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Especialistas orientam sobre como curtir o verão sem colocar em risco a saúde dos seus olhos

A atenção à saúde ocular precisa ser habitual, porém o verão requer ainda maior zelo para não perder nada de vista. Isso porque, nos meses quentes e úmidos, os olhos ficam mais expostos aos raios ultravioleta (UVA e UVB) do sol e a bactérias, vírus e fungos, em contato com águas do mar, de piscinas, rios e cachoeiras, vento, ar-condicionado, poeira e outros poluentes.

Nas férias, igualmente, há um risco elevado de acidentes, em casa ou em viagens, que podem afetar a visão. Para aproveitar a estação mais esperada do ano, enxergando tudo com clareza, oftalmologistas do grupo Opty orientam adultos e crianças.

Confira a seguir:

Como escolher os óculos de sol

São acessórios imprescindíveis para evitar lesões aos olhos, especialmente à retina, área que capta os sinais luminosos e os envia ao cérebro, onde são geradas as imagens. E, na hora de escolher o modelo, o critério relevante é que ele tenha barreira contra raios ultravioleta (UVA e UVB) do sol. 

Mas como ter certeza de não estar comprando “gato por lebre”?

A oftalmologista Joana de Farias, da EyeCenter Unique (Leblon e Barra da Tijuca na capital carioca) e especialista pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), diz que só é possível por meio de aparelhos específicos.

Um deles é o lensômetro, utilizado em óticas e consultórios de oftalmologia. Ele serve para confirmar se o grau das lentes está de acordo com a receita médica, e também se o modelo tem a barreira (e qual nível de bloqueio) contra os raios UVA e UVB. Para isto, o acessório precisa proporcionar pelo menos 98% de proteção.

Logo, é melhor adquirir seus óculos escuros em óticas de boa reputação, que vendem artigos de marcas originais. E verifique se eles vêm com certificação ou selo, que comprove que o fabricante cumpre todas as normas.

Uma dica: óculos com proteção UV 400 quer dizer que suas lentes inibem a entrada de comprimentos de onda menores que 400 nm/0 (nanômetros), o que incluem os raios UVA e UVB, invisíveis aos olhos.

Outro toque: teste os óculos de sol olhando para frente e para os lados. E veja se as lentes apresentam grande distorção. Cuidado com lentes descascando. Pode ser sinal de artigo de má qualidade.

“Ao usar óculos escuros, a pupila se dilata. Portanto, opte por um modelo com certificação contra os raios UV. Em geral, os fabricantes aconselham trocar a cada dois anos, porém isso depende de como o usuário cuida dos seus óculos. Podem durar muito mais tempo”, afirma a dra. Joana.

Pessoas que já utilizam óculos devido a algum erro refrativo (miopia, astigmatismo, hipermetropia ou vista cansada) podem ter o modelo de sol com grau. E, nesses casos, devem consultar antes um oftalmologista, para saber qual é a opção adequada.

“A melhor lente e armação é a que traz conforto. Isso vale também para crianças, com a recomendação de, nesse caso, ser um material maleável”, orienta a oftalmologista.

Com relação aos benefícios de óculos com lentes alaranjadas, âmbar ou rósea, a dra. Joana reforça que o importante é que elas recebam o tratamento contra raios UV. 

“Em certas alterações da retina, lentes com filtros especiais muitas vezes melhoram o contraste e reduzem o tempo de adaptação a diferentes condições de iluminação. As lentes de cor marrom ou âmbar, por exemplo, apuram a visão em nevoeiros. As de cor rosa são boas em ambientes iluminados por lâmpadas fluorescentes e no uso de computador. Porém, antes de comprar qualquer tipo de óculos, consulte o oftalmologista. Caso contrário, poderá sofrer ou piorar um distúrbio de visão” – enfatiza a oftalmologista.

Também é primordial preservar os olhos de lesões durante atividades físicas. Segundo a Academia Americana de Oftalmologia (AAO), cem mil crianças e adultos nos Estados Unidos sofrem algum tipo de lesão ocular em um ano enquanto se exercitam. E 42 mil, em média, precisam de pronto-socorro, com custos estimados em US$ 200 milhões/ano.

Para reduzir os riscos, prefira artigos firmes, com pontes suaves, tiras elásticas para prender atrás da cabeça e hastes próprias para diferentes esportes. No caso de indivíduos que apresentam miopia, astigmatismo ou hipermetropia há possibilidade de cirurgia para redução do grau, que deve ser realizada por oftalmologista capacitado para o procedimento. As lentes de contato facilitam as atividades físicas. Também existem óculos fabricados com materiais específicos para se exercitar e com o benefício de fazer a barreira mecânica.

