SÃO BENTO DO SUL . Criada há cerca de quatro anos, a Associação dos Deficientes Visuais (ADV) de São Bento do Sul, que atende também pessoas com cegueira de Rio Negrinho e Campo Alegre, está buscando cadastrar mais pessoas das três cidades. A presidente da ADV, Sirlene Rocha, falou essa semana à reportagem do Nossas Notícias sobre o trabalho desenvolvido pela entidade. Contando com 20 associados, sendo 15 com deficiência, a entidade pode ser considerada jovem ainda, já que tem apenas quatro anos e foi formada depois de muita batalha. “Estamos fazendo esse trabalho com poucas pessoas por enquanto, mas resgatando e atendendo também nas casas, já que muitos não se tornaram associados”, falou ela à nossa reportagem. Segundo a presidente, Campo Alegre informou não ter cegos ou com deficiência visual, enquanto que em Rio Negrinho a associação já conseguiu formar uma parceria com Marcos Miguel Lesnieski, deficiente visual, que realiza várias atividades, incluindo o ciclismo ( em parceria com seu irmão, que atua como guia, em uma bicicleta Tandem, com capacidade para duas pessoas) . A parceria se justifica tendo em vista que uma das ações desenvolvidas pela associação diz respeito a prática esportiva, tendo também como modalidades o xadrez e o atletismo. “Trabalhamos bastante com xadrez e durante a pandemia a associação intensificou esse trabalho. Partiu da associação trabalhar com a coordenação do xadrez online de Santa Catarina. Tenho muito orgulho do nosso pessoal, vieram ideias muito boas e dos torneios online do Estado, acabamos saindo para torneios em outros estados”, explica Sirlene. Segundo ela, a partir da ajuda de um grupo do Rio Grande do Sul, a associação se uniu e formou um grupo de whatsapp para ensinar pessoas do Brasil todo a jogar. “Tive uma aluna do Rio Grande do Norte, que hoje já está jogando sozinha em vários torneios através de uma plataforma especial”, cita a presidente. As partidas acontecem por aplicativos como Whatsapp, Skype e Messenger. “Duas pessoas, cada uma do seu lado, ditam as casas no tabuleiro, fazem o jogo com outras pessoas assistindo e também com a arbitragem”, explica Sirlene que é árbitra pela Liga Brasileira de Xadrez, depois de se formar em uma capacitação para a modalidade. “A gente arbitra as partidas, apontando os erros se tem tabuleiros diferentes. Ajudamos eles e fazemos o controle de tempo”, detalha. Sirlene enfatiza o fato de um trabalho iniciado na associação ter ganho proporção estadual e nacional. Somente em Santa Catarina já são 31 enxadristas no torneio. “Além disso, no projeto existem mais de 100 pessoas ensinando e aprendendo”, cita ela que foi terceira colocada em 2019 em um torneio presencial pela Federação Brasileira de Xadrez para Deficientes Visuais. “A gente criou um grupo de damas da Federação Brasileira de Xadrez para Deficientes Visuais, são 50 mulheres atualmente entre veteranas e iniciantes”, lembra. Pedalada diferente Outro projeto desenvolvido pela associação foi o “Pedala Diferente” ( clique aqui para ver no YouTube ) interrompido durante a pandemia, mas no qual a entidade conseguiu seis bikes adaptadas, ampliando a iniciativa também para pessoas com surdez, que aprenderam a pedalar e tiveram a sua própria bike ( existem atualmente bicicletas adaptadas, como as Tandem e as ODKV ).
“A gente saía quinzenalmente e era muito gostoso, era um exercício, uma confraternização. Tudo isso foi possível com o ciclismo de São Bento do Sul, através do projeto Olho Guia ( clique para seguir no Instagram ) que fez esse projeto se tornar real”, comenta.
“Era a maneira que tínhamos de tirá-los de casa, mas se vier a vacina vamos poder sonhar de novo e fazer atividades ao ar livre”, diz Sirlene. Atendimentos Sobre os atendimentos prestados pela entidade Sirlene ainda cita que durante a pandemia, muitas foram as conversas com as pessoas com deficiência visual, tentando fazer elas aprenderem em seus celulares. “Isso que tornou as pessoas ativas nesse período”, diz a presidente. “Foi difícil chegar até elas, porque a maioria das pessoas com deficiência visual tem também outras doenças atreladas, são pessoas do grupo de risco, então não podíamos nos reunir, e até agora fizemos uma reunião online no início do ano, mas o que mais foi ativo foi o xadrez online”, revela. A associação também desenvolve ações assistencialistas, com o pagamento de consultas e envio de cestas básicas aos mais necessitados. “Agora com a questão da vacina, acredito que vamos conseguir achar outros cegos e deficientes visuais. Muitas pessoas têm receio de participar de associações, então acabamos não tendo muitas vezes alcançado a todos”, ressalta a presidente. Ela diz que a entidade tem procurado auxiliar os deficientes da melhor maneira possível, mas lamentar que a entidade ainda não possa oferecer serviços como de psicólogos. “A associação é muito pequena ainda, é totalmente beneficente e não temos pagamento de funcionários”, enfatiza. Até o início da pandemia a associação funcionava em um espaço cedido junto ao Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), do bairro Serra Alta, onde aconteciam ainda aulas de braille e soroban, além da troca de conhecimento entre os participantes. Contatos com a associação podem ser feitos pelo fone/whatsapp (47) 9.9615-7197. Alguns cliques do Pedala Diferente Promoções