RIO NEGRINHO. Aline Eloíse Trento, tem 34 anos e é Cabo do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. Ela trabalha em Rio Negrinho, onde é a Cabo Eloíse e a única bombeira do batalhão.
Neste 2 de julho, Dia do Bombeiro, ela foi entrevistada pela reportagem aqui do Nossas Notícias, onde contou um pouco mais sobre sua história e a detalhou sobre a ocorrência que mais lhe marcou. Confira!
Nossas Notícias – Porque escolheu ser bombeira?
Cabo Eloíse – Costumo dizer que não escolhi ser bombeira, e sim, fui escolhida. Nunca tive o objetivo de seguir essa profissão, apesar de admirar muito. Minha mãe é professora de anos iniciais numa escola no Paraná e desde pequena fui incentivada a seguir seus passos. Vislumbrando isso, cursei o magistério, fiz licenciatura e iniciei a segunda graduação em pedagogia. Até que o Corpo de Bombeiros entrou em minha vida, quando fui aprovada no concurso para ingresso no Curso de Formação de Soldado.
Nossas Notícias – Há quanto tempo é bombeira e há quanto tempo atua aqui?
Cabo Eloíse – Sou bombeira desde 2014, após concluir o Curso de Formação de Soldados, em Florianópolis (SC). Depois de formada, já trabalhei em Criciúma, no Sul do Estado, e em Ponte Serrada, no Oeste, onde permaneci até 2021. Em meados de 2021, solicitei transferência para Rio Negrinho, onde desempenho a função operacional desde então.
Nossas Notícias – Como que é ser a única mulher bombeira aqui?
Cabo Eloíse – O CBMSC possui um contingente feminino muito inferior ao masculino, diga-se de passagem. Porém vejo que a cada dia novas mulheres buscam e ingressam na corporação. Isso demonstra que não há barreiras, sejam físicas ou psicológicas, para nós mulheres, que superamos os obstáculos que surgem durante a formação e no serviço diário. Hoje vejo que os demais colegas militares respeitam e me consideram como alguém em nível de igualdade, de modo que venho, inclusive, a ocupar a função de Chefe de Socorro, além de conduzir as viaturas de emergência (ambulância e caminhão de incêndio). Além disso, temos várias mulheres que nos auxiliam diariamente no serviço operacional, que são as bombeiras comunitárias, que de forma voluntária dedicam um pouco da sua vida ao próximo.
Nossas Notícias – Qual foi a ocorrência que mais te marcou?
Cabo Eloíse – São inúmeras as ocorrrências que marcam o nosso dia a dia de trabalho. Algumas ocorrências trazem o sentimento de tristeza, porém outras são revigorantes e nos preenchem com sentimento de alegria. Uma dessas ocorrências que tenho marcada no coração foi no atendimento de uma obstrução de vias áreas (OVACE) num bebê de aproximadamente 13 dias. Lembro que deslocamos o mais rápido possível, pois nesse tipo de atendimento cada segundo conta. Nossa central buscou orientar por telefone enquanto deslocavamos, porém os pais da criança, na ânsia de salvar o filho, entraram em seu veículo e vieram ao encontro da guarnição. Eles nos encontraram logo em seguida e a mãe, de forma desesperada, veio ao nosso encontro, entregando o seu filho já cianótico (com a cor azulada) em nossas mãos. Realizamos o procedimento e a criança logo desengasgou, vindo a chorar. Ocorrências como essa são comuns, porém neste dia o pai da bebê, ao ver que estava tudo bem, se ajoelhou aos nossos pés aos prantos agradecendo imensamente por termos salvado seu filho. A atitude desse pai ficou marcada na minha memória e me fez refletir que tudo que passei valeu a pena.