O corpo de Aldemir Tavares, radialista de Rio Negrinho que morreu após um infarto na manhã de hoje (06), será velado na Câmara de Vereadores a partir das 14h. A informação foi confirmada pela direção da Câmara e pela Funerária São Gabriel. O sepultamento está marcado para amanhã (07), às 09h30, no Cemitério Jardim Parque da Colina.
Aldemir fez história no rádio, trabalhando por muitos anos na Rádio Rio Negrinho, emissora onde atuava atualmente.
Também foi Secretário de Habitação na gestão do ex-prefeito Osni Schroeder. Além da voz marcante, deixou um legado de muitas conquistas pessoais, profissionais e o carinho de muitas pessoas além do reconhecimento de todos os que ajudou de alguma forma.
A reportagem do Nossas Notícias conversou na manhã de hoje, com o radialista Valdecir das Neves, colega de Tavares na Rádio Rio Negrinho.
Ele adiantou que prepara um completo material sobre a trajetória do profissional, como forma de homenageá-lo em nome de toda a emissora. A veiculação do material está prevista para acontecer amanhã (07), pela manhã.
Em 2018, Aldemir concedeu ao repórter Dimas de Freitas, do portal SBS Online e Rádio Liberdade FM, a entrevista que reproduzimos abaixo.
Trajetória
Nascido em 19 de dezembro de 1950, em Rio Negrinho, Aldemir Tavares, mantém sua boa forma em frente ao microfone, seu vozeirão é a marca registrada.
É com ele que vamos voltar ao tempo e os bons tempos quando era criança. Aldemir gostava de brincar de zorra com os amigos no morro da antena da Rádio Rio Negrinho.
Ele explica que quando a zorra desmontava descia o morro numa casca de coco e próximo tinha um campo de futebol, era de terra batida. Aos domingos Aldemir conta que se reuniam amigos convidados de outros bairros para o jogo. Os campeonatos de bolinha de gude (peca), também eram tradicionais.
Aldemir conta que o que mais gostava era de pescar com seu pai no Rio Negrinho. A família era numerosa, 11 irmãos, dai todos auxiliavam desde cedo. Tavares começou a trabalhar com apenas 10 anos. A infância e adolescência foi só trabalho e seu primeiro emprego foi em uma Olaria chamada Luiz Engel e Cia, onde trabalhou por dois anos.
A Rádio chegou em sua vida aos 12 anos
O maior sonho de Tavares era trabalhar em rádio. Ele lembra que um dia sentado em frente a um Rádio da marca Semp Toshiba ouviu o locutor fazer uma chamada que a Rádio Rio Negrinho estava contratando um sonoplasta para admissão imediata, isso na década de 60, tinha apenas 12 anos.
“Eu não pensei duas vezes, saí correndo para fazer minha inscrição naquele dia 16 de Janeiro de 1963. Passei por um teste escrito e leitura de texto com outros 12 concorrentes e no mesmo dia fui informado que começaria a trabalhar no dia seguinte”, conta com os olhos cheios de lágrimas.
Sobre a adolescência Tavares diz que aproveitou pouco porque tinha que trabalhar.
“A rádio chegou em minha vida no dia 17 de Janeiro de 1963 como sonoplasta e com 15 anos passei para a locução”, revela.
Programa Cortesias Musicais
Tavares lembra que o primeiro programa que apresentou foi o famoso programa “CORTESIAS MUSICAIS”, era todos os domingos das 13 até às 18 horas.
As músicas do programa eram solicitadas pelos ouvintes que ofereciam para os integrantes da família e amigos que estavam fazendo aniversário.
“Tocava de tudo, Banda Treml, Banda Musical Rio Negrinho e Tonico e Tinoco. Tempos bons que não voltam mais. Além da Rádio Rio Negrinho, trabalhei por dois períodos na Rádio São Bento e em outras profissões atuando em diversos segmentos e até hoje trabalhando agora na Rio Negrinho FM”, lembra.
A rádio nos dias atuais
Tavares revela sobre o rádio nos dias de hoje é assim, sempre que surge uma nova plataforma de mídia, os especialistas se apressam para fazer suas previsões sobre a morte do segmento mais tradicional. Isso não é privilégio dos dias atuais, em que a tecnologia reuniu todos os tipos de mídia em um só aparelho.
Tavares diz que no início do século passado, tínhamos o monopólio da imprensa escrita, e com a chegada das rádios populares, muita gente decretou o fim dos jornais — que ainda estão entre nós. Com a chegada da TV, foram as rádios que ficaram com os “dias contados”. Os meios de comunicação se adaptam e se integram às novas tecnologias cada vez mais.
Nesse contexto, os rádios continuam ocupando o seu espaço como mídia mais democrática e portátil.
Passagem marcante : a enchente de 1983
Tavares lembra que uma passagem marcante em seu trabalhado como radialista, foi a maior maior tragédia em 1983.
“Naquela época só existia a Rádio Rio Negrinho que também foi atingida pelas águas. Tivemos que deixar o local e transferir os equipamentos para o morro da antena para fazer a transmissão de tudo o que está estava acontecendo durante o dia e noite. A cada minuto o telefone tocava, eram chamadas de socorro para atender famílias atingidas que precisavam de comida, de transporte, roupas e outros pedidos, foram dias intermináveis, pois a água não baixava. Enfim, dever cumprido com o trabalho e a importância que uma Rádio representa em uma comunidade”, comenta.