RIO NEGRINHO. Seguidora aqui do Nossas Notícias entrou em contato com nossa reportagem para relatar um episódio pelo qual passou neste final de semana na área central, onde passeava com os filhos.
Segundo informou, neste domingo (07), como de costume, ela os levou para brincar no parquinho.
“Sou mãe de três crianças: dois meninos, de 11 e 8 anos e uma menina de 3. Estava tudo bem apesar das dificuldades que já vivenciamos no dia a dia, pois nosso filho de 8 anos foi diagnosticado com TEA (autismo), TDAH (déficit de atenção) e TOD (Transtorno Desafiador de Oposição). Apesar de tudo, queremos que nossos filhos tenham uma vida normal, como qualquer outra criança, por isso levamos eles desde muito pequenos em todos lugares”, explicou.
A mulher comentou também que no autismo, o maior desafio é justamente a socialização.
“Mas nosso filho adora brincar com outras crianças, por isso sempre pede para passear. Ontem não foi diferente nesse sentido mas infelizmente foi diferente em outro. As crianças estavam brincando e logo começaram uma ‘guerrinha de areia’. Por mais que a gente fale que não é uma brincadeira legal, eles acabam fazendo, afinal são crianças”, relatou.
Ela disse que seu filho jogou areia em uma criança, cujo pai viu e não gostou.
“Para mim é coisa de criança, já aconteceu com os meus filhos e não fui brigar com ninguém. Não cheguei a ver a cena desde o início porque estava olhando a minha menina pequena e como estava cheio, às vezes um sai das nossas vistas. Só vi quando meu filho autista chegou correndo e me falou que iria no banheiro público”.
Nesse momento ela relatou que seu filho mais velho chegou e disse que iria acompanhar o menor.
“Então, num piscar de olhos vi um homem com um cachorro da raça rottweiler correndo e gritando com um menino. Foi quando meu filho mais velho voltou correndo e disse que esse homem com o cachorro estava correndo atrás do meu filho do meio, que tem os vários transtornos que falei. Corri atrás do meu filho e quando consegui ver, ele já tinha dado a volta por trás das lanchonetes da Vila Gastronômica, mas não consegui segurá-lo; ele continuou correndo com muito medo do homem”, contou.
Nesse momento, ela falou que o homem lhe disse que seu menino teria que pedir desculpas para o filho dele, pois a criança estava chorando por causa da areia jogada durante a brincadeira.
“Entendo perfeitamente que temos que educar os filhos a se desculpar pelos seus atos. Mas o que ele fez com meu filho, correndo atrás dele com um animal daquele porte para amedrontrá-ló, isso não se faz. Estava lotado de pessoas no parque e elas assistiram tudo”, garantiu.
Conforme a seguidora, foi preciso mais de meia hora para que ela conseguisse chegar perto do filho para começar a acalmá-lo.
“Isso de tão apavorado que estava! E se ele corresse para o meio da rua e fosse atropelado? E se o homem solta aquele animal que nem deveria poder entrar em um parque infantil? Para a gente que é mãe, assistir uma atrocidade dessa é muito triste e revoltante. Para quem tem filhos dentro do que se diz ‘normalidade’ já é difícil, imagina para um pai e uma mãe que tem um filho com desafios como o nosso”, frisou.
A questão da socialização também foi um ponto abordado por ela.
“Aí nós temos que levar nossos filhos autistas para fazer terapias, para poder ‘socializar’, para conseguir ‘viver em sociedade’. Eu me pergunto se um homem daquele tamanho já aprendeu o que é socializar! Gostaria de ter conversado mais com aquele pai e aquela mãe que estavam ‘defendendo’ seu filho, mas não tive oportunidade, porque tive que tentar conter meu menino para uma coisa pior não acontecer. E quando meu marido chegou para conversar com esse homem e sua esposa, eles simplesmente foram embora”.
“Sei que todos temos direito de ir e vir, mas na minha opinião, um homem que usando um rottweiler tenta defender seu filho de uma brincadeira de criança, não entendeu nada ainda e creio que ele quis se prevalecer por causa do cão. Não estou chateada só porque é meu filho, que tem suas diferenças, mas poderia ser com qualquer criança”, lamentou.
Ela finalizou reiterando que acredita que nada justifica uma adulto sair correndo atrás de uma criança, com um cão, para resolver qualquer assunto que seja.
“Estamos muito abalados com tudo que aconteceu, nos sentindo impotentes como seres humanos. Tentamos educar nossos filhos com os melhores valores, sem fazer distinção entre as pessoas e suas classes sociais. Mas quando nos deparamos com uma atrocidade desta, a sensação é de impotência. Espero que esta pessoa coloque sua mão na consciência pelo seu ato e reflita sobre o exemplo que vai deixar ao seu filho, pois respeito não se impõe”.