Neste período de pandemia de COVID-19 o que não falta são dúvidas. Afinal, a doença literalmente surpreendeu o mundo e ainda há muito o que se saber sobre ela.
Neste sentido, alguns questionamentos mais recentes envolvem a realização de exames e os motivos dos resultados “falsos positivos” e “falsos negativos”.
Tendo em vista que essas questões carecem esclarecimentos, nossa reportagem conversou com a biomédica Adiajnye Leslye. Ela é também patologista clínica, microbiologista, professora do curso de Biomedicina da Unisociesc de São Bento do Sul, sócia do Laboratório Proll Vida, sediado em Campo Alegre (SC) e colunista do Nossas Notícias.
Adiajnye destacou que há situações em que por exemplo você faz o teste e o resultado é negativo e mesmo indisposto você almoça com a família, mas os sintomas pioram e na repetição do teste, dá positivo. Sem contar também casos em que o vizinho, por exemplo, fez o teste, deu positivo e depois era negativo.
“São assuntos de incerteza que geram polêmica. Pois um falso positivo, pode levar o indivíduo à quarentena desnecessária e falhas no rastreamento de contato.Já um falso negativo pode levar à não identificação de um indivíduo infectado e a contaminação de outras pessoas”, comentou.
A especialista destacou que todos querem o fim dessa história toda, e com final positivo. E lembrou ainda que é preciso ter calma, se cuidar da melhor forma possível e contribuir com os órgãos que monitoram e estudam sobre o Covid.
SOBRE OS TIPOS DE TESTES
Atualmente existem dois tipos de testes, conforme ela:
O RT-PCR significa Reação em Cadeia Polimerase em Tempo Real.É um teste molecular, que pesquisa a presença do vírus e a coleta desse exame é realizada da garganta e nariz (pode ser da boca também).
Esse teste, segundo ela, demora um pouco para sair o resultado e agora com a alta procura, demora mais do que o normal.
“Na área de análises chamamos ele de ‘padrão ouro’, ou seja, é o exame de referência.
Laboratórios menores coletam a amostra e enviam para laboratórios maiores, que processam em grande escala.
“
Veja bem: esse exame busca identificar a presença do vírus no organismo. Nesse caso esse teste só vai positivar dentro de um determinado tempo. Se for muito precoce, não aparece vírus e se for muito tardio, da mesma forma, deixa de aparecer”.
FALSOS POSITIVOS E FALSOS NEGATIVOS
Adiajnye destacou também que é nesse tipo de caso, que está se observando testes rápidos com resultado positivo e PCR negativo. Porque, ou extrapola o prazo de coleta, ou, acaba sendo coletado antes do período indicado.
“E muitas vezes não é questão de alguém que errou. Pode ser porque o vírus é astuto e se instalou em silêncio, de forma que o portador, sequer notou algo de diferente sobre sua saúde.Eu costumo dizer que é como tingir roupas ou pintar cabelos. Se você remove antes do prazo indicado, não aparece. Se você passa do prazo, o resultado também não é o mesmo que o esperado”.
A biomédica também enfatizou que ocorrem casos de Covid com poucos sintomas enquanto outros nem mesmo apresentam sintomas.
“Então são casos em que não consegue se definir bem o momento em que poderia testar a presença do vírus”.
PERÍODO IDEAL PARA A COLETA DO PCR
O ideal desse teste PCR, conforme a especialista, é a coleta na primeira semana, entre o terceiro e o oitavo dia em que se apresenta sintomas ou, que de repente teve contato com algum portador confirmado.
Os testes rápidos vieram com tudo nesta pandemia! Super novidade e muita gente teve acesso.
“Por isso é de grande valia as vigilâncias poderem identificar e já instalarem um protoloco de tratamento e monitoramento”, enfatizou.
Mas a especialista lembrou que nem todos os testes são reconhecidos pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Ela disse que existem padrões de validação, e algumas marcas não foram testadas de forma suficiente.Nesse sentido, não há garantia de que todas as marcas reproduzem resultados de confiança.
“Vale lembrar que o governo usa testes aprovados pela ANVISA”, frisou.
