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Rio Negrinho: após decisão judicial referente à caso de  ameaça e porte ilegal de arma, vereador Piska renuncia mandato 


RIO NEGRINHO. O pronunciamento de renúncia realizado pelo vereador Arlindo André da Cruz, o Piska, na sessão desta segunda-feira (02), surpreendeu a comunidade. Ele será substituído por seu suplente, Roberto Albuquerque, que foi vice-prefeito na gestão de Júlio Ronconi. 

Durante a reunião, Piska leu o ofício judicial que informou à Comissão de Ética da Câmara que em 20 de agosto o Ministério Público já havia notificado a presidência do Legislativo sobre sua condenação penal por ameaça e porte ilegal de arma de fogo, ocorridos em julho de 2021. O comunicado oficial solicitou a perda do mandato do vereador. 

Piska também leu o parecer da Comissão de Ética – da qual até então fazia parte junto com Kbelo e Maneco – acatando o pedido do MP. 

Em seu pronunciamento, ele disse que poderia recorrer da decisão judicial e continuar no cargo, porém lembrou que na época da ocorrência em que ameaçou o atual companheiro de sua ex-esposa, o vereador Kbelo tomou a iniciativa de pedir na Câmara a cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar. Na ocasião, Piska  solicitou que os colegas aguardassem a manifestação final da justiça (o que de fato aconteceu, já que por maioria, o requerimento de Kbelo foi rejeitado e Piska continuou no cargo até então).

“Como tinha falado para vocês e sou um homem honrado, tenho lisura, transparência, … estou pedindo a renúncia para que meu suplente assuma”. 

Ele agradeceu aos colegas que o apoiaram e também à comunidade, que por três vezes o elegeu vereador. 

Relembre o caso 

Publicada em 2 de novembro de 2023, uma sentença  do juiz Rodrigo Clímaco José condenou  Piska a cumprir em regime inicial aberto uma pena de 2 anos de reclusão e 1 ano de detenção pelos crimes de ameaça e porte ilegal de arma de fogo. 

Na decisão,  o magistrado destacou que concedeu o direito de liberdade à Cruz porque ele já estava nesta condição no decorrer do processo. 

Piska foi preso em flagrante na noite de 10 de julho de 2021, acusado de ter ameaçado Sanderlei Vieira, atual companheiro de sua ex-esposa. Na ocasião, a PM foi acionada e com o parlamentar também foi encontrada uma arma de fogo. 

O que diz o vereador

Em 10 de novembro do ano passado – cerca de uma semana após a decisão judicial – a reportagem aqui do Nossas Notícias entrevistou Piska. Na ocasião, ele garantiu considerar a sentença justa e admitiu o erro. 

“Ficou tudo certo. Acredito na Justiça, errei e tenho que pagar. Mas não é dentro da Câmara, como alguns vereadores queriam. Contei para a Justiça o que fiz, a Justiça me condenou e estou aí para cumprir. Essa decisão mostra que lei tem que ter pra todos e não é porque estou no meio político que tenho que ser poupado. Estou ciente, tranquilo e parabenizo o Poder Judiciário porque é desta forma que tem que ser. Continuo de cabeça erguida, vou pagar pelos meus erros e a comunidade me conhece, todos sabem que jamais vou esconder a verdade”.

Questionado sobre se sentia arrependimento pelo que aconteceu e sobre sua relação com Sanderlei, Piska disse que reconhecia que estava de cabeça quente mas garantiu que isso agora é passado.

“Vou tocar a minha vida. É cada um seguir seu caminho e tudo certo”.

O que diz o processo 

Conforme os autos, na data dos fatos, Piska primeiramente ameaçou Sanderlei por palavras, áudios e vídeo, via WhatsApp, dizendo-lhe: 

“você vai me matar ou te mando pro inferno”; “nós vamos se arrebentar tudo”; “me pule sozinho se você é homem, se você for homem, cara, me chame sozinho”; “só me chame, só eu e você, quero te dar uma campina de pau, seu vagabundo, quero te mostrar como é que bate em gente”; “amanhã eu tô ali, major, não pense que vai ficar assim viu”. 

Depois disso, ele foi até a casa de Vieira, no bairro Vila Nova, onde ele mora com a ex-esposa e a filha do vereador  e em frente ao portão, gravou um vídeo dizendo: 

“filho da p…, vagabundo, você não é o cara, vem aqui seu filho da p…”.

Piska ainda encaminhou à ele uma foto onde segurava uma arma de fogo. 

Depois, por volta das 20h, em frente à um estabelecimento próximo à casa de Sanderlei, Piska foi abordado por policiais militares que haviam sido acionados para atender a ocorrência. 

Ele estava dormindo em um Fiat Palio branco, em estado de embriaguez e no banco do carona do veículo foi encontrado um revólver, sem marca de fabricação e modelos aparentes, com seis munições de calibre .38., intactas, razão pela qual ele foi preso em flagrante e levado à Delegacia de São Bento do Sul, onde após algumas horas de espera por decisão judicial, foi liberado depois do pagamento de  fiança. 

A defesa do vereador alegou que ele agiu por estar nos limites de suas ações com Sanderlei e porque estava embriagado. 

O que disse Sanderlei 

À justiça ele relatou que Piska o ameaçava desde 2019 e que depois do dia 10 de julho, não aconteceu mais nada. 

O que disse Piska à Justiça sobre a arma 

Sobre o revólver, ele falou que possuía há mais de 18 anos, que teria sido entregue por um caminhoneiro e que não costumava andar armado.

Condenado em regime aberto, vereador Piska poderá recorrer de sentença judicial sobre caso de ameaça e porte ilegal de arma de fogo em Rio Negrinho; confira o que ele diz

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