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"A violência psicológica deixa às vezes muito mais danos que a violência física", destaca psicóloga da DPCAMI de São Bento do Sul em evento sobre a lei Maria da Penha e a pandemia

SÃO BENTO DO SUL. Quando se ouve falar em violência contra a mulher, a primeira imagem que comumente vem à cabeça é de uma mulher machucada, com marcas e hematomas pelo corpo e outras evidências, decorrentes de uma agressão física. Porém, há vários outros tipos de violência, sendo um deles materialmente invisível e que deixa marcas que somente a vítima vê, ou melhor, sente. Trata-se da violência psicológica, sobre a qual explanou a psicóloga Suelen Bianca Araújo no evento online sobre a Lei Maria da Penha e a Pandemia, promovido pela Polícia Civil de São Bento do Sul em parceria com o campus da Univille do município. Suelen é psicóloga policial civil e trabalha na DPCAMI ( Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso) de São Bento do Sul. A profissional também é professora dos cursos de Psicologia e Direito da Universidade do Contestado de Rio Negrinho. Ela frisou que a violência contra a mulher é praticada de várias formas combinadas. “A violência contra a mulher nunca é um fato isolado. Por exemplo, a violência física vem sempre acompanhada da violência psicológica ou da violência sexual. Mas de todas as formas, a violência psicológica está presente em grande parte das combinações de violência”. Além da violência física, psicológica e sexual existem ainda a violência patrimonial e a moral. “Não é tão incomum ouvir mulheres alegando que preferiam levar um tapa a ouvir um determinado tipo de comentário acerca dela. Isso mostra o quanto a violência psicológica é agressiva também”. E a agressão psicológica, assim como a física – e até mais – provoca sofrimento e deixa danos. De acordo com Suelen, o sofrimento psicológico é mais leve; porém o dano é mais severo, deixando sequelas crônicas, que podem persistir mesmo depois que a vítima rompe com o ciclo de violência em sua vida. “A mulher pode ter depressão,por exemplo, mesmo depois de ter rompido esse relacionamento. Também apresentar sintomas como dor de cabeça, dor nas costas…Por isso é muito importante uma escuta ativa, para averiguar se esses sintomas estão relacionados a episódios passados de violência. Senão, a raiz do problema acaba não sendo tratada”. A especialista evidenciou também que a violência psicológica está atrelada muitas vezes à depressão, ansiedade, transtorno do estresse pós traumático, abuso de álcool e drogas, transtornos bipolares, tentativas de suicídio e até o próprio suicídio. “Quanto mais grave for a violência e quanto mais tempo ela durar, maior a chance da vítima ter um sofrimento ou dano psicológico”. Ela citou também que a violência contra a mulher é um fenômeno que fatalmente faz parte da realidade diária de milhares de mulheres no Brasil e no mundo. “De acordo com a Organização Mundial de Saúde, em 2013, 35% das mulheres foram vítimas de violência sexual ou física. De acordo com o Instituto Avon, no Brasil, 3 de cada 5 mulheres são vítimas de violência física ou sexual, exercidas geralmente por parte do companheiro marido, namorado ou ex”. Para ela, não basta judicializar a questão da violência doméstica , embora essa seja uma fase fundamental. “A questão é trabalhar também a prevenção, percebendo a violência como um fenômeno multifatorial e engajando a rede de proteção à mulher e a sociedade de forma geral”. Dentre as várias formas de intervenção possíveis, ela evidenciou o trabalho para promover mudanças culturais e mudanças de educação; trabalhar com o conceito de exercício de masculinidades que mostra que é possível ser homem de diversas formas sem precisar agredir a mulher, seja de que jeito for; intervenção da segurança pública e judicial sempre que necessário e a desconstrução do machismo cultural. Suelen finalizou enfatizando que a Polícia Civil de Santa Catarina trabalha com diferentes frentes de prevenção e combate à violência contra a mulher, como por exemplo realizando reuniões com grupos de homens, trabalhos em escolas, eventos e naturalmente, o atendimento direto às vítimas. O evento do qual ela participou contou também com a participação do do Delegado Regional de São Bento do Sul, Odair Rogério Sobreira Xavier ; da  Juíza Fabrícia Alcântara Mondin ; do Promotor de Justiça Djônata Winter, da 2ª Promotoria de Justiça de São Bento do Sul ; do Coronel PM João Carlos Benassi Borges Kuze e dos Advogados Débora Cristina Peyerl, coordenadora do curso de Direito da Univille, Campus de São Bento do Sul; Sheilla Bus Buscoski Varella, da subsecção da OAB de São Bento do Sul e de Cleide Regina Pereira, do Serviço Social da Prefeitura de São Bento do Sul. Acompanhe o evento na íntegra clicando aqui. Confira outras matérias sobre o evento clicando nas imagens abaixo  https://nossasnoticias.com.br/2020/09/02/violencia-contra-a-mulher-em-sao-bento-e-regiao-vitimas-tem-a-possibilidade-de-ficar-num-abrigo-e-recebem-atendimento-completo-de-acolhimento-destaca-delegado-sobreira-em-evento-online/ https://nossasnoticias.com.br/2020/09/04/mulher-e-vitima-de-violencia-mas-sequelas-atingem-toda-a-familia-destaca-juiza-de-rio-negrinho-em-evento-sobre-a-lei-maria-da-penha-e-a-pandemia/ https://nossasnoticias.com.br/2020/09/06/casa-abrigo-para-mulheres-vitimas-de-violencia-em-sao-bento-do-sul-assistente-social-fala-sobre-como-funciona-o-atendimento/ http://nossasnoticias.com.br/2020/08/28/lei-maria-da-penha-e-pandemia-sao-temas-de-evento-promovido-pela-policia-civil-e-univille-em-sao-bento-do-sul/

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