REGIÃO. Há cerca de 12 anos muito se discute a questão do emprego na região, tendo em vista o fechamento de diversas grandes empresas neste período, em função da crise econômica que abalou o mundo em 2008 e 2009.
Desde então, o mundo do emprego sofreu várias mudanças e, pasmem, cá estamos nós em 2020 passando por outra crise, que é a da pandemia do coronavírus. E novamente, muita coisa já mudou e continuará mudando!
Perguntas
Mas nesse sentido, como estão e como ficarão as pessoas que buscam emprego, tendo nele a esperança de ganhar mais dignidade, dar melhor condições de vida para sua família e realizar seus projetos pessoais?
Por outro lado, como ficam também as empresas, tendo que refazer seu modo de produção, mantendo a lucratividade e capacidade de investimentos?
Série de entrevistas especiais começa hoje
Pensando nisso começamos hoje uma série de reportagens sobre a questão da empregabilidade em Rio Negrinho, São Bento do Sul e Campo Alegre, com o objetivo de compreender melhor esses quadros e o quanto eles abalam não só a economia, mas também a forma como temos vivido e principalmente as expectativas que a realidade de hoje apresenta para os mais jovens.
Nas próximas postagens, você vai conferir histórias de trabalhadores – algumas com “final feliz” e outras nem tanto. Também vai acompanhar a opinião de especialistas em economia, recursos humanos e empresários.
Estreando hoje com a história de Amanda, que tem ensino superior, experiência em multinacional mas procura emprego há quase dois anos
Nessa que é a nossa estreia trazemos a entrevista com Amanda Gabriele Simões Marchiori, de 30 anos, que está a procura de emprego em Rio Negrinho desde novembro de 2018.
Amanda contou que concluiu o Ensino Médio na Escola Manuel da Nóbrega e na sequência começou a cursar a faculdade de Processos Químicos na Sociesc.
“Mas não estava conseguindo bancar a mensalidade então tranquei. Em seguida comecei a trabalhar como auxiliar de produção em uma empresa de Rio Negrinho. Naquele momento comecei a fazer também inscrições pra alguns vestibulares públicos. Então fui a Joinville fazer a prova da UFSC. Dias depois me chamaram para trabalhar em Joinville, no Consórcio Breitkopf, então larguei tudo e na esperança de conseguir crescer profissionalmente, me mudei para uma cidade onde não conhecia ninguém”.
Amanda disse que na mudança para a maior cidade de Santa Catarina, levou apenas suas roupas. E começou com o pé direito pois fez o Enem e conseguiu bolsa de estudos de 100% (ou seja, não ia pagar nada) para o curso de Logística.
“Comecei a faculdade e já consegui um emprego na área em uma transportadora de Joinville. Depois de um ano e meio, tive a possibilidade de ocupar um cargo melhor em uma cooperativa de transporte”.
E foi enquanto ocupava essa nova função, que Amanda também continuava a estudar na faculdade, até que se fornou e continuou no mesmo emprego. E então, a vida lhe trouxe uma surpresa, desta vez na vida pessoal.
“Reencontrei um grande amigo de Curitiba (PR), nos apaixonamos e me mudei para a capital paranaense, onde nos casamos”.
O sogro de Amanda tinha uma
distribuidora.
“Então fui trabalhar com ele. A judei na implantação de um sistema para melhorar o controle da empresa, contagem de estoque, compras, vendas, financeiro, …Depois de alguns meses as coisas estavam mais estáveis para o meu sogro então comecei a procurar um novo emprego”.
Foi aí que Amanda foi chamada para
uma vaga de analista de logística com foco em auditoria e controle de custos na GVT.
“A partir dessa experiência, me apaixonei por essa parte de custos! A GVT era muito grande mas eu amava trabalhar lá e fazer o serviço que me era proposto. Me identifiquei muito com a organização de planilhas. Eu e mais uma moça cuidávamos de todo orçamento da empresa na questão de logística voltada para o transporte, era um orçamento de milhões de reais que tínhamos a responsabilidade de auditar, conferir e ainda acompanhar junto ao setor fiscal a cobrança de impostos além de liberar pagamento ao contas a pagar, fora várias outras atividades”.
Algum tempo depois houve uma fusão e a GVT virou Vivo Telefônica e muitas pessoas foram demitidas.
“O trabalho triplicou mas continuamos focadas no nosso serviço. Porém, passado alguns meses descobri que estava grávida e que era uma gravidez de risco. Então saí da empresa, me responsabilizei e abri mão de todos os benefícios que uma gestante tem em uma empresa. Tudo isso para garantir que teria minha filha, já que no início do casamento havia tido um aborto”.
Amanda e a família voltaram morar em Rio Negrinho em novembro de 2018. Desde então, ela contou que procura uma oportunidade de trabalho.
“Procuro vagas de todas as maneiras possíveis. Assim que nos mudamos, entrei em vários sites de várias empresas e pedia o contato da pessoa responsável no RH, elaborava uma carta de apresentação no e-mail e mandava meu currículo. Mas não desanimo, continuo procurando, vagas direto no site das empresas, nos sites de emprego…Fui no Feirão do Emprego, as pessoas conhecidas costumam me mandar vagas que vêem em algum anúncio, … Procuro de todas as meneiras possíveis mas até o momento não tive oportunidade de nenhuma entrevista”.
Questionada sobre como se sente com essa situação, tendo em vista que já teve várias conquistas profissionais fora da cidade, ela respondeu:
“Me sinto um pouco frustrada às vezes, pois batalhei muito para atender as exigências do mercado de trabalho, que são muitas. Porém, minha expectativa é que em algum momento alguma empresa possa me dar a oportunidade de mostrar minhas qualificações e que em conjunto possamos fazer o melhor”.