SANTA CATARINA. Enquanto as mulheres conquistam espaços no mercado de trabalho, uma sombra persistente paira sobre muitos ambientes profissionais: a violência psicológica contra mulheres trabalhadoras.
Este é um fenômeno que, embora menos visível do que outras formas de violência, deixa cicatrizes profundas e duradouras nas vítimas, afetando não apenas suas vidas profissionais, mas também seu bem-estar emocional.
Neste ano, a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Santa Catarina (FETIESC), participou dos 16 Dias de Ativismo contra a Violência Baseada no Gênero. Essa campanha se estendeu até hoje (10), quando é celebrado o Dia dos Direitos Humanos.
A entidade publicou vários materiais com sindicalistas de todo estado, em uma ação intitulada #16Days, que abordou as várias formas de violência enfrentadas pelas mulheres no mundo profissional.
Nesta perspectiva, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Papel, Papelão, Cortiça, Distribuidoras de Papel de Higiene e Limpeza, Indústrias Químicas, Material Plástico e Artefatos de Borracha de Rio Negrinho e Região (SINTIPAR), Cintia Ronska, explica que a violência psicológica no local de trabalho pode assumir diversas formas, desde humilhações sutis até comportamentos manipulativos e sabotagem profissional.
Conforme ela, muitas mulheres enfrentam pressões constantes, críticas não construtivas, isolamento social e até mesmo intimidação psicológica por parte de colegas ou superiores.
O impacto dessas práticas vai além do ambiente profissional, permeando a vida pessoal das vítimas.
“A constante exposição a um ambiente tóxico pode resultar em ansiedade, depressão e uma queda acentuada na autoestima. Muitas mulheres se veem presas em um ciclo de abuso psicológico, sem saber a quem recorrer ou como buscar ajuda “, denuncia a líder sindical.
Conforme ela, a cultura organizacional desempenha um papel crucial na perpetuação ou erradicação dessa forma de violência.
Neste sentido é que ela compreende ser necessário as empresas implementarem políticas claras contra o assédio moral, promovendo ambientes de trabalho saudáveis e criando mecanismos eficazes para denúncia e proteção das vítimas.
“É essencial que as lideranças empresariais reconheçam a importância de um ambiente de trabalho positivo e incentivem uma cultura de respeito mútuo. Programas de treinamento que abordem questões de violência psicológica, bem como apoio psicológico para as vítimas, são medidas fundamentais para romper com esse ciclo de abuso”, complementa.
Além disso, para Cintia Ronska, a sociedade como um todo também desempenha um papel crucial ao desafiar estereótipos prejudiciais de gênero e promover a igualdade no local de trabalho.
Segundo ela, a conscientização sobre a violência psicológica e a criação de redes de apoio são passos importantes na construção de um ambiente onde as mulheres trabalhadoras se sintam seguras e respeitadas.
“Ao dar visibilidade a essa forma sutil, mas devastadora, de violência, esperamos catalisar ações concretas para proteger as mulheres trabalhadoras. É imperativo que a sociedade se una para criar um futuro onde a violência psicológica não tenha espaço, permitindo que todas as mulheres possam contribuir para o mercado de trabalho sem o fardo do abuso emocional”, acrescenta.
Se você ou alguém que você conhece está sofrendo violência, ligue para a Central de Atendimento à Mulher pelo número 180 ou entre em contato com o seu sindicato.