmente neste instante que os problemas psicológicos, comportamentais começam a aparecer. Ansiedade da separação A ansiedade de separação é um sintoma muito comum. Segundo RIVA ET AL (2008) cães recolhidos de rua ou de abrigos tem maior propensão a desenvolver ansiedade de separação. A sensação de sentir-se novamente abandonado quando está longe de seus donos faz com que ele manifeste este comportamento, latindo ou uivando durante o tempo que fica sozinho. Agressividade com outros cães A agressividade com outros cães também pode ocorrer. A agressividade está relacionada não só à herança genética mas também às influências ambientais. Cães que viveram muito tempo na rua ou em abrigos super lotados tiveram que aprender a se defender de outros cães, às vezes brigando por comida ou por espaço. Esta experiência negativa faz com que ele reaja agressivamente na presença de outro cão pois vem à tona em sua memória todas as vezes que lutou e apanhou. Portanto, pela sua memória traumática, a melhor defesa é atacar antes que o outro cão o faça. Agressão por posse  Agressão por posse também é muito comum. O cão pode rosnar ou até morder quando alguém se aproxima de seu pote de comida, osso, brinquedo favorito ou cama. Isto reflete as experiências traumáticas da rua, onde ele teve que defender seu espaço e a escassa comida que conseguia. Como o cão não tem o mesmo raciocínio crítico que nós, ele não percebe que de agora em diante não lhe faltará mais comida e abrigo e continua “protegendo” sua comida e seu local. Agressividade direcionada aos homens, mulheres ou crianças Outra ocorrência, embora incomum, é a agressividade direcionada à homens, mulheres ou crianças devido a maus tratos que tenham ocorrido de maneira traumática em relação a um tipo de pessoa. Um estudo realizado na Irlanda do Norte constatou alguns problemas comportamentais em cães adotados de um abrigo. Os problemas relatados foram: medo (52,4%), hiperatividade (37,4%), destrutividade (24,5%), eliminação inapropriada (21,3%), fuga (13,4%), coprofagia (12,9%), latir excessivamente (11,3%), agressividade direcionada a outros cães (8,9%), agressividade relacionada a pessoas (5,5%) e problemas relacionados à atividade reprodutiva (3,4%) (WELLS; HEPPER,2000). Obviamente, a realidade dos abrigos nos países de primeiro mundo é mundo diferente da nossa realidade. A grande maioria das cidades brasileiras não tem um plano de ação no que se refere a abrigos para cães resgatados e uma proposta de preparação dos mesmos para adoção. Sendo assim, em nossa realidade os problemas são muito maiores. Problemas comportamentais tem solução O mais importante de tudo que foi descrito até agora é que todos estes problemas comportamentais tem solução. Infelizmente, a maioria dos adotantes não sabem disso e se desfazem do cão ao menor sinal de problemas, muitas vezes devolvendo para o abrigo de onde retiraram, doando novamente para outra pessoa ou, pior ainda, abandonando na rua. Orientação profissional Porém, um profissional da área poderá rapidamente fazer o diagnostico adequado e trabalhar os comportamentos indesejados juntamente com a família. Técnicas de dessensibilização, contracondicionamento, ressocialização e outras específicas serão utilizadas para cada caso especificamente. Aulas de obediência básica A outra boa notícia é que muitas vezes aulas de obediência básica podem auxiliar muito na resolução de problemas, pois ao ensinarmos comandos básicos ao cão e aplicando estes comandos em determinadas situações, o cão fica mais autoconfiante, com mais autocontrole e mais focado, respondendo melhor às técnicas específicas que por ventura tenham que ser utilizadas para seu problema. Não se desespere Portanto, se você adotou um cãozinho de rua e ele começou a apresentar algum problema comportamental, não se desespere. Existe uma solução. Entre em contato com um adestrador para orientação e não se esqueça também que o principal remédio é o seu amor. A vida nas ruas lhe proporcionou rejeição e violência, agora o que ele precisa é de seu respeito, amor e atenção. É incomparável a gratidão, a lealdade e a dedicação que um cão adotado tem em relação à sua nova família. Os problemas são temporários porque podem ser resolvidos, mas o amor deles será eterno. Experimente! Adotar é tudo de bom!  ]]>

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