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Rio-negrinhense fala sobre experiência com grupo de voluntários no RS

REGIÃO. Cerca de 60 pessoas de São Bento do Sul e Rio Negrinho reservaram o feriado de Corpus Christi para ajudar moradores de Eldorado do Sul, um dos municípios bastante castigados pelas cheias que atingiram praticamente todo o Rio Grande do Sul, a partir do final de abril.

A ação ocorreu em parceria com a Igreja Refúgio e contou com a participação de alguns empresários, que colaboraram com doações enviadas em dois caminhões baús com vários itens que ajudarão os moradores a ir se restabelecendo aos poucos.

Juntamente com alguns de seus familiares, a rio-negrinhense Adiajnye Leslie participou dessa missão e contou ao Nossas Notícias sobre como foi a experiência.

Doações

Segundo ela, nos caminhões foram levados 35 colchões, 20 camas, 130 cadeiras, 40 mesas, 30 guarda-roupas, alimentos, vestimentas, cobertores e medicamentos, dentre outros itens.

“Juntamente com todo o grupo, montamos os móveis, retiramos entulhos de oito casas e também lavamos o piso, paredes e tetos das residências”.

A ação contou com a produção e entrega de 1,5 mil marmitas, que foram ofertadas pela Biometil, de São Bento do Sul e ainda atendimentos de saúde para 200 pessoas, através do médico Milton Martens.

“Saímos daqui amanhecendo de quarta para quinta-feira (30) e chegamos na quinta, pelas 14h, foi uma viagem de aproximadamente 10 horas. Havia um ônibus da Biometil com 20 colaboradores”, relatou.

O retorno foi nesse domingo (02).

Cidade 100% atingida

Conforme Adiajnye, as doações foram direcionadas para fiéis e moradores do entorno da igreja em solo gaúcho.

“Eldorado foi uma das cidades 100% atingidas e eles estão ainda registrando as perdas, mas a gente, passando pelas ruas, observou que houve uma perda geral. Muitos moradores ficaram só com a estrutura da casa. Alguns ainda ficaram sem seus familiares, foram várias mortes. Eles conseguiram só retirar as pessoas que puderam, pois a cidade encheu muito rápido”.

Sem água e sem luz

A rio-negrinhense disse ainda que o grupo foi com uma expectativa muito alta de poder ajudar mais, porém o auxílio ficou limitado devido ao fato de haver diversos bairros ainda sem água e sem energia elétrica.

“A gente tentou fazer o máximo que pôde. Limpamos algumas casas dos irmãos que são da igreja para que eles possam abrigar outras pessoas e limpar outros imóveis, já que há ginásios ocupados ainda. Segundo a população, a enchente começou dia 5 de maio e muitos estão até hoje não conseguiram voltar”.

Neste domingo (02), quase um mês após a tragédia, foi que começou a baixar a água de um bairro próximo ao que os voluntários estavam.

“Os moradores recebem cesta básica, mas não tem como cozinhar a comida. Não tem nada de fogão, panelas, talheres… Então, o que precisam realmente agora é de comida pronta. Os entulhos, jogamos todos para fora das casas e ficou tudo pela rua. Um dado muito marcante pra mim foi que a medida que fomos limpando algumas casas, elas iam se desfazendo”, desabafou.

Casas condenadas

Segundo Adi, os moradores também explicaram que avaliam se valerá a pena voltar para casa, porque algumas também foram condenadas a partir da estrutura.

“Realmente é muito crítico. A gente pôde viver um pouquinho dessa experiência lá como igreja, como grupo de voluntários e realmente toda ajuda é válida. Recomendo que quem desejar ajudar entre em contato com as igrejas. A efetividade da igreja está sendo muito grande, muito maior do que a própria Defesa Civil”, frisou.

Outro fator que chamou a atenção da rio-negrinhense foi o de que a DC está doando cestas básicas, o que acaba perdendo o sentido já que a população não tem nada para preparar a comida.

“Alguns estão fazendo fogueira, estão tentando, mas como disse, eles não têm como fazer. A gente precisa movimentar tudo isso. Quem quiser ajudar, pode entrar em contato, pois nossa promessa agora é voltar para continuar ajudando, principalmente com comida pronta”, enfatizou.

A cena mais forte

O grupo de rio-negrinhenses e são-bentenses ficou em um abrigo da igreja, localizado em um sítio onde são feitos retiros.

“Era um local bem estruturado, então a gente ia para lá, tomava banho, se alimentava e voltava para a missão. Nosso trabalho foi bem efetivo nessa questão de limpeza. Mas vale lembrar que no momento, os moradores precisam também de apoio e força, pois estão muito cansados, muito abalados psicologicamente. Eles choram, porque realmente perderam tudo. Acho que uma das cenas mais fortes foi a gente limpando a casa de uma senhora, a parede se desfazendo e ela tentando escolher que foto estava menos feia para poder guardar, porque foi a única coisa que restou. Uma foto protegida pelo vidro do porta retrato, porque ela perdeu tudo, simplesmente ‘zerou a vida’. Não tem documento, não tem uma história, se não a da perda nesse momento. Graças a Deus, tem seus familiares, mas a casa ficou totalmente submersa. Foi um pouquinho dessa realidade que a gente viu. Por isso vamos todos orar por cada um e ajudar no que pudermos”, encerrou.


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