Silenciosa e sem cura, doença atinge mais de 900 mil brasileiros e pode causar cegueira irreversível
O Glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no mundo. Para a Organização Mundial da Saúde, em 2040, mais de 111 milhões de pessoas terão este diagnóstico. No Brasil, a doença ocular atinge mais de 900 mil indivíduos, segundo o Ministério da Saúde. Nos últimos anos, a pandemia potencializou ainda mais as estatísticas. Ela provocou a evasão de pessoas dos consultórios oftalmológicos, fazendo com que caísse em 30% o número de exames para detecção precoce da doença. Por isso, mais do que nunca, a campanha Maio Verde se torna importante, já que visa o diagnóstico do glaucoma em estágio inicial e a sua conscientização.
Dr. Ricardo Suzuki, especialista em Glaucoma no Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem – empresa que integra o Grupo Opty, explica que “a doença é degenerativa, causada principalmente pela elevação da pressão intraocular. Existem vários tipos de Glaucoma, sendo o primário de ângulo aberto o mais comum. Pelo fato de ser uma doença silenciosa, na maior parte das vezes o paciente não sente dor, coceira, ardência ou qualquer incômodo visual. Outro tipo é o Glaucoma de ângulo fechado, neste a pressão intraocular eleva-se mais rapidamente, podendo levar a sintomas como dor ocular e cefaleia. Caso não tenha o tratamento adequado e em tempo hábil, pode levar à cegueira total”, detalha o médico.
O grupo de risco é composto por pessoas com mais de 40 anos, quem tem histórico familiar, pessoas de etnia africana ou asiática, indivíduos que sofreram lesões físicas no olho, uso excessivo de medicamentos à base de corticoides e outras condições médicas. Estudos indicam que o diabetes e a hipertensão arterial podem potencializar o surgimento do Glaucoma.
Tratamento e prevenção
Embora não tenha cura, na maioria dos casos, a doença pode ser controlada com tratamento adequado e contínuo, fazendo com que a perda da visão seja interrompida.
“Na sua grande maioria, é necessário o uso de colírios diários para controle. Com o avanço de novas tecnologias, hoje é possível, em casos específicos, oferecer ao paciente um tratamento mais confortável e eficiente, com aplicação de um laser específico. Novas técnicas cirúrgicas foram desenvolvidas e hoje já existem cirurgias minimamente invasivas, como os implantes valvulares, que apresentam resultados satisfatórios em casos selecionados”, explica o oftalmologista.
A recomendação do médico é taxativa: “todo indivíduo, desde a primeira infância, deve fazer check-up oftalmológico (sendo anual em adultos), com a aferição da pressão ocular e o exame de fundo de olho (mais especificamente, a avaliação do nervo óptico), com o objetivo de diagnosticar precocemente a doença e/ou detectar casos moderados e avançados. Avaliações funcionais (como o teste de campo visual) e anatômicas (como retinografia e tomografia de coerência ótica) também podem ser solicitadas para o diagnóstico e seguimento da doença. Existe ainda a gonioscopia, importante para se determinar o tipo de Glaucoma que o paciente tem (ângulo aberto ou fechado), direcionando o tratamento necessários”, enfatiza Dr. Suzuki.
O oftalmologista ainda faz outra ressalva.
“Deve-se também ter sempre hábitos de vida saudáveis e evitar o uso indiscriminado de colírios compostos por corticoides, facilmente adquiridos nas farmácias, que podem causar um tipo de Glaucoma de evolução mais rápida”, conclui.