“A haste pode circundar a orelha, sendo boa alternativa para esportes com bolas, ou reta, modelo ideal para ciclismo e andar de skate, pois se encaixa melhor sob o capacete. Se necessário lentes corretoras, elas devem ser com material resistente, tipo resina de policarbonato, que é forte, leve e fina”, prescreve a dra. Joana.

Aprenda a usar lentes de contatos com segurança

Usuários de lentes de contato precisam de precaução maior com higienização e armazenamento no verão, porque no calor e na umidade há maior proliferação de germes, lembra a oftalmologista Liane Iglesias, da Visclin Oftalmologia (empresa do Grupo Opty em São Paulo) e doutora pela Universidade de São Paulo.

Para limpeza e desinfecção das lentes, antes de tudo, deve-se lavar as mãos com sabonete bactericida e secá-las bem.

Quem usa modelos rígidos, deve friccionar tanto a parte de cima quanto a de baixo com movimentos circulares por cerca de trinta segundos. Em seguida, precisa enxaguá-las com a solução específica. Encha o estojo, higienizado com a solução de limpeza para guardar as lentes. Esse processo deve ser feito diariamente ao retirá-las e/ou antes de dormir.

A limpeza das gelatinosas é semelhante à das rígidas. A diferença é que cada tipo requer um produto próprio e a etapa de higiene deve ser menos intensa, pois o material é delicado.

 “Nunca aplique soro fisiológico, água boricada, saliva ou água corrente nas lentes. Essas substâncias não possuem agentes para lubrificar e desinfetar”, adverte a dra. Liane.

Outra regra primordial para usuários de lentes de contato é evitar, sempre que possível, tomar banho, entrar no mar, em cachoeiras e rios com esses acessórios. Isso em razão de esse hábito aumentar o perigo de infecção ocular por micro-organismos (em certos casos, podem causar cegueira). Além disso, o banho de mar desidrata o material das lentes, dificultando sua retirada dos olhos. 

“Na prática de atividades físicas, a dica é pôr lentes de descarte diário, com indicação do oftalmologista. Então, se entrarem em contato com água ou outra substância, descarte-as e as substitua por um novo par. E use óculos de natação”, recomenda a dra. Liane.

Assim como os óculos de sol, algumas lentes de contato oferecem proteção contra raios ultravioleta do sol. Deve-se selecionar modelos contra UV classe I (filtra 90% dos raios UVA) e UV classe II (bloqueia pelo menos 50% dos raios UVA e 95% dos raios UVB). Contudo, isso não significa abrir mão dos óculos de sol! A exposição ao vento, à areia e a outras partículas no ar resseca e irrita os olhos.

Se cair filtro solar nos olhos, retire de imediato as lentes de contato, lubrifique os olhos com colírio (receitado pelo oftalmologista) e recoloque as lentes somente após a higienização. E mantenha seus olhos sempre lubrificados, especialmente em ambientes mais secos, com vento ou ar-condicionado. 

“Evite usar lentes de contato além de 12 horas ininterruptas. E jamais durma com elas, porque esse hábito reduz a oxigenação dos olhos. Se sentir desconforto, dor, vermelhidão, fotofobia e coceira nos olhos, retire as lentes e coloque os óculos de grau. Ao persistirem os sintomas, consulte seu oftalmologista urgentemente. Nunca faça automedicação”, salienta a oftalmologista.

Para ter maior proteção aos olhos

Estudos indicam que a exposição ao sol, sem proteção, por muitos anos, eleva o risco de pinguécula (lesão amarelada e um pouco elevada que se forma no tecido superficial à esclera), pterígeo (formação indolor protuberante, geralmente benigna, na conjuntiva e que pode atingir a córnea), catarata precoce (opacificação do cristalino, a lente natural), degeneração da mácula (parte da retina responsável pela visão nítida, clara, em detalhes e a percepção das cores), tumores oculares e câncer na pele ao redor dos olhos, revela o oftalmologista Eduardo Rocha, do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB, do grupo Opty).

Cinthia R. Teló Sato, oftalmopediatra do Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem

“Pinguécula e pterígio estão relacionadas à exposição prolongada a raios UV, ao vento ou à poeira, ao fumo e à água clorada. A segunda condição cresce lentamente, podendo se sobrepor à córnea e causar astigmatismo”, comenta o dr. Rocha.

