RIO NEGRINHO. Uma das pautas de discussão na cidade há muito vem sendo a questão da geração de empregos. Com a pandemia, em alguns setores o quadro se agravou; já em outros houve um impulsionamento positivo até mesmo inesperado. De qualquer forma a discussão continua em pauta, a economia já não é mais a mesma e muito menos continuará sendo. E nesse contexto, o mundo do trabalho como um todo também se transforma para um “novo normal”. Em tal cenário, o que podem fazer e esperar as pessoas que estão procurando emprego – seja a primeira oportunidade, mais uma oportunidade de várias e ainda que expectativas pode ter quem pensa em trocar de emprego ou de carreira nesse momento desafiador? Pensando nessas e em questões gerais relacionadas ao tema, damos sequência a nossa série “Crises, empregabilidade e oportunidades”, com essa terceira reportagem, com Patrícia Anton, coordenadora do Núcleo de Gestores Recursos Humanos da Associação Empresarial (Acirne). Ela destacou que entende que ainda não possível mensurar a real expansão dos danos causados pelo Covid-19, mas que é certo que a crise custará milhões de empregos. “As perspectivas são de que alguns setores possam escapar com perdas mínimas. Mas de forma geral, a paralisação da economia gerada pela pandemia pode erradicar quase 25 milhões de empregos em todo o mundo, conforme a Organização Internacional do Trabalho (OIT)”. Para ela, o desemprego hoje é uma realidade, porém a crise vem para acelerar os processos de transformação, seja no dia a dia, na sociedade ou na vida das pessoas. “Estamos em pleno processo de transformação no mercado de trabalho”, enfatizou. O momento, portanto, é para uma mudança de pensamento e postura. “Mas tem muitas pessoas que não se deram conta dessa necessidade de mudança. Temos muitos exemplos positivos, empresas que se adaptaram ao sistema home office, que se adequaram para não precisar demitir. Mas ao meu ver percebo que as pessoas estão mais esperando voltar ao normal, do que se adaptar ao momento para superá-lo. E agora é o momento de buscar aperfeiçoamento em suas áreas, se reavaliar, se requalificar”. Para Patrícia, a questão da geração de empregos passa por uma grande problemática, que é a da falta de qualificação por parte dos candidatos. “Percebo muitas pessoas reclamando que não tem emprego, que não conseguem recolocação no mercado. Mas quando vai se avaliar, este candidato tem 15 registros na carteira, de no máximo 6 meses em cada empresa. Além disso, em muitos casos tem candidatos que há mais de 10 anos que não buscam nenhuma qualificação”. A especialista frisou que hoje existem inúmeras possibilidades de qualificação. “São inúmeros cursos gratuitos que Sesi, Senai, Senac, etc… ofertam; ,muitos deles na modalidade online e 100% gratuito”. Recuperação do emprego vai acontecer Patrícia falou também que acredita que a recuperação do emprego vai ocorrer, mesmo que de forma lenta e gradual. “O que é importante levar em conta é que essa retomada do emprego será diferente, terá uma nova redefinição. Na minha opinião teremos dois caminhos: possibilidades maiores de cargos porque o profissional se tornou mais capacitado e a migração para áreas que tenham maior demanda”. Experiência do profissional Diante da revolução que se aproxima, ela destacou a importância da experiência profissional. “A experiência do profissional ainda mantém grande importância? Ela basta? É a principal ferramenta para sobreviver a este cenário de transformação? Sim, a experiência profissional é extremamente importante. Mas, isoladamente, não é mais suficiente. Ao meu ver, esse empregado experiente deve imediatamente ampliar a sua visão para além das paredes da empresa. Ele precisa enxergar o cenário externo, que é competitivo, em constante mudança, com várias ações da concorrência. Ou seja, deve ele conhecer novas tecnologias e buscar uma boa capacitação e conhecimento técnico”. E como será o mercado de trabalho do futuro? “Não é matemática exata, mas já é possível perceber novas demandas profissionais, já que as transformações estão ocorrendo muito rapidamente. Percebo que não há uma resposta, só o futuro dirá, porém a dinâmica do mercado muda rápido e ao meu ver há sim profissões que vão desaparecer. Assim, a formação passa a ser um adendo da carreira profissional. Exemplo: um engenheiro que abre um carrinho de lanches ou muda para área de finanças. O certo é que o redirecionamento da carreira já ocorre, o que talvez em função do que estamos passando, ocorrerá ainda mais”. Confira as outras duas reportagens da série clicando nas imagens abaixo: https://nossasnoticias.com.br/2020/08/05/empregos-na-regiao-confira-a-historia-de-amanda-com-nivel-superior-e-experiencia-em-multinacional-que-procura-emprego-em-rio-negrinho-ha-quase-dois-anos/ https://nossasnoticias.com.br/2020/08/07/pandemia-depois-de-mais-de-tres-meses-empresas-voltam-a-divulgar-vagas-em-parceria-com-o-sitcom-de-rio-negrinho/