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Um ano de pandemia: rio-negrinhenses contam como foi perder os pais para o COVID-19

RIO NEGRINHO. Em um período no qual a pandemia completa um ano, com mais de 280 mil mortes no país, a reportagem do Nossas Notícias dá início hoje a uma série de matérias sobre o impacto dos efeitos do coronavírus na cidade. São matérias que retratam as várias faces da pandemia, com relatos de quem perdeu familiares para o COVID-19, de pessoas recuperadas, exames e resultados, empresas que cresceram nesse período e outros. Hoje apresentamos os relatos de dois rio-negrinhenses que falaram sobre a dor da perda dos familiares para o coronavírus, que apenas na cidade já contabilizou mais de 2.100 casos e vitimou 30 pessoas. [caption id="attachment_44462" align="alignnone" width="300"] Na foto, Olívio, vítima fatal do coronavírus, está de camisa xadrez[/caption] “Meu pai era uma pessoa bastante ativa, até demais para a idade dele”, diz Marcos Pires, que perdeu o pai, Olívio Pires, aos 77 anos, no dia 12 de janeiro de 2021 na Fundação Hospitalar Rio Negrinho. Marcos conta que o pai havia feito o teste de Covid em outubro do ano passado, mas que este acusou negativo para doença. Cuidados eram constantes  Ainda assim passou a redobrar os cuidados, carregando com ele sempre álcool em gel e usando máscara em todos os lugares que ia. “Até me admirava que uma pessoa de idade como ele usava a máscara, quando muitos hesitam”, cita. “Sempre com os devidos cuidados, ele saia para os lugares como na agropecuária para comprar ração para os bichos dele”, diz. Segundo o filho, o pai apenas tomava remédio para labirintite, mas não se queixava em momento algum da saúde. “Ele ficaria doente se ficasse parado”, lembra. Tudo começou no fim de 2020 Contudo, no final do ano passado Olívio passou mal e foi levado pelos filhos ao hospital. “O médico constatou que ele estava com Covid e com o pulmão comprometido. Ele acabou ficando em observação e após sete dias foi intubado, não resistiu e veio a óbito”, relata Marcos. “A ficha não caiu ainda para a família. Como ele contraiu não se sabe, pois tomou todos os cuidados. Nem nos visitamos no Natal e ano novo, não houve festa e nem aglomeração”, lembra ainda o filho. O adeus dado pela metade “E assim ele se foi, sem a gente poder tocar, sem abraçar, sem poder falar nada. O corpo dele foi lacrado e direto para o caixão”, diz ainda. “Acho que a pior dor é não poder se despedir, apenas olhar através de um vidro. Meus irmãos que moram aqui em Rio Negrinho ainda se reuniram e deram um último adeus através desse mesmo vidro, oportunidade que os irmãos que moram em Curitiba não tiveram”, lamenta. Mensagem “Temos que valorizar as pessoas que amamos enquanto as temos, enquanto estão vivas. O vírus esta ai, não tem cura. A forma de evitar é o distanciamento e uso de álcool gel e máscara”, encerra. A história de Salete Schulz e seu pai Salete Shultz perdeu o pai Affonso Weiss, o Killy, aos 87 anos, também para a Covid-19 no início do ano. A filha conta que o pai tinha uma saúde invejável para a idade que tinha. “Ele acordava cedo, fazia suas caminhadas e andava descalço para captar a energia da terra”, lembra. “Ainda em novembro do ano passado ele renovou a CNH, mas infelizmente não chegou a pegar”, cita ela que lembra que o pai tinha uma memória incrível para as quase nove décadas de vida e que diferente de muitas pessoas, até mais novas que ele, não tinha o hábito de se deitar a tarde após o almoço. A primeira queixa no final de novembro [caption id="attachment_44463" align="alignnone" width="300"] Na foto, Affonso Weiss, outra das vítimas de COVID, está de camisa azul[/caption] Ela lembra ainda que, para surpresa de todos, no final de novembro ele se queixou pela primeira vez de estar se sentindo fraco, isso enquanto estava carpindo. “Notamos que no final de novembro ele foi emagrecendo, e em dezembro ‘desacelerou’ passou a pedir ajuda para algumas tarefas, mas não se queixava de dores”, lembra. Em dezembro No dia 20 de dezembro a família conta que procurou o hospital pois suspeitava que o idoso estava com Covid. “O médico disse que ele estava com o coração fraco, para a gente esperar passar as festas e levar ele no cardiologista. Mas percebemos que os sintomas dele não eram de alguém que estava com coração fraco”, conta Salete. Uma segunda consulta O pai foi novamente levado ao médico que o medicou contra os sintomas de Covid, já que naquele momento ele estava com tosse. “Ele fez uso dos remédios e logo teve melhora, isso foi no dia 24 de dezembro. Acreditávamos que ele iria vencer o vírus, mas passado o Natal, a fraqueza avançou e ele foi para o Pronto Atendimento”, lembra a filha. Ainda segundo Salete, com nova medicação, o pai começou a se sentir mal, com sintomas que iam desde a fraqueza, que aumentava, até outros como pressão baixa e temperatura do corpo baixa, mas em nenhum momento falta de ar. No dia 8 de janeiro No dia 8 de janeiro, uma sexta-feira, a família teve que recorrer ao SAMU para que novamente Affonso Weiss fosse levado a Fundação Hospitalar, só que desta vez para não mais voltar. Ele acabou internado e no sábado, novamente testado para Covid, o exame apontou a doença, mas eu um grau fraco, também com leve pneumonia. “No final da tarde do sábado eu estava com ele e ele pediu pra virar para o lado, se queixou de dor no peito, dor no braço. O enfermeiro chamou o médico, mas ele acabou infartando em decorrência de complicações da Covid. Parece que é mentira, que ele ainda não se foi. É muito difícil”, relembra Salete. “As pessoas precisam se cuidar muito porque a doença é um fato, não é brincadeira. Tem pessoas que vencem a Covid, mas a Covid também vence muitas pessoas. Ainda assim agradeço por poder ficar com meu pai até o final”, conta. “Infelizmente, por dois meses, ele acabou ficando sem a vacina, que poderia ter salvo ele”, diz ainda Salete, lembrando que a mãe, que também contraiu o coronavírus recebeu a primeira dose na semana passada. “A vacina está ai, as pessoas não deveriam se revoltar tanto com o lockdown. É preciso pensar na vida, todos precisam trabalhar, pagar contas, mas todos precisam se cuidar até a vacina chegar”, encerra. Promoções  

 
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