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Edilson volta para casa depois de mais de 70 dias nas UTIs de Rio Negrinho e de Mafra e de duas cirurgias de risco

RIO NEGRINHO. Planos para o futuro com passeios, viagens e pescarias. Essa é a meta de Edilson Vieira, de 46 anos, e que vem se recuperando da Covid-19, após passar mais de 70 dias nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de Rio Negrinho e de Mafra, além de um bom período se recuperando em um quarto de hospital após duas cirurgias.

Morador do bairro Industrial Sul, ele voltou para casa na última quarta-feira (15) após enfrentar a batalha mais difícil de sua vida até aqui – a luta contra a Covid-19. Ele, que aguarda ainda para iniciar suas sessões de fisioterapia, recebeu a reportagem do Nossas Notícias em sua casa na tarde desta segunda-feira (20) para contar sobre os desafios que enfrentou e a vitória sobre a doença.

Profissional do setor de lustração de uma empresa de móveis, Edilson começou a sentir os primeiros sintomas da doença em casa quando percebeu que estava com falta de ar. Sua saturação caiu repentinamente e ele procurou a Fundação Hospitalar Rio Negrinho a primeira vez. Ele conta que chegou a ficar um período no oxigênio, mas acabou retornando ao lar.

O próximo passo foi realizar alguns exames, onde através de uma tomografia e um raio-x veio a constatação de que o lado esquerdo do seu pulmão estava 70% comprometido em decorrência do novo coronavírus.

“Voltei ao hospital e depois de uma semana internado fui para a UTI onde acabei intubado”, recorda Vieira.

Os exames complementares apontaram que em decorrência do avanço da doença, Edilson necessitaria de uma cirurgia torácica.

“Os médicos aqui de Rio Negrinho temiam pela minha vida, por se tratar de uma cirurgia de muito risco”, lembra.

“Aí acabei sendo transferido para Mafra para fazer a cirurgia lá. Mesmo lá os médicos que fizeram a cirurgia eram de Curitiba”, recorda.

“Quando ele foi para Mafra, estava bastante debilitado. Ele já fazia hemodiálise aqui e chegou até a ter paradas cardíacas”, conta a esposa Ilma.

“Ainda assim ele foi para Mafra onde acabou fazendo uma primeira cirurgia que, segundo os médicos, não surtiu o efeito desejado. Passaram-se duas semanas e ele teve que fazer um novo procedimento e a colocação de um dreno”, conta ela.

O dreno citado pela esposa acompanhará Edilson de forma definitiva, pois devido as complicações do Covid-19, o lado esquerdo dos pulmões acabou parando de trabalhar e agora só produz secreções.

“Eles precisaram ainda tirar uma costela dele para que ele pudesse usar a bolsa”, explica a esposa. O processo de limpeza da bolsa, Edilson realiza em casa com o auxílio de Ilma.

Ela lembra que foram muitas etapas até aqui, todas vencidas com a garra e força de vontade de Edilson.

“Foram praticamente quatro meses tratando a doença. Primeiro foram 43 dias na UTI de Rio Negrinho, depois mais 31 dias na UTI em Mafra, além de 33 dias no quarto se recuperando”, detalha Ilma, que cita ainda o fato de que o marido perdeu chegou a perder 40 quilos no período.

“Estava com 90 quilos antes da doença, cheguei a perder 40, mas agora lentamente já estou recuperando o peso e estou com 60 quilos”, lembra Edilson que relata ainda que, apesar da recuperação, ainda sente falta de poder caminhar.

“Estou me alimentando normalmente, mas ainda não consigo caminhar”, cita.

Mudança na rotina e ajuda dos filhos e amigos

A esposa Ilma, até então funcionária em uma empresa de móveis, optou por fazer um acordo para poder se dedicar integralmente ao marido.

“Ele está encostado pelo INSS, mas ainda não começou a receber. Enquanto isso estamos nos virando com o dinheiro do meu acerto e também com a ajuda dos filhos”, diz Ilma que vive com Edilson e um filho de 15 anos.

“Temos também a ajuda dos filhos mais velhos, que já estão casados, mas que também nos ajudam da forma que podem”, destaca Edilson.

Mesmo com o apoio da esposa e dos filhos, Edilson conta que precisou reorganizar as finanças do lar devido a nova situação.

“Tive que vender meu carro e me desfazer de coisas que tinha em casa”, detalha ele.

Além do apoio da família, Edilson lembra que recentemente contou com a ajuda de amigos que promoveram uma feijoada beneficente e também uma tarde festiva do Avaí Esporte Clube para angariar fundos para custear a sua recuperação.

“Só tenho a agradecer a Deus, a Nossa Senhora Aparecida e todos que oraram por mim nesse período”, agradece ele.

“Muitos não acreditam na doença, apenas quando acontece na família. Ele teve muita garra, uma força que poucos teriam”, cita Ilma referindo-se a vontade do marido para vencer a Covid.

“É uma doença traiçoeira, muito forte. Na mesma semana em que fui internado, aconteceram outras cinco internações pela doença e todos faleceram infelizmente”, encerra.

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