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NOSSOS CÃES ESTÃO ESTRESSADOS?

Kelen Sbolli é adestradora profissional de cães. Proprietária da Vita Canis, atende em Curitiba (PR) e em Rio Negrinho (SC). Contatos com a colunista podem ser feitos pelo (41) 9.99972754 ou pelo zsbolli@yahoo.com.br *************************************** Os cães tem estresse. Mas esse não é o mal do século para os seres humanos? Com certeza é. Porém, os cães estão sendo muito afetados por este mesmo mal. Mas o que é exatamente o estresse? Didaticamente, nós podemos definir o estresse como a soma de respostas físicas e mentais causadas por determinados estímulos externos (agentes estressores) e que permitem ao indivíduo (humano ou animal) superar determinadas exigências do meio ambiente. É uma reação instintiva de “luta ou fuga”. Em situações de emergência o organismo se prepara para lutar ou fugir. Esse tipo de reação foi observado em animais e em humanos. Por exemplo, quando nossos ancestrais se deparavam com situações de perigo, como o encontro inesperado com um animal, precisavam defender-se – atacando ou fugindo. As duas reações demandam uma série de ajustes quimicos do corpo como a aceleração do batimento cardíaco para que mais sangue corra para os músculos que precisam receber mais energia. Há também um aumento da respiração para oxigenar melhor as células e da pressão arterial, entre outras coisas. Tensão e relaxamento Contudo, depois de toda tensão deve seguir um estado de relaxamento, pois apenas com descanso suficiente o organismo é capaz de voltar ao seu equilíbrio. Se o indivíduo continuar sendo exposto aos agentes estressores permanentemente, seu organismo não poderá retornar ao estágio de relaxamento inicial, o que, a longo prazo, pode gerar problemas de saúde, tanto físico como psicológico. O quanto uma situação pode ser estressante varia muito de pessoa a pessoa, de como cada uma lida com ela. Qualquer mudança pode ser um agente estressor como o nascimento de um filho, mudança de emprego, mudança de casa, morte de parente, dificuldade financeira, trânsito, etc. Quando o estado de tensão permanece Quando nosso estado estressante permanece, passamos a ter dificuldade de memória e concentração, irritação, ansiedade, depressão, taquicardia, insônia, etc. Duas formas básicas de diminuir o estresse Basicamente existe duas maneiras de diminuir o estresse. Aumentando nossa resistência ao agente extressor e mudando nossa maneira de lidar com ele. Fazer exercícios físicos, relaxamento, meditação, alimentação adequada, sono adequado, lazer, entre infinitas outras coisas. Tudo certo, mas onde entram os cães nisso tudo? Os cães, como os humanos tem emoções e necessidades particulares. Quando estas necessidades não são supridas dia após dia, anos após anos, o cão também chega a um estrado estressante crônico. O que pode causar estresse nos cães? Várias são as causas, dependendo das necessidades de cada raça e de cada indivíduo em particular, tal como acontece com os seres humanos. Mas as mais comuns são: 1. Falta de exercício físico Não importa o tamanho, raça ou idade, todos os cachorros precisam de atividade física. Se ficarem apenas dentro de casa ou do quintal, sem possibilidade de correr, farejar, sentir a textura da grama, da terra, eles podem ter atitudes destrutivas. Além disso, assim como os humanos, praticar exercícios, libera substâncias químicas importantes para o funcionamento do organismo, evita atrofia muscular e os deixa com mais saúde. 2. Falta de espaço Está intimamente ligado ao item anterior. O cão que não tem espaço suficiente, não poderá ter o mínimo de exercícios, além de ser uma cruel tortura mental pois é uma prisão, onde ele não pode, por si mesmo, sair do local. 3. Tédio Cães que são deixados em locais “áridos”, sem nenhum brinquedo ou estímulo visual ou mental, sem nenhum enriquecimento ambiental, pode facilmente entrar num estado estressante profundo. 4. Solidão Da mesma forma, cães que são deixados muito tempo sozinhos podem desenvolver a síndrome de ansiedade de separação, tema que já abordamos. Os cães evoluíram ao lado dos homens. São animais de matilhas. Eles necessitam da presença dos seus iguais, mas principalmente de seus tutores, sua família humana, a qual ele ama profundamente. 5. Broncas sem sentido Às vezes esquecemos que aquele ser que tanto amamos é um cão, ou seja, é de uma espécie diferente e que vai ter atitudes caninas, como latir, farejar e roer objetos. Além disso, seus pelos sempre vão cair pela casa. O cão não vai saber que ele deve roer o brinquedo ao invés do seu sapato se não for treinado. Apenas brigar e punir toda vez que ele aprontar, vai deixá-lo mais estressado. 