RIO NEGRINHO. A Academia de Letras de Rio Negrinho promove nesta sexta-feira (20) sua oitava edição do Café Literário. O encontro acontecerá no Café Boutique Cedro Rosa e é aberto à participação da comunidade.
A entrada é gratuita e o público será levado a uma profunda reflexão sobre a já conhecida e estudada história do Contestado. Porém, em um contexto diferenciado, sob óticas jurídicas e culturais, relacionando o movimento “Contestado” com o presente e futuro da região.
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E os responsáveis por conduzir o público às reflexões serão Cleverson Vellasques, doutorando em Direito, que finaliza sua tese justamente sobre o Contestado e Dorneles Simões de Oliveira, também estudioso do tema.
Vellasques falará sobre “Ecos do Contestado” e Simões sobre “A floresta de Pinheiros e o povo do sol na região Contestada”.
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Ambos são membros da Academia de Letras do Brasil Seccional Rio Negrinho. Velasques, que preside a Academia de Letras na cidade, frisou que o encontro será muito rico em troca de informações e novos conceitos. Ele finalizou destacando que todos serão bem vindos ao evento e divulgou uma poesia de sua autoria, que será usada na condução de sua fala:
Contestado Imortal
Os carroções amoldam-se entre um carreador e outro no alto da Serra
Serão alguns quilômetros mata a dentro de lindas paisagens e de ar refrescante
Os passageiros são todos homens que cultivavam e comercializavam seus produtos
Não haviam delimitações seguras, nem as autoridades sabiam a quem pertenciam esses rincões
Rude despertar, desconheciam o que o esperavam
Trabalhadores rumo a esperança, deflagram-se com a morte
Traçado do governo Imperial ligou a Estrada da Serra até Rio Negro
A Província do Paraná transferiu a estação fiscal chamada Encruzilhada para o Imposto cobrar
Encruzilhada, protestada. São Bento em um ano de fundação, contradiz limites entre os estados
Um novo século se aproxima, e o Presidente de Santa Catarina questiona
Qual o direito do Paraná cobrar imposto sobre os produtos entre São Bento e Joinville?
Não demorou muito para o Presidente do Paraná reclamar
Como podem nomear autoridades policiais em território paranaense?
A solução veio com o novo traçado da importante Estrada Dona Francisca mais ao Norte
A Encruzilhada ficou sem movimento, não satisfeitos, postaram-se na nova Estrada
Soldados e Fiscais paranaenses exigem aos viajantes que passem pela Estrada antiga e paguem
Santa Catarina protesta junto ao Paraná a cobrança indevida para evitar um conflito armado
Veio advertência do governo paranaense ao Presidente Taunay, as forças armadas resolverão!
Inúmeros conflitos estreiam a questão dos limites entre o Paraná e Santa Catarina
Colonos se desentendem diante dois títulos de terras do mesmo local
A questão dos limites entre as duas províncias havia inflamado a opinião dos dois lados.
Na prenúncio do confronto o Supremo veda aos dois estados qualquer ação na zona contestada
Paraná não respeita e continua instalando barreiras com soldados armados e fiscais
Lauro Muller em sua diplomacia buscou o Império, ressoando sua voz, as barreiras tombaram
Inconformados, os paranaenses queimaram todas as pontes na estrada São Lourenço
Hercílio Luz enviou soldados a São Bento e São Lourenço para garantir a reconstrução das pontes
Novamente insatisfeitos, a mando do Presidente da Câmara de Rio Negro as pontes caem
Soldados catarinenses, subcomissário são presos em Rio Negro
A Província do Paraná abriu novamente a Estação Fiscal Ribeirão da Lança, e os conflitos reinam
Eis que, aqueles homens em seus carroções encontraram um sonho ceifado
Buscavam o sustento de sua prole, o desenvolvimento da sua cidade, encontraram só carnífices
Carroceiros presos, alguns alvejados com tiros, saindo gravemente feridos
Um pai de família cai na terra fria do Contestado, encharca as matas com o sangue do trabalho.
Assim sentenciam os algozes. Primeiro catarinense morto na Questão do Contestado
Novo século, Santa Catarina conquista no Supremo a declaração de limites entre os Estados
O histórico paranaense demonstra que essa declaração não teria validez
Novos episódios pelos sertões catarinense confundem-se com os limites territoriais
Há mais de um século, ecoa um grito nos rincões contestado, faça valer apena!
Há mais de um século, antepassados pelejaram pelo sustento, pela vida e por dias de paz
Há mais de um século, o chão contestado presenciou o maior conflito já existente nesse país
Há mais de um século, a região contestada geme a dor do esquecimento.
Denunciamo-los a nova geração, e que! através da história contada – se reviva nos corações o que ocorreu, para que nunca mais advenha tamanha barbárie.
Cleverson José Vellasques
MAIS INFORMAÇÕES sobre a Academia de Letras e o Café Literário podem ser obtida pelo fone: (47) 9.92112360.
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