O QUE PRECISA SER OBSERVADO ANTES DE SE FAZER UM TESTE EM EMPRESAS PRIVADAS?
“O que precisa ser observado, antes de realizar um teste em empresas privadas que ofereçam deste serviço, é se o teste é aprovado e reconhecido pela ANVISA”.
CUIDADOS AO FAZER O TESTE RÁPIDO
A biomédica declarou que vale lembrar que o teste rápido requer cuidados, pois existe uma questão de sensibilidade, ou seja, ele detecta a presença de anticorpos a partir de um determinado período e determinada quantidade.
” O que se deve observar é que alguns testes apresentam o resultado total, ou seja, na presença de qualquer anticorpo sobre aquela doença, o resultado é positivo. Eis aqui o que pode ser o princípio de uma pequena confusão, por que temos alguns anticorpos a serem considerados. Para a realização desse tipo de teste, há a necessidade de um profissional capacitado que interprete as informações. Por que tem um grau de complexidade.Um teste que apresenta a informação total, define positividade, mas, positivo para quê?”.
TIPO DE TESTE QUE SEPARA O ANTICORPO DM DOIS RESULTADOS: IGM/IGG
Adiajnye salientou que o que vem para ajudar a esclarecer, é o tipo de teste que separa o anticorpo em dois resultados, sendo a presença dos anticorpos, “cada um no seu quadrado”.
“Eu gosto de pensar da seguinte forma e isso ajuda a entender: se temos a doença naquele momento e o corpo está movimentando para combater, estamos diante do anticorpo IGM (momento/movimento), que demonstra que é a fase aguda da doença, ou seja, ela está acontecendo.Se estamos diante de um resultado com anticorpos IGG, então, demonstra que seu corpo já gerenciou a infecção. Em uma interpretação separada é mais claro para definir um diagnóstico”.
Ela falou que a essa altura, mais uma confusão pode acontecer, por que ainda não se sabe o suficiente do vírus Covid e seu comportamento. Nesse sentido, segundo Adiajnye, o que se espera está sendo comparado com outras doenças que já conhecemos e que se apresenta: IGM (momento) positivo e o IGG (gerenciamento) negativo.
“Se o período de sintomas foi identificado de forma que se pode contabilizar em dias, vale fazer o PCR para confirmar a presença do vírus, se estiver no prazo”.
A especialista continuou:
“Mas, se o seu corpo rapidamente passar a apresentar IGG (gerenciamento), então, mostra que a doença passou e você tem na memória da imunidade gerenciado aquele vírus.Nesse caso, o PCR vai apresentar negatividade”.
Adiajnye enfatizou que comparado a outras doenças demonstraria que se tem imunidade e que não teria a doença de novo, mas isso ainda não se pode afirmar.
“Está vendo como não é muito fácil? Essa é uma das situações entre positividade e negatividade das ‘letras’, que representam alguns anticorpos do nosso corpo.Essas informações precisam ser analisadas com calma, por isso a importância pela busca de um profissional capacitado.Alguns questionamentos vão construir uma história para fechar um diagnóstico, como: o teste rápido era IGG e IGM? O PCR foi feito dentro do período correto? Tem sintomas há quanto tempo?”, explicou.
Para a biomédica há uma palavra na área da saúde muito importante a ser considerada: idiossincrasia, que indica a particularidade de cada organismo.
“As pessoas referem nível de dor de forma diferente, ficam resfriadas na mesma casa e família e tem sintomas diferentes.E nesse caso, torno a repetir que há todo um contexto a ser avaliado e seus resultados precisam estar alinhados com sua história clínica para um desfecho”.
É ACONSELHÁVEL FAZER O TESTE POR CONTA PRÓPRIA?
Diante do questionamento, a especialista respondeu:
“Fazer o teste por conta própria é uma iniciativa legal para se cuidar ainda mais. Entretanto, seu resultado deve ser analisado por um profissional capacitado. É de suma importância saber diferenciar o teste e em que momento fazer”, aconselhou.
Mais informações com a especialista podem ser obtidas pelo fone/whatsapp: (47) 9.96322985 ou diretamente pelo whatsapp
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