RIO NEGRINHO. “Vivi hoje (26), um dos piores sentimentos que uma mãe pode experimentar”, relatou Luane Mayele Sau à reportagem aqui do Nossas Notícias na tarde deste sábado.
Ela procurou nosso portal para descrever a situação, alertar a comunidade e principalmente pedir mais respeito para com todas as crianças, incluindo as que precisam de atenção especial.
Luane é mãe de um menino autista, que faz terapias na APAE e frequenta regularmente o neuropediatra. Ele também toma medicações controladas.
“Levei ele para brincar na área infantil de um estabelecimento da cidade. Meu filho estava subindo em um brinquedo e havia uma menina em sua frente. Ele deu uma leve empurrada nela para que subisse mais rápido, acredito eu. Foi quando o pai dessa menina veio até o brinquedo, ‘dando de dedo’ no pequeno e alterou o tom de voz com meu filho. Ele falou: ‘toda vez que eu saio, tem um moleque desse tipo chato'”.
“Ele também falou: ‘ei, moleque, pare de ficar empurrando a minha filha’.
Porém eu estava sentada de frente para o brinquedo, observando tudo, para intervir caso precisasse. Os autistas têm uma agitação maior do que o comum, se comparado com as crianças que não tem esse diagnóstico.
Mas em nenhum momento ele agrediu ou tratou com indiferença alguma criança. Meu filho tem dificuldades para compreender certas situações, como exemplo: aguardar a vez do colega ir brincar. Precisa explicar para ele entender e aceitar. Mas por outro lado, ele também tem consciência dos limites e sabe respeitá-los, justamente porque recebe todo acompanhamento profissional necessário e porque trabalhamos essas questões com ele em casa também”.
Luane relatou que como estava acompanhando a situação, ficou bastante surpresa e impactada com a reação do pai da outra criança.
“Em nenhum momento algum meu filho foi agressivo com a menina. Na mesma hora que o pai dela começou a gritar com ele, levantei e lhe expliquei que é autista. Mesmo assim, ele se exaltou mais ainda, falando palavras pesadas, mencionando: ‘então vocês cuidem desse moleque’. Por inúmeras vezes repetiu o termo ‘moleque chato’. Daí, depois, em um certo momento, pediu desculpas, dizendo que não sabia. Porém não justifica, pois não importa se a criança tem ou não alguma deficiência. Jamais deve se tratar qualquer pessoa da maneira como ele fez”.
Ela disse ainda que várias pessoas, incluindo pais, mães e outras crianças, assistiram a situação.
“Mas ninguém fez nada. Ficaram filmando, fazendo fotos… Doeu muito no peito, chegou arder. Jamais desejo isso a criança ou familiar algum. O que aconteceu é que meu filho sofreu preconceito e falta de inclusão”, destacou, informando que registrou um Boletim de Ocorrência contra o cidadão. Ela também lembrou que existem leis que garantem igualdade para autistas e crianças especiais.
“Quando se trata de nosso filhos, viramos leoas. Queria ter chamado a polícia, mas na hora mas estava sem celular e fiquei muito nervosa”.
Luane enfatizou que está divulgando a situação para sensibilizar a sociedade.
“Participo da Amar, a Associação de Mães, Pais e Amigos dos Autistas de Rio Negrinho. É um projeto coordenado pela Adriana Oliveira. Então sabemos como é importante orientar a população, inclusive de se conscientizar as pessoas”.
Para ela, este sábado não foi um dia como o que esperava quando saiu de casa para ter um momento de lazer com o filho.
“Esse ‘homem’ abalou meu psicológico e o dia de brincadeira do meu filho e das demais crianças que estavam ali presentes. Ele precisa saber o quão errado estava. As pessoas precisam ter ciência disso e não fazer o mesmo para outras crianças, sendo elas deficientes ou não. Nós, mães, pais e familiares de deficientes, não podemos deixar nossas crianças trancadas em casa para evitar esse tipo de situação. Todas as crianças, incluindo também as especiais, precisam de interação social e aceitação da sociedade, independente de alguma deficiência que possam ter”, finalizou.