RIO NEGRINHO. A reportagem aqui do Nossas Notícias, conversou nesta quinta-feira (15), com Iolita Zanchetta, mãe de Elias Mariozam Martendal, de 32 anos, condenado em Júri Popular a 20 anos, 7 meses e 15 dias de prisão em regime fechado. O julgamento começou às 08h30 e foi até por volta das 21h, na Câmara de Vereadores.
Elias era o motorista de um Punto que em 19 de dezembro de 2021 seguia sentido Mafra para Rio Negrinho e que acabou colidindo com uma EcoSport que seguia em sentido contrário. Ele estava embriagado e na batida acabou matando a pequena Alícia Bindemann Carini, de 5 anos, que estava na EcoSport com a mãe, o padrasto e outras duas crianças. Fernando de Albuquerque, de 34 anos, que era carona do Punto, também faleceu.
Sobre o juri, Iolita diz ter sido uma situação horrível, a qual nunca tinha passado antes.
“Até então nunca tinha tido alguém da família que tivesse passado por algum tipo de ocorrência policial”.
Questionada sobre como ficou sabendo do acidente, ela respondeu que foi por um de seus filhos, mas somente horas depois da colisão. Elias foi detido no mesmo dia e em pouco mais de 24 horas encaminhado ao presídio de Mafra.
“O meu filho do meio, mora perto da minha casa. Eu vi que ele saiu pelas 10h30, só que eles não me falaram nada. De tardinha ele e meus outros filhos chegaram na minha casa, o que era costume deles. Mas de repente começaram a falar. Meu Deus! Aí eu comecei a chorar e fui para o quarto. Pensei na minha família, no sofrimento dele, nas famílias que se envolveram também. Eu só chorava e rezava”, relata, lembrando que naquele dia Alícia já havia falecido mas Fernando ainda estava no hospital.
A mãe também disse que desde o momento que o filho foi preso, nunca chegou a visitá-lo dentro do presídio (seus olhos se encheram d’água neste momento e ela não explicou o motivo, mesmo com nossa pergunta). Porém, comentou que já foi até Mafra e ficou do lado de fora da prisão.
“Uma vez ele saiu na janelinha e ficou dando ‘tchauzinho'”, lembrou.
“Um dia eu conversei com um dos meus filhos sobre isso (a visita) e ele falou que o Elias disse que se eu quisesse, poderia ir, mas que cadeia não é lugar para mãe ver um filho”.
O contato mais próximo entre os dois acontece por chamada de vídeo ou cartas. Questionada sobre como se sentia no momento do júri, pelas mortes e pela prisão do filho, ela falou sobre sua dor.
“Estou sofrendo e também penso nas outras famílias. A quantia de tristeza que a gente passou … ninguém quer uma coisa dessas. Sinto bastante por todas essas pessoas”.
Sobre a futura saída de Elias da prisão, a mãe diz que o que ele tem que fazer é trabalhar.
“Vai ter que trabalhar e fazer o que ele sempre buscou, que é ajudar o filho dele, para quem sempre deu muita atenção”, falou ainda ela, que tem outros três filhos, todos já maiores de idade.
“São quatro rapazes no total, o Elias é o segundo”.
Ainda segundo a mãe, dentro do presídio Elias já fez curso de corte e costura, estudou e está fazendo faculdade (ele cursa Recursos Humanos).
“Ele cozinha para os outros agentes. Adoram o menino, porque ele é uma pessoa boa, com um coração enorme”, comentou.
Iolita citou ainda que o filho de Elias vai fazer 5 anos, mas na época do acidente já estava separado da mãe da criança.
“Eu não sei se a mãe do meu neto contou o que aconteceu. O Elias ficou um bom tempo sem ver o piá, mas agora eles conversam por chamada de vídeo também. No começo o menino nem reconheceu o pai, porque o Elias era barbudo, mas agora está careca e sem barba. Quando o viu pela primeira vez, o menino disse assim: ‘não é o papai, não é o papai'”.