RIO NEGRINHO. Os advogados Camila Vizoto, Cleverson Borges e Pedro Mira, que no júri de Elias Martendal representaram a família de Michelle Bindemann, mãe da pequena Alícia Bindemann Carini, conversaram com a reportagem aqui do Nossas Notícias, no Hotel das Araucárias, de onde partiram após o julgamento que ocorreu na Câmara de Vereadores na quinta-feira (15).
Alícia, de 5 anos, foi vitima fatal de uma batida ocasionada na BR-280, por Elias Mariozam Martendal, em 19 de dezembro de 2021. Além dela, que assim como sua família não tinha nenhuma relação com o motorista, também morreu Fernando de Albuquerque, médico veterinário de São Bento do Sul. Ele era um dos passageiros que estava no Punto conduzido por Elias, que dirigia bêbado e invadiu a pista contrária, atingindo o carro dos Bindemann.
No júri popular, Elias foi condenado a 20 anos, 7 meses e 15 dias de prisão em regime fechado. Conforme os advogados que representaram Alícia e sua família, o resultado atendeu as expectativas e trouxe uma condenação que consideram justa.
“Ninguém queria vingança, mas sim que servisse de caráter educativo; ele cometeu um crime e tem que pagar. Maria de Lourdes, mãe de Fernando e Michelle, mãe de Alicia, naturalmente ficaram felizes com o resultado também. De tudo isso fica o exemplo para a sociedade e que ninguém mais seja imprudente”, cita Camila.
Os três advogados trabalharam na causa desde o primeiro dia após a denúncia do Ministério Publico.
“Já há um mês atrás, quando o júri era para ter ocorrido, estávamos com a acusação na ‘ponta da língua'”, destacaram.
Ainda sobre o Júri eles afirmaram que de tudo que aconteceu, o mais impactante como um todo – levando em consideração de que eles tinham noção de todos os lados, das famílias da vítima e do réu – é que Elias é uma pessoa do bem, mas pagou um preço por um erro.
“É uma situação que muitos de nós podemos pagar, a sociedade comete esse tipo de erro”, citaram.
“Por isso, não beba e dirija, mesmo que ache que ‘só’ bebeu um pouco, que um gole ‘não pega’ no bafômetro, … mas pode expor pessoas ao perigo, apesar de a defesa dele ter tentado normalizar isso”, frisaram.
Eles também contaram que acharam o júri atípico, extremamente tranquilo, sem embates acaloradores.
“A promotora foi muito técnica e objetiva. Normalmente temos depoimentos contraditórios, situação que não aconteceu neste Júri Popular. Além disso, os depoimentos colhidos, as fotos, isso tudo facilitou para a decisão dos jurados. A defesa do Elias tentou fazer um trabalho técnico, mas acabou limitada devido a confissão do próprio réu”, lembraram.
“Foi um Júri muito limpo, muito técnico e também muito emocionante para todas as famílias. Criou-se inclusive empatia com o réu, sem faltar com o respeito com acusado. O respeito nunca deve faltar, todos estamos suscetíveis a cometer erros e nunca quisemos demonizar o Elias. Ele pagou o que ele fez. É importante ressaltar também que boa conduta não exclui a responsabilidade pelo cometimento de um crime”, comentaram ainda a reportagem do Nossas Notícias.
Outro fator evidenciado por eles foi de que acreditam que as mães saíram satisfeitas porque encerraram um ciclo: mesmo não tendo seus filhos de volta, tiveram a resposta da justiça dos homens.
“Não foi uma pena que extrapolou, mas sim que dará tempo suficiente para uma reflexão. Também não foi uma pena baixa para deixar sentimento de impunidade. Uma ferida se fechou, mas a cicatriz será eterna. A Michelle, ao final do juri, agradeceu por ajudarmos a encerrar esse ciclo. Foi uma pena justa e como ele já está há um ano e meio preso, em cinco ou seis anos já vai progredir para o semiaberto”, encerram os advogados, agradecendo o carinho com que foram recebidos pela comunidade de rio-negrinho.