RIO NEGRINHO. O delegado Gil Rafael Ribas usou a tribuna popular da Câmara de Vereadores na noite desta segunda-feira (28), para falar sobre a reforma da previdência proposta pelo Governo do Estado de Santa Catarina e cujo projeto foi protocolado esta semana na Assembleia Legislativa (Alesc). Ele explicou sobre a distinção entre os órgãos de segurança pública composta pela Polícia Militar, pela Polícia Civil, pela Polícia Penal, que é composta também pelos agentes socioeducativos e ainda o Instituto Geral de Perícias (IGP) e atribuições de cada um destes. Sobre a atuação da Polícia Civil, ele lembrou que o foco desta é a investigação criminal, visto que em uma grande maioria dos crimes, por uma série de motivos, não acontece a prisão em flagrante do autor, como nos casos de pedofilia, estelionato e extorsão, dentre outros que vem ocorrendo inclusive também de forma virtual. Ribas ainda citou os crimes contra a administração pública e os homicídios sem autoria, que demandam investigação de rua e de meios tecnológicos para que sejam responsabilizadas e presos os seus autores. Segundo o delegado, é imprescindível que no caso de crimes que envolvem recursos de natureza financeira, os valores voltem a integrar os cofres públicos ou sejam ressarcidos às vítimas. Números O delegado lembrou que a Polícia Civil também vai às ruas para o cumprimento de prisões e para a coleta de provas, ainda para recuperar materiais de crimes. Conforme ele, somente no ano passado em Santa Catarina, a Polícia Civil contabilizou 1.499 operações, com buscas e apreensão, mandados de prisão e prisões em flagrante. Entre as apreensões foram mais de cinco toneladas de maconha, mais de 150 quilos de cocaína, entre outras drogas. Em dinheiro, segundo Ribas, mais de R$ 6 milhões foram recuperados para os cofres públicos. “Foram ainda mais de 370 armas e 13 mil munições recuperadas, então é uma profissão que envolve muito risco”, apontou. Gil questionou a disparidade dada pelo governo do Estado no atendimento às polícias, ressaltando que cada uma das instituições tem grandes riscos nas atividades que exerce. “A Polícia Civil em Santa Catarina é também uma das melhores na elucidação de crimes graves, somente em homicídios o percentual supera os 70% de crimes elucidados”, disse. Segundo o delegado, a proposta de previdência sugerida pelo governo do Estado acarretará em prejuízo para todos os catarinenses a médio prazo, visto que a polícia vai envelhecer em bloco e não conseguirá dar mais retorno a comunidade. “Como que o policial civil vai conseguir desempenhar suas funções com qualidade com 55, 60, 65 anos de idade? Ele vai perder o vigor físico, enquanto que o crime não envelhece, pelo contrário, o crime se renova. Como uma polícia sexagenária vai lidar com essas pessoas?”, indagou. Outro argumento apontado por Ribas para que haja uma revisão na proposta de previdência, é o fato de que a segurança pública civil é superavitária no estado, ou seja, traz lucros ao instituto estadual de previdência, enquanto que a Polícia Militar, não inclusa na reforma sugerida pelo governador, é deficitária, segundo números apresentados pelo delegado. “Existe furo na previdência e precisa ser concertado, mas quem é superavitário não precisa pagar esse furo que não criou”, opinou. “Não entendo porque um policial vale mais que o outro, o tratamento tem que ser igual para uma ou outra polícia”, desabafou ainda Ribas, citando que até a proposta de pagamento da pensão por morte de policiais civis é inferior a pensão por porte de policiais militares. “Se um policial militar vier a falecer a pensão por morte é assegurada em 100%, enquanto que para a polícia civil a proposta é de 50% sobre a remuneração”, detalhou. “Mais hora, menos hora essa conta vai refletir na segurança dos catarinenses”, encerrou. Também na mesma sessão, a Câmara aprovou uma Moção de Apelo ao Governador de Santa Catarina, Carlos Moisés da Silva para que ele reveja as reivindicações dos policiais civis do Estado, no que se refere ao projeto de lei que prevê a reforma da previdência estadual. Promoções