SANTA CATARINA. Mais de 3 mil adolescentes com até 19 anos foram mães até outubro deste ano; o mesmo valendo para os jovens que se tornaram pais.
De acordo com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive), até esta data, a região do Planalto Norte e Nordeste do estado lideraram as estatísticas da gravidez na adolescência, com 1068 jovens grávidas.
Na sequência vem a região da Grande Florianópolis, com 734, seguida pelo Vale do Itajaí, com 699 e o Grande Oeste, com 692. Somando todas as regiões, são 3.193 .
Em Rio Negrinho, conforme a prefeitura, até o momento são 12 as adolescentes grávidas que realizam pré natal nos postos de saúde.
O assunto é delicado – envolve as futuras mamães, os futuros papais e avós – e em grande parte das vezes acarreta em muitos atritos.
Porém, o psicólogo Lincol Drosdek destaca que é possível que todos os envolvidos passem por essa fase de forma mais racional, focando principalmente em proporcionar que a criança que está para nascer possa chegar em um ambiente emocionalmente saudável.
“A gravidez na adolescência é extremamente desafiadora. Se aconteceu, não é hora de remoer o que houve, mas de focar nesta vida que está por vir, voltando todas as energias para a saúde e bem estar de todos os envolvidos”, apontou.
O especialista também destacou que a gravidez na adolescência envolve diretamente três vidas: da mãe, do pai e do bebê.
“Por isso, é de suma importância que esta tríade esteja formada para a saúde física e emocional de todo o sistema familiar”.
Outra situação é quando as mães principalmente abandonam a escola, o que não é em nada aconselhado pelo especialista.
“Além de todo o cuidado físico e emocional, é imprescindível que a jovem não abandone seus estudos, pois sabemos que manter-se firme também na escola, proporcionará um melhor direcionamento profissional, o que de forma direta, auxiliará a própria criança que se beneficiará de uma lar em que os pais tem um trabalho, uma fonte de renda”.
Em casos onde os jovens estão em vulnerabilidade social, é de suma importância que recorram à rede de atendimento do município.
“Geralmente, podem buscar o CRAS, que direciona para os devidos locais, onde principalmente a mãe poderá ser acompanhada por inúmeros profissionais”.
Diante de tantos desafios que surgem durante a gravidez na adolescência não é incomum que para as jovens mães o aborto seja apresentado como uma saída. Nesses momentos, o fundamental é a força e a paciência.
“A adolescente deve tomar um extremo cuidado com atitudes impulsivas, pois aborto, por exemplo, num primeiro momento pode parecer a ‘melhor solução’, mas pode oferecer riscos físicos e de maneira mais profunda, sérios danos emocionais”, considerou Drosdek.
“Na hora do desespero, passam muitas coisas pela cabeça e o arrependimento por tirar uma vida, sem dúvidas será amargo”.
O especialista ainda aconselhou os pais, em especial os de menina, enfatizando que eles precisam acolher a filha e também o futuro pai do bebê.
“No momento em que a notícia de uma gravidez é dada, não é mais ocasião para brigas, conflitos ou algo assim, pois não irá reverter a situação”.
“Entrar em contato com os pais do futuro pai do bebê é importante, para que juntos possam resolver da melhor maneira possível tal questão”.
Porém, isso não significa eximir os jovens pais da responsabilidade que terão.
“Depois de um tempo, com mais tranquilidade, conversa-se com os futuros pais acerca do que aconteceu. Chamando a atenção principalmente para a questão da responsabilidade e até mesmo da imaturidade pelo que aconteceu. Mas repito: da melhor maneira possível, pois o ódio e a irritação gerarão revoltas e desentendimentos”.
Maturidade de todos os lados
Drosdek citou ainda que os pais devem contribuir para que os filhos amadureçam com a situação, assumindo suas responsabilidades com os cuidados com o bebê.
“É preciso possibilitar que os filhos arquem com as consequências do que aconteceu, sob a supervisão de quem é mais experiente”.
Ele finalizou frisando que é preciso manter uma postura diferenciada diante de situações desafiadoras.
“A paz começa sempre conosco. Então, é sempre importante perguntar-se: o que posso fazer por isto agora? Esta frase auxiliará e norteará os futuros avós a lidar com as situações com maestria e sem entrarem no desespero juntos aos filhos, que agora serão pais”.