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Carlos Alberto Becker Júnior recebeu a reportagem do Nossas Notícias na tarde de hoje na sede da agência em São Bento do Sul[/caption]
REGIÃO. A falta de energia elétrica em alguns bairros e localidades de Rio Negrinho, São Bento do Sul e Campo Alegre é uma das consequências do vendaval desta segunda-feira (30). A situação, naturalmente, vem gerando desconforto, tanto de empresas, que precisaram interromper suas atividades, quanto de famílias que estão no escuro há dias.
O cenário, que se repete em todas as regiões do estado, faz parte de uma triste estatística que surpreendeu os catarinenses, com um vendaval de efeitos até então nunca vistos.
Neste sentido, a situação trouxe naturalmente descontentamento, por parte dos consumidores mas também uma forte mobilização por parte da equipe da Celesc, que trabalhou com 22 equipes, divididas em dois turnos de aproximadamente 12 horas para atender uma demanda de proporções gigantescas.
Em função de todos esses fatores, aliados ao fato de que recebemos muitos questionamentos de nossos seguidores, que buscam uma resposta ou ao menos uma perspectiva, na tarde de hoje nossa reportagem esteve na sede regional da CELESC em São Bento do Sul, onde foi recebida pelo gerente Carlos Alberto Becker Júnior, responsável por todo o trabalho da CELESC nas três cidades da região.
Na sequência, você confere nossa entrevista completa, com respostas e orientações à muitas das demandas dos usuários de forma geral.
Nossas Notícias – Neste momento, quantos bairros/localidades ainda estão sem luz em Rio Negrinho?
Carlos Becker Júnior – Em número de unidades consumidoras são 11 em Águas Claras; 61 no Barro Preto; 120 no Campo Lençol; 136 no Cerro Azul; 55 no Industrial Sul; 6 no Rio da Veada; 219 no São Pedro; 27 em Vila Nova e 232 na Volta Grande.
Nossas Notícias – E quais são os números de São Bento do Sul e Campo Alegre?
Carlos Alberto Becker Júnior – Em São Bento do Sul, em número de unidades consumidoras são: 62 no Campo Lençol, 58 no Cruzeiro, 10 no Lençol, 28 no Rio das Pacas, 159 no Rio Natal, 27 no Rio Vermelho e 129 em Serra Alta.
Em Campo Alegre, em número de unidades consumidoras são 73 na Avenca do Rio Negro, 6 em Avenquinha, 10 em Bateias de Baixo, 5 em Bateias de Cima, 28 em Colonia Nova (PR), 5 em Laranjeiras, 19 em Lavrinha, 70 em Pavão (PR), 6 em Postema, 18 em Queimados, 38 no Salto e 19 em Tarumã (PR).
Nossas Notícias – Quais são as expectativas para restabelecimento do fornecimento de energia nestes locais? Por quê?
Carlos Alberto Becker Júnior – Cada ocorrência possui características individuais. Inicialmente são despachadas equipes com caminhonetes para verificar cada situação. Situações mais simples são resolvidas por esta equipe, como por exemplo, pequenos galhos que estejam sobre a rede.
Porém, situações onde ocorrem danos estruturais como a quebra de postes, necessitam de uma equipe “pesada” devido a necessidade de caminhão com guindauto e mais funcionários.Devido à complexidade de execução, o serviço pesado leva horas para ser executado.
Assim, as ocorrências que possuem danos estruturais levam muito mais tempo para serem recompostas.
Existem varias situações onde muitos postes foram derrubados onde a rede praticamente tem que ser reconstruída, como por exemplo, nos bairros São Pedro, Barro Preto, Campo Lençol, Cerro Azul, Industrial Sul e Volta Grande.
Como estes casos demoram muita mais para serem executados, existe um tempo maior de espera para estes casos.
Nestes casos podem ser que existam também casos para a execução por equipe leve, porém a quantidade de ocorrências resultantes do “ciclone bomba” muitos casos mesmo que simples de resolver estão ficando dias sem energia até que uma das equipes leves consiga atender o local.
Fornecer uma previsão exata para cada local é bastante difícil, já que durante as execuções emergenciais muitos imprevistos surgem.
Nossas Notícias – Tem bairros onde apenas algumas ruas/residências estão sem luz. Porque isso acontece e como proceder?
Carlos Alberto Becker Júnior – Sim, isso acontece de fato e em todos os bairros. A rede elétrica é projetada para que um defeito afete sempre o menor número de consumidores possível.
Assim, sempre que um determinado defeito ocorre, os sistemas de proteção desligam os trechos de forma seletiva.
Na saída de uma subestação existe uma grande quantidade de consumidores ligados nesta rede, à medida que a mesma segue cidade adentro, esta rede vai se ramificando, e cada ramo vai tendo uma quantidade menor de consumidores.
Desta forma, existem problemas que afetam bairros inteiros, outros, algumas ruas, outros um quarteirão e alguns apenas poucas casas.
Um problema mais próximo da subestação a resolvido, muitos consumidores são ligados juntos, porém pode haver problemas mais localizados, que afetam apenas alguns consumidores.
