Lia Schoeffel é técnica em Enfermagem, trabalhou por muitos anos na prefeitura de Rio Negrinho e quem a conhece sabe do quanto sua alegria contagia qualquer pessoa. Sempre sorridente e brincalhona, ela adora conversar , costuma dar muitos conselhos e contar muitas histórias.
O que poucos sabem é que Lia também já viveu momentos difíceis, em que não queria falar e não via nenhum motivo para sorrir. Foi nesta época que conheceu o doutor Marciano Cesar Marques, médico recém chegado na cidade.
“Era 1998 e minha mãe tinha morrido. Eu, que já passava por vários outros problemas pessoais, fiquei sem chão. Fiquei tão triste que fui internada no hospital durante 12 dias. Eu não falava com ninguém, ficava só olhando para uma parede e meu único desejo era morrer “, lembrou.
E foi a qualidade do atendimento do médico que deu a ela coragem de enfrentar os desafios da vida e seguir em frente.
“Ele passava todo dia, três vezes por dia para me avaliar. Além dos procedimentos médicos, perguntava da minha família, da minha vida, mas eu não respondia. Até que acredito que ele perguntou da minha história para outras pessoas. Então ele dizia que tinha ficado sabendo que eu tinha dois filhos, que eu tinha muitos parentes, que muitas pessoas gostavam de mim … Acho que ele não lembra de tudo o que me falou, mas eu nunca esqueci, pois cada palavra dessas me fez querer viver novamente. O bonito dessa história é que ele percebeu que minha doença não era do corpo, era da minha alma”, desabafou Lia.
E foi depois que superou o trauma da morte da mãe, que ela escreveu uma poesia para o médico. O texto foi entregue à ele algum tempo depois, pois os dois acabaram trabalhando juntos no posto de saúde central.
“Um dia vi que ele estava cansado já, no final do turno. Então entreguei a poesia e saí correndo, pois fiquei com vergonha”, relembra Lia, agora aos risos.
Além do amor pela Enfermagem, Lia também escreve poesias desde menina. Ela é membro da Academia de Letras do Brasil de Santa Catarina Seccional Rio Negrinho. Através da Academia, soube da coletânea “Mãos que marcaram nossa vida”, organizada por Miguel João Simão e enviou suas poesias para a seleção.
“Ele achou a ‘Amigo doutor’, uma poesia que veio bem a calhar neste período de pandemia. Na verdade é mesmo uma poesia atemporal, pois assim como eu, muitas outras pessoas já tiveram sua vida salva por um médico”, comentou ela.
Lia também teve suas poesias selecionadas para um projeto aprovado pela Lei Aldir Blanc, lançada pelo governo federal. O material deve ser lançado em breve.
Além de Lia, Rio Negrinho tem mais uma representante na coletânea. É a professora Márcia Cristofolini, que em texto homenageou o senhor João Penkal, uma das lideranças que marcou a história da cidade (também publicaremos sobre o trabalho dela). No total, 51 escritores tiveram seus textos publicados na obra. Cada um recebeu dez exemplares.
Confira a homenagem de Lia Schoeffel ao doutor Marciano Cesar Marques:
Amigo Doutor
Sensatez não lhe falta
Tempo talvez.
O trabalho lhe traz
Muita solidez.
Tem um objetivo na vida
Ajudar ao próximo
Na medida do possível.
Sua objetividade
É acompanhada de estabilidade
Para manter-se
Num nível de relacionamentos
Com esperanças, inteligência
E liberdade.
A alegria está na razão
O momento e sua emoção
A eternidade em seu coração.