SÃO BENTO DO SUL. É com tristeza que dona Maria Aparecida da Luz, mais conhecida como Cida, contou na tarde de hoje (19) à reportagem do Nossas Notícias, os momentos em que ela e moradores da rua Orientes Cardoso de Oliveira, no Alpestre, apagaram o fogo que atingiu o quarto e o forro da casa onde morava Ralf Alves de Lima.
Ele residia no local com a mãe, que estava no quarto do meio e conseguiu sair da casa durante um incêndio que aconteceu por volta das 04h19 deste sábado (18). Cida contou que quando os vizinhos perceberam o que estava acontecendo, logo foram prestar socorro à família. Porém, por uma fatalidade, quando os bombeiros chegaram, apesar das chamas já terem sido extintas, o corpo de Ralf estava carbonizado.
“Foi tentado entrar pela janela, para ver se alguém conseguia ver ele e tirá-lo dali. Mas não tinha como ver nada… Pense numa fumaça preta e num cheiro muito forte de queimado. Enquanto apagavam o fogo com uma mangueira, pelo lado de fora, peguei o cabo da vassoura e entrei na casa. Fui empurrando os forros que estavam caindo, derretidos, na tentativa de chegar até o quarto dele. Consegui chegar na metade do quarto, mas vinha muita fumaça e estava me faltando o ar, até que chegou num ponto que não tinha como eu continuar”, contou.
Segundo Cida, pela forma como o corpo foi encontrado, dá a entender que Ralf teria conseguido chegar até a janela do quarto, na tentativa de se salvar.
“Acredito nisso porque ele estava com o braço na janela, o guarda roupas chegou a cair em cima dele,… Estamos muito abalados, mas fizemos o que pudemos. Ainda salvamos algumas das poucas coisas que restaram, as tirando para fora”.
A moradora falou que durante a madrugada, primeiro escutou alguém gritando e depois uns estalos, que conforme ela por ora pareciam ser de bombinhas mas em alguns momentos também pareciam com os de vários tiros.
“Num primeiro momento não dei muita bola para os gritos porque às vezes tem gente que faz barulho. Mas quando ouvi os estalos e percebi que havia vizinhos se movimentando na rua, fui ver o que estava acontecendo. Foi então que ouvi alguém gritando que tinha pegado fogo na casa do Ralf. Eu e meu marido também saímos correndo e fomos lá”.
Cida declarou que conhecia Ralf há muitos anos e que ele morava há cerca de 4 meses no local. Ela o descreveu como um bom filho e boa pessoa.
“Ele trabalhava de pedreiro e cuidava da mãe. Quando estava trabalhando, eu também ajudava a cuidar da mãe dele. Era muito atencioso, uma pessoa boa. Podia estar triste, mas fazia todo mundo rir, gostava de festa e de estar com os amigos”.
Conforme Cida, Ralf tem um irmão gêmeo, que foi ao local.
“A família está muito abalada”, frisou.
Ela citou ainda que Ralf tinha também as suas tristezas, mas as guardava para ele.
“Só quem conhecia e convivia com ele há muitos anos é que sabe. Não perdemos só um amigo, perdemos um membro da família. Estávamos sempre em contato, ele mandava selfies de onde estava e será sempre uma pessoa muito especial para nós. A mãe dele disse que ele tinha ido dormir. Fico pensando se de repente enquanto estávamos tentando apagar o fogo e chamando ele, ele poderia estar vivo ainda, apesar de não termos ouvido sua resposta. Agora estamos aguardando saber sobre a chegada do corpo e o sepultamento para podermos nos despedir”, finalizou.
De acordo com a Funerária São Gabriel, responsável pelo sepultamento, o IML trabalha na busca de uma forma para identificar oficialmente as impressões digitais de Ralf, já que o corpo ficou em estado bastante delicado. A identificação oficial, conforme as primeiras informações, pode levar desde algumas horas a até quatro dias para acontecer.
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