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Atleta profissional por Joinville, rio-negrinhense treina com especialista americano e é destaque no atletismo nacional

Clewerton (no meio), com a esposa Maya e o treinador Cabanas em visita à família em Rio Negrinho / Foto: Katia de Oliveira/Nossas Notícias


O rio-negrinhense Clewerton Ruan de Sousa Siqueira, atualmente com 31 anos, é um verdadeiro vencedor. Não somente na modalidade que pratica, o atletismo, no qual se especializou no lançamento de dardos, mas também por conseguir se destacar depois de superar inúmeras dificuldades pessoais e financeiras.

Filho de Maria do Carmo de Sousa e Jocimir Siqueira, ele recebeu a reportagem aqui do Nossas Notícias na casa de sua sogra Almerinda. Na ocasião, ele estava acompanhado de sua esposa Maya, do filho e do técnico Erl Cabanas, professor de San Diego, na Califórnia (EUA).

No encontro ele contou um pouco de sua trajetória, dificuldades enfrentadas e conquistas, que servem de inspiração para todos, mesmo para quem não faz parte do mundo esportivo.

Seu pai Jocimir mora em Rio Negrinho há alguns anos e sua mãe é falecida. Ele mora em Joinville desde 2010, cidade para a qual foi em busca do sonho de ser atleta profissional.

“Essa história, esse sonho, começou na Escola Jorge Zipperer. Fui influenciado na época por um professor muito top, que é o Laenio Baldessar. Foi ele que me apresentou o atletismo”, recordou.

Na época, Clewerton estava na sexta série e depois acabou indo estudar na Escola Manuel da Nóbrega.

“Foi então que eu participei do Mundial Escolar. Isso foi em 2009 e eu fui para Doha, no Catar, justamente porque já tinha alguns títulos nacionais. Representei a escola, Rio Negrinho e o Brasil. Naquela época fiquei em 12º lugar, entre atletas de 48 países. Para mim, foi uma experiência única porque o lugar mais longe que eu tinha ido era Fortaleza. Nunca tinha me imaginado indo para outro país, mas graças ao esporte tive essa possibilidade”, recordou.

Ainda na Escola Manuel da Nóbrega ele teve outros professores incentivadores.

“Lá foram muito especiais a professora Salete Broll e o professor Volnei Schoeffel”, citou.

E daí sua trajetória só foi para frente. O rio-negrinhense começou a representar São Bento do Sul.

“Treinei dois anos por Rio Negrinho, mas a gente não tinha incentivo e acabou o Projeto Passe, que a prefeitura mantinha na época. Os técnicos foram dispensados e eu, que já estava num potencial alto, acabei indo competir por São Bento do Sul”, comentou.

Entre 2009 para 2010 surgiram oportunidades e Clewerton se mudou novamente.

“Fui para Joinville. Minha trajetória como atleta lá, graças a Deus é bastante vitoriosa. Tenho alguns títulos nacionais, Jogos Abertos, Troféu Brasil… Hoje sou medalhista e o terceiro do ranking nacional. Já venho há três anos classificado dentre os melhores do país, no lançamento de dardo, categoria adulta”, contou.

Ele lamentou que Rio Negrinho não tenha seguido com o projeto envolvendo o atletismo.

“Havia na época vários atletas com potencial iguais ao meu, mas que não tiveram a mesma oportunidade. Acredito que a cidade poderia repensar nisso, pois o atletismo é um esporte barato. Tenho certeza que Rio Negrinho tem de sobra, bastante talentos escondidos”, incentivou.

O atleta atualmente recebe bolsas esportivas e alguns patrocínios.

“Quando fui para Joinville o intuito era só treinar, mas só o bolsa atleta que eu recebia na época, não custeava todo o meu gasto. Trabalhei um tempo de servente de pedreiro até que fui selecionado para trabalhar na Embraco, que contratava atletas destaque, para trabalhar na empresa e se profissionalizar em outras áreas. Eu, por exemplo, me formei soldador e trabalhei 5 anos lá”.

Atualmente, além de receber valores como atleta profissional, Clewerton também tem uma empresa, e se divide entre o trabalho e os treinos, além das aulas da graduação de Educação Física.

“Treino diariamente, em uma média de 2 a 3 horas, dependendo muito do ciclo que estou”, disse.

