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Câmara aprova castração química de pedófilos e cria cadastro nacional de condenados

BRASIL. Em uma votação realizada nesta quinta-feira (12), a Câmara dos Deputados aprovou a castração química como medida punitiva cumulativa para condenados por crimes de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. A proposta foi incluída durante a análise de um projeto que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para criar um cadastro nacional de pedófilos. O texto foi aprovado com 367 votos favoráveis, 85 contrários e 14 abstenções e segue para apreciação no Senado.

Castração química: o que muda

A castração química será aplicada por meio de medicamentos que reduzem a libido, conforme regulamentação do Ministério da Saúde. A medida será imposta cumulativamente às penas já previstas no Código Penal e no ECA, respeitando contraindicações médicas. Ela não elimina a possibilidade de pena de prisão.

A aplicação da castração será restrita a crimes envolvendo violência ou exploração sexual de crianças e adolescentes, incluindo casos de estupro de vulnerável. Segundo os parlamentares que apoiaram a medida, a castração química é uma forma de reforçar a punição e prevenir reincidências.

Cadastro nacional de pedófilos

A proposta também estabelece um cadastro nacional com informações de pessoas condenadas com trânsito em julgado por crimes sexuais contra crianças e adolescentes. O sistema será administrado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e conterá dados como nome completo, CPF e fotografia dos condenados.

Essa plataforma permitirá buscas públicas, reforçando o controle social sobre os condenados e auxiliando nas investigações de crimes semelhantes.

Debate no plenário

A votação foi marcada por controvérsias. A deputada Talíria Petrone (Psol-RJ) classificou a medida como “populismo penal” e criticou a eficácia da castração química, apontando que ela não resolve o problema de violência sexual. “O abuso tem relação com poder e não apenas com libido. Castrar um homem não impede que ele encontre outras formas de violência”, afirmou.

A deputada Lídice da Mata (PSB-BA) também se posicionou contra a proposta, destacando que o estupro pode ocorrer de maneiras que não dependem da função sexual. Ela defendeu investimentos em prevenção e educação como soluções mais eficazes para enfrentar a violência sexual contra crianças.

Por outro lado, deputados como Sanderson (PL-RS) argumentaram que a medida é uma resposta necessária ao aumento de casos de pedofilia no Brasil. Ele citou países como Polônia, Indonésia e Estados Unidos, que já adotam práticas similares, e afirmou que “o ideal seria a pena de morte para pedófilos”.

Controvérsia sobre o “jabuti” legislativo

A emenda da castração química foi incluída como um destaque durante a votação do projeto principal, uma manobra criticada por algumas lideranças. A relatora, Delegada Katarina (PSD-SE), havia rejeitado a proposta para respeitar o acordo firmado no plenário, mas o destaque foi levado a votação separada e aprovado.

A deputada Adriana Accorsi (PT-GO) denunciou o desrespeito ao acordo de lideranças e questionou o mérito da inclusão. “Essa emenda não fazia parte do texto principal acordado entre os líderes partidários”, disse.

Próximos passos

O projeto segue para o Senado, onde será novamente debatido. Caso aprovado sem alterações, será encaminhado para sanção ou veto presidencial.

Especialistas e organizações de direitos humanos acompanham o tema com preocupação, alertando sobre a constitucionalidade da medida e seus possíveis impactos sobre a dignidade da pessoa humana e o sistema carcerário.

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