SÃO BENTO DO SUL . A reversão de uma tendência de queda nos números de casos confirmados e de hospitalizações nesta última semana em São Bento do Sul já começam a chamar a atenção da Secretaria de Saúde para a disseminação da variante delta no município. O assunto foi debatido durante a reunião desta quinta-feira (19), do comitê de crise para enfrentamento da Covid-19.
Gráficos tanto da Central de Monitoramento quanto de atendimentos do Hospital e Maternidade Sagrada Família apontam para uma alta, após pelo menos quatro semanas de queda nos números relacionados à pandemia. Para a médica responsável pelo monitoramento, Andréa Duvoisin, os números da próxima semana podem ser decisivos para se estabelecer o início de uma nova onda de casos.
De acordo com a médica, a principal questão relacionada à delta é justamente seu alto poder de contaminação se comparada à variante alfa, ou P.1., como ficou conhecida a cepa de Manaus. No caso da alfa, a taxa de transmissão era de aproximadamente 2 e no caso da delta, é de 4,5. Por conta disso, e pelo fato da delta já ser a variante predominante em diversos países e começa a se alastrar também no Brasil, as equipes de saúde pedem que a população não relaxe nos cuidados.
Conforme a secretária de Saúde, Carmen Binotto, o momento ainda exige cautela e todos os cuidados como o uso de máscaras, higiene das mãos e o distanciamento social devem ser mantidos a fim de se evitar uma aceleração nos casos. Ela ainda pede que a população não deixe de se vacinar.
“Até esta quinta-feira, 75,33% da população vacinável do município havia tomado a primeira dose, e 27,6% está com o esquema vacinal completo, seja de segunda dose ou com dose única”, disse.
Na Central de Covid, onde também vinha sendo registrada redução nos atendimentos ao longo das últimas semanas, nesta última a situação já começou a dar sinais de mudança, com a estagnação nos números. São cerca de 70 pacientes ao dia procurando a unidade da Vila 1º de Maio.
“Mas vamos lembrar que é um centro para pacientes com síndromes gripais. Nem todos são Covid”, pondera.
Segundo a secretária, entre tantas preocupações, uma delas é que o público mais jovem, as faixas etárias próximas aos 20 anos de idade, não têm procurado a vacina. Carmen lembra da importância da imunização, não só para a própria pessoa, mas também para evitar que o vírus se alastre com mais facilidade e rapidez no município.
A delta: Ainda em relação à variante delta, a médica Andréa Duvoisin cita estudos recentes que mostram aumentos de casos nos Estados Unidos entre pessoas não vacinadas, superlotando hospitais em algumas regiões do país. Também em Israel, onde 80% da população já foi imunizada, o país prepara a aplicação de uma terceira dose da Pfizer devido ao rápido avanço da variante. Outros países como Inglaterra e Espanha também enfrentam agora novos picos de contágio.
Conforme a secretária Carmen Binotto, como já existe confirmação da variante delta em São Bento do Sul, sabe-se que os casos a partir dela também devem começar a aparecer com maior intensidade a partir das próximas semanas. A alta na taxa de ocupação dos leitos de enfermaria do Hospital e Maternidade Sagrada Família, para ela, já começa a ser um indicativo.
De acordo com dados do hospital apresentados na reunião desta quinta-feira, atualmente são nove os pacientes internados em leitos de enfermaria com Covid-19, sendo oito de São Bento do Sul e um de outra cidade. Na UTI são dois com Covid-19 e oito com diferentes patologias.
“Esta é uma característica da delta. Ela gera muito mais pacientes de enfermaria do que de UTI”, explicou a secretária, comparando os números atuais com os da semana passada, quando eram apenas três pacientes internados com Covid-19 na enfermaria.
“Se acompanhamos outros estados e países poderemos caminhar para um novo pico devido à delta”, alerta a responsável pelo monitoramento.
Outro assunto tratado na reunião foi a Feistock, feira de móveis e decorações, que ocorreu no final de semana passado. Agora, como se tratava de um evento-teste avaliado pelo governo estadual, todos os números da região serão acompanhados.
Carmen destacou que a feira seguiu todos os protocolos de segurança, foi fiscalizada por vigilâncias sanitárias do município e do Estado, e mesmo podendo receber simultaneamente até 3 mil pessoas na Promosul, devido à área física do pavilhão, este número não chegou a ser alcançado.
“Eles fizeram tudo certinho, mas a gente sabe que um evento deste porte, mesmo com tudo perfeito, podem ocorrer casos a partir da feira”, disse.
O comitê se reúne novamente na próxima quinta-feira (26).