“Agora vou entrar em férias por 4 semanas, pois fechei meu ciclo de competição com os Jogos Abertos, onde me tornei campeão novamente. Tenho 7 medalhas de ouro no lançamento de dardo e duas pratas”.

“Depois vou começar meu novo ciclo, pois ano que vem vão entrar alguns festivais, alguns estaduais e o Troféu Brasil, que é o principal hoje. Não treino mais tanto para os Jogos Abertos, e sim para o Brasileiro, porque a gente entra em um outro patamar. Os Jogos Abertos, não que seja uma competição fraca, é uma baita competição, muito forte, vindo muita gente de fora representar outros municípios, mas o meu ponto alvo é o Troféu Brasil”, explicou.

O Troféu, conforme ele, é a maior competição na América Latina entre clubes e Clewerton vai representar a Corville, que é o Clube de Corredores de Joinville.

O rio-negrinhense também contou sobre como encontrou o treinador Cabanas.

“Eu tinha uma amiga que estava correndo pelo sonho de representar o Brasil nas olimpíadas e ela foi treinar nos Estados Unidos. O técnico que a treinava não pode mais passar o treino e então entrou o professor Cabanas na jogada, por conta de um grande amigo nosso, que é o Zequinha Barbosa, medalhista em mundiais e olimpíadas. Ele apresentou o professor para essa minha amiga e ela começou a treinar com ele”.

“Ela ficou muito próxima do índice olímpico, e foi até uma pena não ter conseguido alcançar o feito. Passou algum tempo e fiz uma amizade com o Cabanas pelas redes sociais, foi ele que me fez o convite para ser seu aluno, já que eu vinha treinando sozinho. Meu ex-técnico recebeu uma proposta para ir para a Secretaria de Esportes de Joinville, para ser diretor técnico, e aceitou, e como eu já tinha um horário, um pouco ruim de treino, que é à noite, acabei treinando sozinho um tempo”, recordou,

“Como já tínhamos uma amizade, comentei isso com o professor Cabanas e ele me fez o convite. Juntamos o útil ao agradável e estamos há quatro anos nessa parceria”, diz.

Clewerton recebe todos os treinos pelas redes sociais.

“A partir do momento que eu comecei a treinar com ele, foi uma virada de chave como atleta. Quando eu estava competindo com os técnicos aqui do Brasil, normalmente ficava, em quinto ou sexto nos brasileiros. Com ele fiz o meu melhor resultado da vida! Também tive a oportunidade de participar de algumas competições internacionais representando o Brasil, também do GP Brasil, aonde fui melhorando os resultados. Consegui uma sequência nesses quatro anos e o único ano que não teve um resultado foi por conta da pandemia, mas os resultados estão sempre melhores”, comemorou.

Mensagem

“A minha mensagem para os jovens é que o esporte abre muitas possibilidades, te dá uma outra visão de vida. Sempre falo assim que na minha adolescência fui bastante problemático, aprontei muito na escola e fazia coisas erradas, mas quando o atletismo entrou na minha vida, foi um divisor de águas como pessoa também. Comecei a viajar, conhecer outras culturas e vi que tudo o que eu estava fazendo era errado e não era isso que eu queria”.

Clewerton também destacou que teve outros mentores como Evaldo Rosa, responsável por lhe ensinar o processo do lançamento de dardos e Luis Neri Pereira, mais conhecido como Magrão, que é o atual Secretário de Obras de São Bento do Sul.

“Eles me encaminharam na vida como pessoa. O esporte te dá outras possibilidades de você não ir para o caminho errado, você ocupar a sua cabeça com coisas boas. Você vai se transformar e vai te abrir outras possibilidades de também poder fazer uma faculdade, ter e fazer outras coisas”, frisou.

Além de tantos compromissos, o rio-negrinhense contou que com a graduação pretende se especializar em projetos relacionados ao esporte.

“A princípio é uma área que eu acho legal, uma área em que faltam profissionais de qualidade e para fazer a diferença. A minha ideia é fazer um projeto com o qual eu possa tirar as crianças da rua, para dar a elas as mesmas possibilidades que eu tive”, adiantou.

Clewerton finalizou destacando todo apoio que recebe da esposa.

“Ela me ajuda muito! Me incentiva muito no esporte e em todas as áreas da vida e é uma pessoa fundamental em todo sucesso nesta minha trajetória”, finalizou.

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