Adiajnye Leslye, autora deste texto, é biomédica, microbiologista, patologista clínica, professora de Biomedicina da Unisociesc de São Bento do Sul e sócia proprietária do Laboratório Proll Vida, de Campo Alegre ( SC ). Contatos com a colunista podem ser feitos pelo fone (47) 9.96322985 ou pelo Whatsapp clicando aqui. Quando eu ouço falar sobre não andar descalço, não dormir com os pés descobertos, não tomar leite após comer melancia, (eu não sei você que me lê), mas a incerteza dessas e outras informações, me causa ainda mais curiosidade. O conhecimento é algo que me deixa empolgada. Saber, entender, é algo que me alavanca… São assuntos diversos que me motivam a buscar respostas. E assim, a Biomedicina entrou em minha vida. Muitas pessoas ainda desconhecem essa profissão, e esse pode ser um assunto muito bacana a ser tratado também. Para semana que vem posso trazer um pouco mais sobre a profissão que tanto tem se ouvido falar. E sintam-se livres em encaminhar suas dúvidas. Acompanhe o Nossas Notícias e estará por dentro de vários assuntos como este, inclusive se tiver alguma sugestão, nos mande para que possamos compartilhar conhecimento. E se você é um leitor conectado, tem acompanhado que o último assunto comentado foi sobre a friagem, dor de garganta e cistite. Pois bem, ao término do assunto, comentei sobre a febre. Para entendermos um pouco mais, vamos considerar as bactérias rapidamente. São pequenos seres, e tão pequenos, que necessitam de aparelhos microscópicos para serem observados. São milhares de espécies, e, alguns desses grupos podem causar doenças, ou impactos no meio ambiente. Algumas dessas bactérias, por outro lado, são importantes para algumas atividades específicas em determinados ramos da economia. As bactérias necessitam de algumas condições para se instalarem e criarem mais delas, neste caso, o corpo humano se torna um candidato viável a acolher esses pequeninos. Temperatura média de 36 graus, umidade, dependendo do local afetado, e um meio de transporte gratuito. E aqui vai a primeira coisa que me deixou chocada quando descobri. Bactéria não voa! A não ser que haja agitações de partículas, a bactéria não tem asas, não pula, não voa. O que ocorre é que de um local para outro, a bactéria é carregada pelo contato com superfícies contaminadas. E o ser humano, é um dos meios transportadores de microrganismos. Quando a bactéria encontra uma forma de entrar em um organismo vivo, em que ela encontre suporte favorável para sobrevivência, ela aumenta em população, ou seja, “cria filhos”, e, descentes capazes de criar mais deles também.E então chamamos de colonização. Nosso organismo, é muito sábio e naturalmente ele se organiza. Não precisamos mandar que ele respire ou bombeie o sangue em nosso coração, e muitas funções são ditadas pelo sistema nervoso central, que se associa a outros sistemas para manter uma comunicação integral. Diante de uma possível invasão de microorganismos que possam afetar negativamente o organismo, há uma mobilização de ações automáticas que se iniciam no cérebro, mais especificamente no hipotálamo. Nosso organismo, quando em perfeito estado de funcionamento, inteligentemente, aciona um sistema de respostas associadas a imunidade. Para mostrar que há algo de errado, o organismo emite sinais, podendo ser uma dor local, vermelhidão e calor, ou ainda, a febre. O fato de a temperatura corpórea subir, mostra para o lado de fora, que há alguma coisa que precisamos observar, mas nem sempre é um fato ruim. Curiosamente, o organismo que apresenta a hipertermia (assim chamada a febre em termos técnicos), está movimentando batalhões de células para saírem a caça dos invasores. E repare que interessante, a temperatura ideal para as bactérias crescerem, é abalada, ou seja, no mecanismo de defesa interno, fervem os motores, e além de mostrar que há algo de errado, ainda incomodar os invasores que achavam aquele ambiente era perfeito para fazer morada. Mas então, se a febre está para ajudar a combater os invasores, por que devemos baixar a temperatura? Há um misto de opiniões na ciência, os mais tradicionais podem concordar dizendo que a febre não deve ser tratada antes de 48h, enquanto outras opiniões não se pronunciarão. Enquanto a febre está acontecendo, está sendo liberada uma substância chamada citoquina, cuja função é agitar as células de defesa contra os microrganismos, a temperatura mais elevada, gera um aumento do calibre dos vasos sanguíneos (vasodilatação), o sangue passa mais devagar pelos vasos, as células tem tempo de ajustar a mira contra os microrganismos, e nossa imunidade se prepara em reconhecer e guardar na memória aquele tipo de evento, então, a febre faz parte do processo de imunidade, principalmente quando crianças. Antitérmicos não curam doença alguma, eles apenas resolvem o problema, e como diz o nome, baixam a temperatura. O que de fato elimina as bactérias, são os antibióticos. E se o caso for de vírus, antiviral. O fato é que, diante de tantas mudanças em nosso mundo, no geral, as apresentações de doenças tem nos surpreendido, e os sinais que nosso corpo apresenta, nunca devem ser ignorados. Uma febre é considerada alarmante, quando atinge 42 graus e em forma constante. A febre pode causar problemas se for baixada muito bruscamente, se o indivíduo apresenta problemas com epilepsia, que neste caso, pode progredir de febre a uma convulsão, ou ainda, se a febre continua se apresentando diariamente. No demais, a febre deve ser medida com termômetro sempre, monitorada e o indivíduo que apresenta a febre, deve permanecer agasalhado com roupas leves (sem roupas também não é bom), e, sem exageros para não causar ainda mais hipertermia, a ingesta de líquido e repouso devem ser considerados. Lembre: jamais devemos excluir a opinião de um médico. Devemos monitorar, evitar a automedicação e manter nossos exames em dia! Com a saúde não se brinca!]]>