Nossas Notícias

Família de Rio Negrinho denuncia discriminação contra crianças autistas por parte de cliente de mercado em São Bento do Sul 

REGIÃO. Um casal de Rio Negrinho, pais de duas crianças autistas (uma frequenta a APAE), procurou a reportagem do Nossas Notícias para denunciar um fato ocorrido nesta noite (05), quando viram seus filhos serem vítimas de preconceito por parte de um cliente do Fort Atacadista, em São Bento do Sul.  

Eles destacaram que o fato não envolveu nenhum (a) colaborador (a) do mercado e que acharam interessante um dos diferenciais do estabelecimento, que é um caixa exclusivo para gestantes, idosos, portadores de deficiência, pessoas com crianças de colo e pessoas com transtorno do espectro autista.

“Enquanto estávamos nessa fila do caixa, uma pessoa passou e foi diretamente ao caixa. Percebemos que ela tinha a carteirinha do autista na mão, documento que também possuímos. Mas havia outras pessoas a nossa frente, que não se enquadravam para uso daquele caixa”, relataram. 

Foi quando o pai das crianças disse que decidiu ir até o guichê de informação para verificar como era o funcionamento do atendimento no caixa exclusivo (e não preferencial), deixando sua esposa com as crianças na fila.

“Lá fui informado que, com a carteirinha do autista em mãos, não precisaríamos aguardar, e sim ir diretamente na boca do caixa para sermos os próximos atendidos. Mas enquanto isso, na fila, minha esposa perguntou a uma senhora que também estava indo direto para este caixa, como funcionava o atendimento. Nesse momento um ‘cidadão’ que estava na fila, a nossa frente, virou-se e começou a se alterar, dizendo que minha esposa queria arrumar confusão, que se ela quisesse ‘passar na frente’, era só pedir. Ele também disse que o caixa não era exclusivo e que ele poderia usar o espaço se não tivesse fila ali, o que não era o caso”, relatou.

“Como a fila estava grande, ele ficou alterado, hostilizando, insistindo em dizer que nosso intuito era de fazer tumulto. Quando retornei para a fila com a informação de que poderíamos ir para a frente, ele continuava discutindo e reclamando, até que pegou suas coisas e saiu…. Pouco depois voltou sem as compras, parou na nossa frente e falou para minha esposa: ‘se eu tivesse um filho autista, eu deixaria ele em casa, para ele não passar por isso'”, lamentou o pai das crianças.

Ele e a esposa falaram que depois que o cidadão saiu, ouviram de quem assistiu a cena, muitos “que ridículo”,  “que homem grosseiro”,  “que falta de educação”. 

“Mas só quem passa na pele entende o que sentimos no momento… Ouvir de alguém que não tem ideia do que é o autismo, que devemos deixar nossos filhos em casa é uma discriminação com o direito de ir e vir, independente de qualquer outro tipo de comorbidade que nossos filhos ou qualquer outra pessoa possa ter . Ao relatar o fato para a equipe do Fort, eles comentaram que já presenciaram vários clientes com esse tipo de comportamento, o que só nos deixa ainda mais tristes com esse tipo de situação. Estamos inconformados”.

Eles finalizaram fazendo um pedido a toda comunidade. 

“Gostaríamos que as pessoas colocassem mais a mão na consciência, que não utilizassem vagas que não são de seu direito. Isso porque alguém pode precisar, mesmo que o lugar esteja vazio. Ninguém entende o que é o dia a dia com uma criança autista… e vir alguém ignorante, sem ideia nenhuma do que é isso, do que são as lutas, apontar o dedo e dizer que querer nosso direito é querer ‘fazer confusão’, é desanimador com a humanidade. É triste saber que nossos filhos precisam conviver com pessoas assim. Eles presenciaram tudo! E ainda mais triste saber que não será a última vez que passaremos por isso. Fizemos questão de relatar o fato para que ‘talvez’ assim, de pouco em pouco, essas pessoas sejam as que fiquem em casa”. 

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