RIO NEGRINHO. Realizada no auditório da Associação Empresarial de Rio Negrinho (Acirne) na noite desta terça-feira (12), a prestação de contas e apresentação do resultado dos estudos promovidos pelo Núcleo Contra Enchentes, através de uma parceria com a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), apontou também para uma outra questão que envolve diretamente o atendimento as pessoas que moram em áreas ribeirinhas na eminência de cheias do rio Negrinho, que foi a estruturação da Defesa Civil municipal.
Além dessa e de várias outras ações, foi destaque na reunião a sugestão da construção de um túnel, nas proximidades da confluência do rio Negro com o rio Negrinho, que conforme uma simulação realizada pela equipe da Udesc, traria um efeito praticamente nulo com relação as cheias que afetam o município.
Outro ponto que atraiu bastante atenção foi a construção de um Plano de Contingência específico para o comércio.
A realização dos estudos partiu do Núcleo e a contratação da equipe da universidade só foi possível graças ao apoio da Cahdam Volta Grande, Sólida e Zipperer Contabilidade.
A reportagem aqui do Nossas Notícias acompanhou o encontro no local.
Defesa Civil estruturada
A coordenadora do Núcleo, Patrícia Berkenbrock Valandro, destacou que nem ela nem os demais integrantes do grupo tem a intenção de desmerecer os profissionais que já atuaram e os que atuam na pasta, mas lamentou que os cargos ocupados ainda sejam apenas comissionados.
Ela lembrou que nos últimos tempos a Defesa Civil mudou de coordenação algumas vezes, motivo que segundo ela, impede que haja, por parte do órgão, uma continuidade nas ações.
“Os dados (das enchentes) precisam ser armazenados, precisa haver uma continuidade para que as coisas aconteçam”, comentou, lembrando que as cheias de maior proporção já trouxeram muitos transtornos para o município em 1983, 1992, 2014, e mais recentemente em 2023.
“O prédio da Defesa Civil está lá, com a obra parada”, falou, referindo-se a construção da sede do órgão.
Patrícia, juntamente com os demais integrantes do Núcleo, também defendeu a tese de que o município precisa unir forças para a criação de um cargo de coordenador da Defesa Civil, através de concurso público.
“Que seja um cargo concursado, que tenha uma pessoa lá que tenha um olhar, que possa armazenar, que possa futuramente, controlar e ajudar a fazer as medições e outros trabalhos necessários. Uma cidade como a nossa e ainda não se tem essa Defesa Civil estabelecida. Cadê a continuidade do trabalho que nós precisamos?”.
O presidente da Acirne, Luiz Cláudio Zilli Bacic, também reforçou a importância de uma melhor estruturação da Defesa Civil a partir da criação de cargos para que servidores efetivos atuem junto ao órgão.
O pleito, informou, já foi apresentado para a administração, que se comprometeu a estudar o assunto.
“Foi uma promessa e eu acho que agora vamos ter, mas eu vou precisar muito da ajuda de vocês”, disse, reforçando o pedido de apoio aos vereadores presentes, que foram Dido, Ketty Schroeder e Andy Castro.
“Eu acho que temos que cobrar realmente e fazer, não deixar passar, não podemos esperar”, encerrou.
Pesquisa detalhada
Conforme o professor Leonardo Monteiro, especialista em desastres naturais que conduziu o estudo realizado desde dezembro de 2021, os resultados do trabalho em breve estarão disponíveis, de forma completa, no site da Acirne.
Juntamente com sua equipe, ele apresentou muitos dados e detalhes das pesquisas realizadas em campo e também com a população, incluindo comerciantes.
Atenção ao comércio
De acordo com o especialista, uma sugestão levantada pelos lojistas estabelecidos nas áreas próximas ao rio Negrinho, na área central, foi a instalação de contêineres para armazenar mercadorias de forma mais rápida em caso de probabilidade de cheias.
Outra ação voltada ao comércio é um Plano de Contingência individual para os estabelecimentos que ficam em área de risco, para que tanto esses comerciantes quanto seus colaboradores tenham uma ideia do que fazer em uma situação de eventuais cheias.
Mais ações
Ainda durante a apresentação dos resultados dos estudos da Udesc, foram citados os quatro eixos que podem contribuir de maneira significativa para amenizar o impacto das cheias para a população que reside em áreas ribeirinhas do município.
Segundo Monteiro, um deles trata da disponibilização, nas próximas semanas, de mapas de inundação do município, a partir dos quais cada cidadão poderá identificar se o local onde mora ou tem comércio está com risco de inundação.
Por fim, a apresentação também trouxe o resultado das medições realizadas no rio Negrinho em diferentes períodos climáticos, envolvendo desde épocas mais secas, até as com maior incidência de chuva.
Patrícia Berkenbrock frisou que a intenção do núcleo é disponibilizar, nos próximos dias, esses dados também para a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), uma vez que grande parte dos interessados são justamente os comerciantes da área central, que é de risco de cheias.