Por isso em alguns momentos a energia em um bairro retorna enquanto algumas casas permanecem sem, pois existe outro problema que afeta apenas estas casas que foram isoladas para que a grande maioria pudesse voltar a ter energia até que o outro problema seja também resolvido.
Se a rede não fosse projetada dessa maneira, toda a cidade ficaria completamente sem energia até que todos os problemas fossem resolvidos, mas assim é possível ir restabelecendo o fornecimento aos poucos à medida que se torna possível.
Nossas Notícias – Há relatos de que em alguns locais a luz volta e cai novamente. Porque isso acontece?
Carlos Alberto Becker Júnior – Na grande maioria dos casos, os problemas na rede podem ser facilmente avistados pela equipe enquanto percorre a rede.
Porém, existem alguns casos que o problema pode ter sido uma avaria de alguns milímetros, mas que já é o suficiente para impedir a religação da rede.
Nesses casos é necessário dividir a rede em pedaços e ir executando testes para verificar se a rede fica ligada e assim localizar o poste que possui o problema.
Quando este tipo de avaria surge aos poucos com o tempo, temos ferramentas que nos permitem localizar este tipo de problema quando o mesmo ainda não desliga a rede e proceder com o reparo, porém estas ferramentas necessitam da rede ligada para funcionar.
Quando este tipo de avaria ocorre de forma abrupta durante uma tempestade, o defeito já consegue desligar a rede, e assim sua localização fica mais difícil.
Nossas Notícias – Qual foi a dimensão exata dos estragos do vendaval no fornecimento de energia elétrica?
Carlos Alberto Becker Júnior – Somando os municípios de Rio Negrinho, São Bento do Sul e Campo Alegre temos quase 4 mil km de rede elétrica, ou seja, se esticassemos a rede em linha reta, poderíamos atravessar o Brasil de norte a sul.
Estimamos que pelo menos 80% da rede foi afetada, seja por problemas menores ou maiores. Desta forma, nossas equipes tiveram que no mínimo percorrer 3 mil km para identificar e localizar todos os problemas.
E em muitas partes houve a necessidade de reparos. Ainda não foi realizada a contabilização exata dos estragos, pois nosso foco primeiramente é restaurar o sistema o mais rápido possível e posteriormente serão realizados os levantamentos contábeis, mas já podemos afirmar com certeza de não houve precedentes para o estrago realizado por este ciclone.
Nossas Notícias – Em porcentagem, o quanto do serviço já foi restabelecido?
Carlos Alberto Becker Júnior – Em termos de unidades consumidoras, já foram 96% restabelecidas, entanto agora restam os casos mais complexos ou mais isolados para serem resolvidos, assim estes últimos 4% levarão alguns dias para serem completamente normalizados.
Nossas Notícias – Porque os trabalhos vêm levando vários dias e quantas pessoas vêm trabalhando nessa operação em especial?
Carlos Alberto Becker Júnior – Tivemos 22 equipes, divididas em dois turnos de aproximadamente 12 horas. Mas mesmo alocando todo o contingente de equipes próprias e terceirizadas e até mesmo chefes de área, a volume de trabalhos foi muito além de qualquer situação que já tenha ocorrido.
Nossas Notícias – Pessoas que dependem de energia elétrica por questões de saúde, tem algum tipo de preferência nos serviços realizados pela CELESC?
Carlos Alberto Becker Júnior – Sim, de fato as pessoas que possuem equipamentos de sobrevida cadastrados possuem preferência no atendimento. Mas mesmo estes casos ocorreram em grandes quantidades dificultando o atendimento imediato.
Nossas Notícias – Porque em alguns locais, profissionais que trabalham com eletricidade dizem que as chaves dos transmissores estão ligadas, mas o fornecimento de energia não foi restabelecido?
Carlos Alberto Becker Júnior – Conforme mencionado anteriormente, ao longo da rede existem vários equipamentos de proteção ao longo da rede, para diminuir ao máximo a área afetada.
A chave do transformador é o último deles antes do consumidor, mas existem mais equipamentos antes. Caso o problema seja antes do transformador é este equipamento anterior que irá abrir.
Nossas Notícias – Quais suas recomendações para a comunidade neste momento em especial?
Carlos Alberto Becker Júnior – Sabemos o quanto as pessoas precisam da energia elétrica, tanto para seu trabalho, conservação de alimentos, saúde e também para terem o mínimo de conforto no seu dia a dia e também o quão frustrante é a demora no retorno da energia.
Normalmente consumidores mais próximos da área urbana, não ficam mais de 24 horas sem energia, mesmo nas piores tempestades, mas dessa vez, os estragos foram além de tudo que já ocorreu.
Assim, pedimos que todos tenham paciência, pois estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance para restabelecer completamente o sistema. Pedimos principalmente que como não estamos conseguindo resolver de forma tão rápida quanto em situações anteriores, que tomem o máximo de cuidado, com cabos que ainda estejam no chão.
COMO COMUNICAR PROBLEMAS NO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA:
- Acesse o site da Celesc, clicando neste link.
- Envie um SMS ( não é necessário ter internet ) para o número 48196 com a mensagem Sem Luz, espaço e o número da unidade consumidora que está localizado no canto superior direito da fatura de energia elétrica
- Baixe o aplicativo Celesc Distribuição
- Ligue para o 0800 48 0196
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