Outra queixa bastante comum no verão é a conjuntivite, inflamação da conjuntiva, fina membrana transparente que reveste o globo ocular e o interior das pálpebras. Essa condição pode ser alérgica, viral e bacteriana, com alto risco de contágio nos dois últimos casos, em locais com grandes aglomerações. A viral é transmitida pelo mesmo vírus que do resfriado comum e se espalha rapidamente. E os principais sintomas são: olho avermelhado, irritado, lacrimejando, com sensação de areia, sensibilidade à luz e ardência. Também nessas situações é imprescindível consultar um oftalmologista imediatamente. 

Para relembrar: usar óculos de sol de boa qualidade com proteção UV, chapéu e procurar ficar em ambientes com sombra, manter a higienização das mãos, não coçar ou tocar os olhos, não compartilhar maquiagem, nem usar esses produtos com prazo de vencimento expirado, são cuidados básicos para crianças e adultos, orienta Cristian Santa Cruz, oftalmologista do DayHORC (do Grupo Opty, em Salvador, e fellow em córnea no Wills Eye Hospital (Estados Unidos). Ele faz outras observações:

“Evite passar horas no ar-condicionado, porque leva ao ressecamento ocular e à ceratite, lesão de córnea. Só aplique colírio lubrificante com a indicação do oftalmologista”, complementa.

Os indivíduos com certas condições oculares devem ter ainda mais zelo com a visão na estação mais quente do ano. Em pós-operatório (até 30 dias) recente de cirurgia de catarata devem ter cuidado redobrado com infecção. Precisam aplicar colírios antibióticos e anti-inflamatórios receitados, sair com óculos de proteção próprios para essa fase – com filtros e mais fechado tanto na frente quanto nas laterais para evitar o excesso de iluminação –, também indicados pelo oftalmologista. O ideal é evitar piscina e praia no pós-operatório.

“Ter glaucoma não é empecilho para frequentar praia e piscina. No entanto, a pessoa não pode esquecer os colírios, a higiene e a proteção dos olhos na exposição ao sol”, sublinha o dr. Rocha.

Redobre a atenção com as crianças

Com mais tempo nas férias do verão, crianças estão suscetíveis a acidentes domésticos, que podem afetar a visão, comenta a dra. Cinthia R. Teló Sato, oftalmopediatra do Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem (do Grupo Opty, em Joinville-SC). Sendo assim, é melhor prevenir. A especialista explica de que forma:

 “Em ambientes com crianças, evite o fácil acesso a objetos pontiagudos e produtos químicos de limpeza. O ideal é guardá-los em local seguro. Alguns brinquedos em piscinas ou praias podem causar acidentes graves, como artigos que espirram água. Se o jato for forte e atingir o olho, pode levar a uma emergência médica”, lembra a dra. Cinthia.

A oftalmologista tem outras sugestões para os pais e/ou responsáveis. “Depois de um dia na praia ou na piscina é comum crianças apresentarem olhos vermelhos. Porém, no dia seguinte eles devem estar normais. Se esse sintoma permanecer e surgirem outros, como coceira, irritação e acúmulo de secreção, procure um oftalmopediatra com urgência. Podem ser sinais de conjuntivite ou outro problema de visão”, acentua a oftalmologista. 

Em viagens, um conselho é levar óculos de grau reserva e de sol, para tê-los à mão em qualquer situação.

Globalmente, cerca de 2,2 bilhões de pessoas têm deficiência visual ou cegueira, de acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS); e metade dos casos poderiam ter sido evitados com a consulta de rotina ao oftalmologista e a adoção de hábitos saudáveis. E, conforme o documento

“As Condições da Saúde Ocular no Brasil”, a prevalência da cegueira – de diferentes formas – na população brasileira (208.494.900, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE) é estimada em 1.577.016 (somando crianças, adolescentes e adultos), sendo 859.416 nas classes B e C, 543.600 na faixa mais pobre e o menor índice, 174.000, no grupo rico. E a mensagem mais importante é: a maioria das alterações nos olhos tem prevenção, diagnóstico precoce e tratamento.

Para manter a boa saúde ocular, em qualquer estação do ano, é essencial; além da consulta ao oftalmologista, praticar atividades físicas regularmente, ter sono reparador, controlar o estresse, não fumar e fazer alimentação balanceada (rica em carboidratos integrais, proteínas com poucas quilocalorias, verduras, hortaliças, frutas e gorduras boas).

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