RIO NEGRINHO. Circularam em grupos de WhatsApp neste final de semana várias mensagens relatando que o professor Eduardo Hulse estaria desaparecido. Buscando averiguar a veracidade da informação, a reportagem aqui do Nossas Notícias entrou em contato com diversas pessoas, conseguiu localizar seu novo endereço e foi até sua casa na tarde deste domingo (12).
Hulse leciona Educação Física e é bastante popular na cidade e região. Com suas equipes, já conquistou vários títulos, incluindo em competições de vôlei, no Moleque Bom de Bola (futebol) e Campeonato Estadual de Futsal Feminino, em 2007, além de outros.
“Pode colocar aí que quem não foi aluno, foi atleta do professor Eduardo”, declarou o profissional, que acumula 37 anos de atuação e, sendo natural de Tubarão, adotou adotou Rio Negrinho como sua segunda cidade natal.
Aos 60 anos, ele mantem a positividade e a postura simpática de sempre, mesmo quando o assunto é a queda da visão provocada pelo diabetes.
“Perdi cerca de 90% da visão no olho direito e cerca de 80% no esquerdo”, explicou, fazendo questão de frisar que está se cuidando e quer retornar à sala de aula e aos ginásios, onde por inúmeras vezes também trabalhou como árbitro de diversas modalidades.
Como tudo começou
Ele falou que foi diagnosticado com diabetes em setembro do ano passado.
“Eu tinha uma vida muito agitada, com as aulas, jogos e viagens. Tomava muito refrigerante, comia muitos lanches, tinha uma alimentação desequilibrada, porque na maioria das vezes não tinha tempo de preparar uma refeição. Sempre me dediquei muito ao trabalho e mesmo após saber que estava com a doença, acabei não cuidando da alimentação. Até que em novembro, comecei a ter dificuldade para enxergar. No dia 17 de dezembro fui a uma confraternização da escola, estava conseguindo enxergar praticamente só de um olho. Daí no dia 19, dois dias depois, já estava enxergando apenas vultos”.
Desta data em diante, Hulse contou com o auxílio de Roseli Justino, que há cerca de 10 anos trabalha com ele, nos cuidados da casa.
“Trabalhei em várias das casas que o professor morou e quando vi que estava com essa dificuldade de enxergar, passei a me dedicar aos seus cuidados”, contou ela, que prepara suas refeições (agora da forma correta), lhe dá as medicações, aplica insulina, realiza os afazeres domésticos e lhe faz companhia nos horários vagos.
Rose trabalha fora mas tem se esmerado em auxiliá-lo no que é necessário, inclusive na mudança que ocorreu neste final de semana e que contou com a ajuda de professores de Rio Negrinho e São Bento do Sul.
“Procurei uma casa para ele, aqui no Centro e também muitas vezes li as mensagens que recebeu e respondi o que me pediu. Tem chegado muitas mensagens, mas não consigo responder todas, sem contar que tem algumas que quando vejo que são mais pessoais, não continuo a ler, por respeito à sua privacidade”.
Em tratamento
Eduardo está em tratamento e relatou que amanhã irá fazer uma série de exames laboratoriais.
“No sábado vou fazer também uma consulta com oftalmologistas, em Mafra”, adiantou.
Adaptações
Acostumado à uma rotina bastante agitada, Hulse disse que precisou reprogramar sua vida. Em 2024, ele lecionou nas escolas Aurora e Lucinda e se mantinha no ritmo movimentado de todos esses anos de atuação, trabalhando muitas vezes nos três turnos e também aos finais de semana.
“Precisei parar momentaneamente e com isso hoje dou ainda mais valor para a visão e para a saúde. Essa é uma doença ‘quieta’, que vem devagar e de repente atinge a pessoa de uma forma mais forte. Alguns engordam e outros emagrecem. Eu, além de emagrecer 20 kg, que estou recuperando aos poucos, perdi a visão, de forma acentuada”.
Para frente sempre
Surpreso ao saber que mensagens o davam como desaparecido, o professor fez questão de acalmar a todos os que com ele se preocuparam nestas últimas horas.
“Fiquem tranquilos, é uma coisa que vem da doença e com o tempo vou voltar ao normal. Quero melhorar, pois tenho muito para ensinar ainda para essa criançada. Quero retornar para a escola, mas tudo no seu tempo. Estou fazendo todo o tratamento, me cuidando agora, para conseguir voltar”.
Questionado sobre se precisa de alguma ajuda, ele disse que não, pois está bem neste momento, tendo tudo o que precisa.
“Estou ficando mais forte. Quero agradecer a todos os que estão enviando mensagens e lembrar que não respondo mensagens porque não consigo ler. Também não posso dirigir ou sair sozinho, por isso não tenho circulado pela cidade. Mas não estou desaparecido, não (risos). Sei o que estou passando com a perda de visão agora, mas gosto de palavras otimistas e mudei para o Centro para ficar mais perto de tudo, pois estava morando no Vista Alegre. Agradeço também às equipes dos postos de saúde do Vista Alegre e Centro, por todos os atendimentos e encaminhamentos, e em especial à doutora Júlia, do Vista Alegre e ao doutor Milton, do Centro”, encerrou.