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Psicóloga de Rio Negrinho fala sobre como compreender e superar o luto

RIO NEGRINHO. O Dia de Finados é uma das datas marcantes deste mês. É um momento em que todos lembram e homenageiam seus entes queridos, além de ser também uma oportunidade para pensar sobre como encarar e superar o luto, já que sofremos com a partida de pessoas que foram importantes para nós.

Para promover uma reflexão sobre o assunto, a reportagem aqui do Nossas Notícias conversou com a psicóloga Camila Pscheidt, que explicou como o luto se manifesta na nossa vida e de que forma devemos trabalhar a aceitação, seja conosco ou ajudando alguém próximo. 

Ela lembrou que essa é uma experiência única, algo que todos vamos passar um dia. 

“Quando falamos sobre o luto, além de pensar sobre a morte, também podemos nos referir a grandes mudanças na nossa vida, como o término de uma relação afetiva, doenças, mudança de emprego, perda de um animal de estimação, casamento, separação, nascimento de um filho. Ou seja, envolve uma reestruturação emocional e psíquica para nos adaptarmos à uma nova realidade”, disse.

As fases do luto

Camila explicou que existem cinco fases no período de luto: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Na negação existe uma não aceitação da perda como real e acontece o isolamento como defesa.

Na raiva, o indivíduo se dá conta da perda, sentindo revolta e buscando culpados, seja em si, em quem faleceu ou no mundo. Já na barganha, ele tenta negociar ou buscar maneiras de adiar ou evitar a dor da partida. Na depressão, toma consciência sobre a realidade e sente uma tristeza e dor profunda que o prepara para a aceitação, fase onde a pessoa aceita a perda e busca recursos para elaborá-la. As fases podem ocorrer em ordens variadas e são influenciadas por aspectos culturais”, citou.

Aceitação

Conforme a especialista, a fase da aceitação não significa que a dor da perda não existe mais, mas que a pessoa consegue reorganizar sua vida, aceitando a perda como parte da sua nova realidade. Aos poucos, retoma atividades e a socialização, lembrando do ente querido com carinho, sem que isso cause sofrimento intenso.

Por que o luto é um processo tão doloroso?

“O luto envolve uma série de respostas emocionais, físicas e psicológicas. É doloroso porque o indivíduo precisa lidar com uma perda significativa, precisando se adaptar a essa nova realidade. Muitas vezes sente culpa, arrependimento, raiva, vazio e desorientação, se depara com a finitude da vida e o processo de adaptação à perda é bastante complexo”.

Como as pessoas podem lidar com a dor intensa após uma perda

A psicóloga enfatizou que em um primeiro momento, é importante vivenciar os sentimentos que vem com a perda, pois, é natural ter várias respostas emocionais após o acontecimento. 

“Sentir tristeza, raiva e desesperança são algumas situações pelas quais a pessoa em luto pode passar. É recomendável que converse com alguém de confiança e que acolha os seus sentimentos. Poder se expressar é algo de grande ajuda”. 

Algumas estratégias práticas que podem ajudar a aliviar a dor

Dentre as orientações da especialista estão buscar uma rede de apoio, falar de sua dor, buscar aos poucos retomar atividades significativas para si, cuidar da sua saúde física, da alimentação e buscar apoio psicológico.

Existe um tempo “certo” para o luto? 

“Não existe um tempo certo para o luto, pois isso é único para cada indivíduo e depende da relação das pessoas envolvidas e de como o enlutado vai sentir essa perda. A elaboração de um luto não significa a ausência da dor, pois é comum em datas especiais, mesmo com o passar do tempo, lembrar do ente querido com tristeza e saudade”.

O luto afeta cada pessoa de forma diferente

“Cada pessoa pode sentir e vivenciar o luto de uma forma única, pois, existem fatores subjetivos no processo de luto, como o tipo de vínculo e papel que a pessoa preenchia história pessoal, variáveis sociais, cultura e circunstâncias da perda”, destacou.

Segundo ela, o tipo de perda – se é uma ausência esperada ou repentina – também influenciará o modo como o enlutado passará por essa experiência.

Como o luto afeta outras áreas da vida, como o trabalho ou relacionamentos?

A profissional relatou que o luto pode influenciar na dificuldade em manter-se produtivo e motivado, pode fazer com que este indivíduo busque o isolamento e pode contribuir para a existência de conflitos familiares, pois pode existir uma pressa em ver o enlutado bem, assim como este pode sentir uma necessidade de ser compreendido nesse momento de dor.

Como ajudar uma pessoa querida que esteja passando pelo luto?

“Oferecendo suporte emocional, ou seja, ouvindo sem julgamentos e sem a necessidade de dar uma solução para o que ela está sentindo. É importante oferecer ajuda, perguntar se a pessoa precisa de algo e se mostrar empático. O luto é um processo delicado e é necessário que cada um o elabore no seu tempo”.

O que devemos evitar dizer ou fazer em relação à uma pessoa enlutada?

A especialista frisou que existem algumas falas que acabam invalidando e não acolhendo aquele que está passando pelo luto.

“São falas que muitas vezes visam tirar o sofrimento, porém, desconsideram a dor de quem está enfrentando uma perda. Frases do tipo: ‘você precisa focar em você’, ‘tudo acontece por uma razão’, ‘você precisa ser forte e seguir em frente’, ‘eu sei como você se sente’ e outras, não permitem que a pessoa expresse os sentimentos e receba o amparo necessário para aquele momento”. 

É possível transformar a dor do luto em algo positivo? 

Questionada, a psicóloga respondeu que sim.

“Mas é importante respeitar o tempo de elaboração do luto, vivenciar cada fase e sentimentos que vem dela. Tentar forçar essa elaboração, forçar uma percepção positiva, impede que o sujeito desenvolva seus próprios recursos adaptativos, impedindo que esse processo seja saudável e verdadeira. Entender ou tentar entender como o luto age em nosso corpo e em nossa mente é algo muito positivo para o nosso crescimento, percebendo que a vida ainda continua e não devemos desistir”.

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