6. Falta de treinamento   O adestramento trabalha a parte mental, física e psicológica do cão. Sem treinamento, o cachorro nunca saberá o que é certo ou errado. Punir um cão por algo que ele nem sabia que era errado, vai deixa-lo estressado e confuso. Além disso, a falta de exercício mental, que o adestramento proporciona, vai deixá-lo mais agitado e ansioso. 7. Não exercer sua função Todo cão de raça foi criado para alguma função. Por exemplo, algumas raças de pequeno porte, como o yorkshire terrier foi criado para caçar ratos nas minas de carvão inglesas.   Imagine o estresse, para quem nasceu para caçar, ficar no colo o tempo todo. O poodle foi criado para resgatar aves abatidas durante a caça, assim como o Labrador e Golden. Os cães de guarda como Pastor Alemão, Rotweiller, Pastor Belga Malinois, Doberman entre outros, possuem no seu DNA o instinto da proteção. Quando estes instintos são ignorados e até mesmo inibidos, o cão pode apresentar um profundo estresse entrando em depressão ou em estado de agressividade, que é mais comum. 8. Donos estressados Talvez este seja o agente estressor mais complicado e mais difícil de corrigir. Cães são animais extremamente sensíveis, eles são ótimos em reconhecer sentimentos como medo, nervosismo e ansiedade, mesmo que você esteja tentando esconder tudo isso. Eles observam muito bem o comportamento do dono e das outras pessoas e por isso muito do comportamento do tutor pode influenciar na construção da personalidade do cão e no comportamento dele no cotidiano. O clima de nossa casa interfere diretamente no comportamento deles. Apresentam tanta ligação com os humanos ao ponto de adotar os nossos sentimentos e padrões de comportamento. Dono ansioso, cão ansioso. Dono irritado, cão irritado. Dono tranqüilo, cão tranqüilo. Ou seja, os cães podem assumir o estresse dos humanos reagindo com mudanças fisiológicas ou comportamentais. Absorvendo o estresse dos humanos James Morrisey, veterinário na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Cornell (EUA), afirma que cães e gatos são muito bons em pegar o estresse das pessoas, assim como as aves. Além de transportar os encargos das pessoas, os animais tem suas próprias fontes de estresse. E para estes seres que dispõem de mecanismos não-mentais para perceber o mundo à sua volta, não é nada fácil lidar com isto. Estados depressivos podem alterar comportamentos, mudar atitudes e predispor a doenças. Ansiedades podem provocar diarréias, apatias, automutilação e agressividade. Quais são os sinais de estresse que os cães apresentam? Os exemplos mais comuns são: Hiperatividade São cães permanentemente intranqüilos apresentando uma grande tensão acumulada. Destroem tudo, dos seus sapatos ao parachoque do seu carro. Movimentos estereotipados Um cão que corre atrás do rabo de maneira intermitente não é engraçado. Isto é um comportamento patológico que lhe causa grande sofrimento. Latidos excessivos constantes e para o nada também é muito freqüente. Salivaçãoexcessiva O cão que saliva diante de algum agente estressor como barulhos intensos está demonstrando um comprometimento crônico do seu estresse. Ofegar em excesso Ofegar é a ferramenta que os cachorros utilizam para expulsar o calor do corpo. Se vir o seu cachorro a ofegar em situações nas quais deveria estar tranquilo é provável que esteja estressado e precise aliviar a tensão que sente. Lambedura excessiva O cão que se encontra em grande estresse pode lamber constantemente a pata a ponto de sofrer automutilação. Chamamos de dermatite por lambedura. Falta de atenção Um cão estressado apresenta uma agitação intensa que o faz não ter o foco necessário para o aprendizado. Em adestramento, primeiro trabalhamos esta ansiedade e agitação para depois estimular seu foco. Mudança de comportamento Cães tranqüilos que passam a morder a todos é um exemplo típico. Outros sempre foram brincalhões e passam a ficar deitados o dia todo em depressão profunda. Fobias inesperadas também pode ser um sintoma de estresse crônico. Perda de apetite, problemas digestivos, perda excessiva de pelos   E… o que podemos fazer para ajudá-los? Primeiramente, é fundamental conhecer o seu cão. Os seus hábitos, o que gosta e o que não gosta. Prestar atenção à sua linguagem corporal. Caso ele apresente alguma alteração significativa, verifique o que pode ter acontecido como mudança na rotina, diminuição de passeios, morte de alguém da família ou do seu amiguinho canino. Enfim, fazer um checklist para que você possa suprir o que está faltando ou mesmo procurar a ajuda de um especialista para que este apresente a melhor solução para o estresse do seu amigo canino.  ]]>

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