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“Precisei recorrer ao Ministério Público de Rio Negrinho para meu filho autista ter um auxiliar em sala”, desabafa Ieda na Câmara de Vereadores

RIO NEGRINHO. Ieda de Aviz usou a Tribuna Popular na sessão da Câmara desta segunda (26), para relatar um problema não enfrentado apenas por ela, mas por muitas mães rio-negrinhenses: a falta de atendentes em unidades da Rede Municipal de Ensino, específicos para crianças que necessitam de atendimento diferenciado.

Na manhã de hoje (29), ela procurou a reportagem aqui do Nossas Notícias para também compartilhar seu desabafo.

Mãe de três filhos e avó, um de seus filhos, o Vinícius, foi diagnosticado com autismo desde os 3 anos. Atualmente com 13 anos, ele é aluno da Escola Municipal Prefeito Henrique Liebl, do bairro Jardim Hantschel.

“Desde que ele nasceu, minha vida tem sido repleta de amor, desafios, descobertas, aprendizado e muita luta para lhe garantir uma vida digna num mundo onde seus direitos sejam respeitados e cumpridos. E é exatamente por causa dessa luta que me manifestei na Câmara”, contou.

Ela enfatizou que seu desabafo representa também a luta de todas as mães de filhos autistas e com necessidades especiais, a quem se solidariza.

“Assim como eu, elas tem enfrentado frustrações no que se refere ao direito de um auxiliar em sala de aula”, argumentou, citando ainda ao direito previsto pela Lei Federal Berenice Piana (12.764/2012).

Ieda falou que precisou recorrer ao Ministério Público para assegurar ao seu filho o direito de ter o acompanhamento do profissional.

“E um dos grandes problemas, além da constante dificuldade de ter esse auxiliar, é a rotatividade, pois os auxiliares de alunos especiais são estagiários contratados pela prefeitura, que às vezes não se adaptam, ou outras vezes encerram o contrato para trabalhar em outros locais e assim dificilmente permanecem com o mesmo aluno por muito tempo”, relatou.

A mãe disse que essas constantes mudanças causam um impacto gigantesco em crianças autistas, trazendo um verdadeiro desequilíbrio emocional e psicológico, afetando sobretudo o seu rendimento escolar.

“No meu caso, felizmente, depois de tanta espera e expectativa, foi criado o cargo de Atendente Educativo no último concurso público, de 2023. Nas atribuições deste cargo constam várias funções semelhantes às do cargo de Assessor, com o acréscimo de que o Atendente Educativo também está apto a atender alunos com necessidades especiais, podendo atuar em CMEIs e escolas de Ensino Fundamental”.

A moradora enfatizou que ficou aliviada com a esperança de que finalmente seu filho teria alguém que não estaria com ele apenas por algum tempo e que não precisaria mais se preocupar em garantir que realmente houvesse um auxiliar depois de cada final de ano ou encerramento de contrato.

“Mas essa esperança logo se desfez quando fui informada de que estes atendentes seriam contratados apenas para os Centros Municipais de Educação Infantil. Entendo que se esta vaga tem a função de atender aos CMEIs e as EMEBs, por que então estão sendo destinadas apenas para substituir os assessores contratados das creches?”, indagou.

“Quando fiz a mesma pergunta à Secretaria de Educação, me responderam que é por falta de verbas e por receio de futuramente não haver demanda. Com todo o respeito aos senhores, não acredito que seja por falta de verbas e sim por falta de interesse e de um olhar mais cuidadoso com a imensa necessidade de apoio pedagógico que nossos filhos especiais precisam diariamente”, frisou.

A mãe do menino ainda questionou se vereadores e público da sessão da Câmara realmente acreditam na possibilidade de futuramente não haver demanda para atendimento à crianças especiais.

“Infelizmente todos os números, em todas as pesquisas, dizem exatamente o contrário. Para conhecimento, somente na escola onde meu filho estuda, há cerca de 45 alunos com algum tipo de laudo e vários alunos com autismo, deficiência física e intelectual que iniciaram o ano sem nenhum auxiliar em sala”.

“Temos o cargo, temos os atendentes, temos os recursos. O que ainda não temos? Alguém que realmente se importe e nos ajude nessa luta. Espero sinceramente que esta ajuda esteja aqui na Câmara e que com esse passo possamos assegurar o direito de nossas crianças a uma educação verdadeiramente inclusiva e de qualidade”, finalizou.

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