RIO NEGRINHO. “Foi um misto de emoções que serão eternas”, diz Simone da Cruz Chagas que, neste domingo de Páscoa (09) ajudou o casal Caroline Stoeberl e Enrico Fagundes a trazer ao mundo a pequena Sara, em um parto que aconteceu na casa da família. Acionados, os bombeiros também auxiliaram no nascimento da pequena, ajudando no clampeamemto do cordão umbilical e levando mãe e filha para avaliação médica no hospital.
Simone falou ao Nossas Notícias sobre a emoção, alegria e medo também, durante o parto que ela definiu como um sucesso total e que coroou a família em uma data especial, que representa a ressurreição de Jesus Cristo, o filho de Deus.
“Agora que está ‘,caindo a ficha’, só tenho a agradecer. Na hora só pedi a proteção de Nossa Senhora do Bom Parto, a todos os anjos e mentores de luz. Foi um misto de emoções que serão eternas! Ganhei uma sobrinha, e eles disseram que a Sara ganhou uma tia”, contou.
“Comecei o atendimento à Carol quando ela estava de 30 para 31 semanas. Ela queria que esse parto fosse mais acolhedor e seguro. Iniciamos um trabalho de empoderamento, baseado em estudos científicos. Também trabalhamos o autoconhecer, as demandas e necessidades. Quiz mostrar que nosso corpo é capaz de ter um parto normal. Existem ainda paradigmas e questões culturais, adotados por muitos que dizem que a mulher ‘não dá conta’, mas temos possibilidade de ter parto o mais natural possível”, defendeu.
Sobre a questão do empoderamento mais especificamente, Simone contou que acompanhou a gestante na clínica e com a família.
“Treinamos posições de parto, mas a ideia era e é sempre de respeitar, acima de tudo, o que é melhor para a mãe e para o bebê. Foi algo que não tem como explicar, mas sempre com o pensamento de que ela acreditasse em seu potencial, em qualquer situação que estivesse. Essa é uma afirmação para todas as mães e mulheres, em especial nesse meu trabalho de doula. Que as mulheres sempre tenham a certeza de que seus corpos são maravilhosos e que elas conseguem, pois o corpo está preparado e com ele conseguimos conquistar muitas coisas, como ter um parto normal bem sucedido”, diz.
A especialista salientou que o parto saiu perfeito e que mãe e pai estavam empoderados.
“Eles depositaram uma confiança enorme no meu trabalho. Só tenho a agradecer também ao hospital, por nos receber com muito carinho, foi uma corrente de energia positiva. Cada um precisa fazer um pouco de si, formar uma corrente enorme. Vimos o sorriso dos enfermeiros, em pleno domingo de Páscoa; a sensação deles, que receberam a alegria da família, que trouxe a vida, com a mãe super bem”, destaca.
Conforme Simone, Carol foi até a Fundação Hospitalar no dia anterior ao parto.
“Eles a avaliaram e ela estava sem dor, com 2 centímetros de dilatação apenas. O médico fez cardio e não tinha contração, então ele sugeriu que começassem os procedimentos comigo. Porém, como o bebê estava ainda ‘alto’ para nascer, a Carol poderia ficar até na segunda em processo de trabalho de parto. Foi quando ela perguntou se poderia ir para casa; o médico perguntou se ela estava se sentindo bem e se era isso que a mesma queria. Então, para ela ficar mais tranquila, a família decidiu ficar em casa até mais próximo do nascimento, pois conforme o médico, o parto poderia acontecer até segunda-feira (10). Mas no dia seguinte, domingo, às 6h25 da manhã, pediram para eu ir na casa, porque estavam começando as contrações. Cheguei lá às 7h e ela estava tranquila, sentada no sofá”, lembra.
A doula disse que fez compressa, preparou o escalda pés e ainda fez pressão em alguns pontos dos meridianos.
“Ela estava de boa. Falei para irmos para o hospital, porque as contrações começaram a vir uma atrás da outra. O marido foi se arrumar para irmos, mas de repente o nenê estava nascendo. Eles então chamaram os bombeiros, porque não daria tempo de irmos até o hospital. Às 7h35 nasceu a Sara, nas minhas mãos, e três minutos depois os bombeiros estavam ali. Foi uma perfeição, uma emoção, um aprendizado e também um medo muito grande, mas a gente conseguiu. Ela nasceu corada, com 3.420 kg e 48 centímetros. Foi um presente de Páscoa além do esperado”, cita.
A profissional explicou ainda que não foi planejado que o bebê nascesse em casa, porque o parto em casa é considerado desassistido.
“O objetivo era não precisar ficar tanto tempo no hospital até a Sara nascer. A ideia do pai e da mãe era de que a gente fosse para a maternidade quando tivesse mais perto da bebê nascer. Não foi bem assim, mas foi tudo perfeito!”, desabafou.
Simone disse também que existem gestantes que tem riscos e há necessidade de cesária, mas mesmo nessas condições a mãe pode, sim, estar emponderada.
“Hoje estudos comprovam que 82% dos partos feitos por planos de saúde são cesárias, e desses, mais de 50% são com a data programada, em situações que não teria necessidade de fazer o procedimento. A gente não está romantizando o parto normal, pois em situações de risco há necessidade de cesária, mas são casos específicos. Quero finalizar deixando uma mensagem, com um pedido para que as pessoas lembrem que nossa humanidade precisa de amor, de acolhimento e de recepção mais afetiva”, encerrou