Kelen Sbolli é adestradora profissional de cães. Proprietária da Vita Canis, atende em Curitiba PR Rio Negrinho e em várias outras cidades do Sul do Brasil. Escreve para o Nossas Notícias todos os domingos. Contatos com a colunista podem ser feitos pelo (41) 9.9972754 ou pelo e-mail: zsbolli@yahoo.com.br ***************************************
Foto: oapa.org.br
Pensando no artigo desta semana fiquei em dúvida entre vários temas. Foi quando, em um treinamento de proteção pessoal com o cão de um cliente, fomos até um banco para simular um assalto na famosa “saidinha de banco” e na chegada me deparei com um pequeno cão que veio abanando a cauda em nossa direção, como se nos conhecesse há tempos. Fizemos carinho, conversamos com ele e seguimos adiante. De repente, percebo que ele estava logo atrás e para todo lugar que íamos ele também ia e ficava esperando. Fizemos todo o treino com ele ao lado. Foi então que perguntei a um senhor que cuidava dos carros se ele sabia quem era o dono daquele cãozinho. Ele me disse que o cão estava há muito tempo ali junto com um outro cão maior e que ele os alimentava todos os dias porque tinha muita pena. Pensei, “este cachorro já teve dono”. Terminamos o treino e seguimos para o carro. O pequeno cãozinho foi junto e quase entrou no carro também. Manobrei e seguimos. Que susto! Então, quando olhei pelo retrovisor levei o maior susto! O cachorrinho estava correndo com todo seu fôlego atrás de nós! Imediatamente parei, coloquei uma guia no pequeno e o levei de volta. No caminho, um morador de uma casa próxima viu toda a cena e me disse que ele sempre corria atrás dos carros das pessoas que davam atenção a ele. Meu coração quase parou! Aquele doce cão tinha sido abandonado! Ele teve um lar, foi amado porque era muito manso e amoroso e um dia, por algum motivo, alguém de sua família humana o colocou no carro, parou em algum lugar e o deixou lá. “Fiquei pensando no que ele teria sentido no momento do abandono” Fiquei imaginando o que ele teria sentido no momento do abandono. Deve ter olhado o carro partir e provavelmente correu atrás dele até cansar. De repente, se viu sozinho em um lugar estranho e um grande vazio começou a tomar conta de si. Deve ter andado muito, passado fome mas seu jeito carinhoso e manso cativou algumas pessoas que lhe davam comida. Assim tinha sido sua vida até aquele momento. Quanto tempo ainda resistiria? Porém, quanto tempo ainda resistiria nas ruas? Não por muito mais tempo certamente… No Brasil,um cão abandonado nas ruas sobrevive em média por 2 anos No Brasil, um cão abandonado nas ruas sobrevive em média por 2 anos. Bem aquém da média de vida de 10 a 15 anos. Os principais motivos da morte prematura quando um cão é abandonado nas ruas são: 1 – Atropelamento 2 – Viroses diversas (cinomose, parvovirose, lepstospirose) 3 – Doenças de carrapato (erliquiose) 4 – Agressão de humanos 5 – Briga entre cães Mais de 30 milhões de animais abandonadossó no Brasil A Organização Mundial da Saúde estima que só no Brasil existam mais de 30 milhões de animais abandonados, entre 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães! Em cidades de grande porte, para cada cinco habitantes há um cachorro. Destes, 10% estão abandonados. No interior, em cidades menores, a situação não é muito diferente. Em muitos casos o numero chega a 1/4 da população humana. Estima-se que de cada 10 cães presente nas ruas, 8 já tiveram um lar! Quais são os principais motivos para o abandono?- 20% – O cão é destrutivo dentro de casa
- 18,5% – Suja muito a casa
- 12,6% – É destrutivo fora de casa
- 11,6% – Tem o vício de fugir de casa
- 11,4% – É ativo demais
- 10,9% – Requer muita atenção
- 10,7% – Late ou uiva muito
- 9,7% – Morde
- 9% – É desobediente
- Mudança para apartamento
- A criança é alérgica a pelos
- Viagens
- Falta de tempo
- Falta de recurso financeiro
- Separação do casal
- Os vira-latas
- Collie
- Dalmata
- Pitbull
- Akita
- Pastor alemão
- Pug
- Buldogue francês
- Chow-chow
- Husky
- Shih Tzu
- Poodle
- Lhasa
- Abandonar, espancar, golpear, mutilar e envenenar;
- Manter preso permanentemente em correntes;
- Manter em locais pequenos e anti-higiênicos;
- Não abrigar do sol, da chuva e do frio;
- Deixar sem ventilação ou luz solar;
- Não dar água e comida diariamente;
- Negar assistência veterinária ao animal doente ou ferido;
- Obrigar a trabalho excessivo ou superior a sua força;
- Utilizar animal em shows que possam lhe causar pânico ou estresse;
- Promover violência como rinhas, etc.