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Família de Rio Negrinho conta com apoio da comunidade para arcar com os cuidados de saúde da jovem Ana Lúcia Tureck

  [caption id="attachment_27543" align="alignnone" width="300"] Na foto, Ana Lúcia ( de cabelo escuro ) antes e depois da doença. Rubia ( de cabelo claro) é a que aparece na foto ao lado da irmã.[/caption]

RIO NEGRINHO. No dia 12 deste mês, um domingo a tarde, resolvi lançar no Facebook e no Instagram do Nossas Notícias uma enquete. A primeira ideia era perguntar para os seguidores o quanto eles haviam melhorado neste período de quarentena em função do coronavírus. Afinal, já estamos agora há pouco mais de quatro meses nesse período de transição, oscilando, creio que todos, entre a paciência, a total impaciência, a fé e o desespero.

Mas logo pensei que perguntar no quê cada um tinha melhorado talvez “ficasse pequeno” demais, já que embora eu não conhecesse cada seguidor, talvez para alguns deles a vida tivesse ficado mais dolorosa. TUDO COMEÇOU COM UMA ENQUETE NO FACEBOOK Então, perguntei “O que mudou para você nesta quarenta?”. Eu mesma compartilhei minha experiência no Facebook do Nossas Notícias e interagi com vários seguidores. Porém, uma resposta me chamou a atenção e me mostrou que, não, a vida não tinha ficado melhor para todos. Rúbia Daniela Tureck Vaz, escreveu (print da resposta no final da matéria): “Muita coisa. Por causa da pandemia minha irmã não pode continuar a quimioterapia que era com um medicamento que vinha de fora do Brasil e com isso ela teve uma piora enorme. Ficou cega, não anda, não fala, não tem movimentos no corpo…Posso dizer que para mim está sendo horrível! Hoje ela está no hospital lutando com a vida”.  MUITO MAIS QUE UMA RESPOSTA; HISTÓRIAS DE VIDAS Diante da resposta, chamei Rúbia no Messenger do Facebook e logo continuamos a conversar pelo WhatsApp. Foi aí que conheci a história de Ana Lúcia Tureck, de 32 anos, moradora de Rio Negrinho. Conforme a irmã, ela tem um tumor no cérebro há 13 anos e estava internada no hospital de Rio Negrinho até alguns dias atrás. Segundo ela, o momento foi bastante difícil, pois durante o período mais crítico de saúde de sua irmã, os médicos chegaram a dizer que já não havia mais nada a ser feito. Rubia contou que Ana Lúcia tinha 19 anos quando descobriu que tinha um tumor no cérebro. Aos 18 anos começou a trabalhar na Panificadora Thieme. Logo começou a passar mal, algumas vezes inclusive no próprio trabalho. Depois, por não se sentir bem,começou a faltar diversas vezes no emprego e seu contrato acabou sendo encerrado. “Depois de um tempo que saiu do emprego é que ela fez exames e foi então descoberto esse tumor. Mas ela tentou trabalhar ainda por várias vezes, mas não dava certo. Ela ficava nervosa, tinha convulsões…”, contou a irmã. Desde então, ela fez quatro cirurgias, várias sessões de quimioterapia e radioterapia mas nada resolveu. Conforme Rúbia, em todos esses anos, Ana não conseguiu receber nenhum tipo de auxílio do governo por não ter contribuído com o INSS. SITUAÇÕES DOLOROSAS Há quase dois anos, o pai delas, Airton Tureck, morreu e desde então, quando está em casa,  Ana é cuidada pela mãe, Niceia Aparecida Wille Tureck e por Rúbia, que acabou deixando o trabalho para ajudar nos cuidados com a irmã. A família passa por dificuldades. “Nossa mãe recebe pensão por morte em função do nosso pai. Mas ela paga aluguel, água, luz, alimentação…Na casa, além da Ana e da mãe,mora um irmão nosso de 16 anos, que não trabalha e mais um dos filhos da Ana, que tem 10 anos”. Rúbia mora com o marido em uma casa que fica no mesmo terreno onde mora a mãe. “Só meu marido trabalha e por mais que a gente tente, não conseguimos suprir as necessidades da Ana Lucia. Ela ganha fraldas da assistência social, mas a assistente social disse que são muitos os acamados, então as fraldas que ganhamos dá para no máximo 15 dias. A gente pega dia 23 de cada mês e dias 5, 6 do mês seguinte, já não tem mais. Ela também ganha 4 latas de Sustagen, mas uma lata dá para no máximo 5 dias porque é só isso que ela come. A gente nem dorme direito de tantas preocupações…”. INTERNAÇÃO HOSPITALAR  Ana foi internada no hospital de Rio Negrinho no dia 12 de julho. “Ela não estava comendo nada, então ligamos para o SAMU, para que a levassem ao hospital para que lá fosse colocada uma sonda e a Ana pudesse se alimentar. Só que os médicos falaram que ela estava com a saturação baixa e os batimentos cardíacos baixos também. Por isso foi internada, também para receber doses de  vitamina pelas veias para ver se dava uma melhorada”. De acordo com Rúbia, nesse período, os batimentos cardíacos de Ana também foram alterados e a recomendação dos profissionais foi que ela fosse cuidada com o máximo de conforto, amor, carinho. “O momento foi bem difícil…A gente nem se recuperou da perda do pai.. e pensava no que seria se perdesse a Ana também”, desabafou Rúbia. CAMPANHA CONTINUA Rúbia agradeceu as doações que recebeu através de uma campanha nas redes sociais e também a partir de uma matéria publicada no jornal A Gazeta, de São Bento e região. “A gente chegou em um momento bem difícil. Então resolvi pedir doações da comunidade. Pedi fraldas ,leite de caixinha, Sustagen e produtos de higiene. Com  a graça de Deus, a comunidade e a família, ajudaram bastante. São  anjos que Deus colocou na nossa vida”. Rúbia disse que se caso a irmã viesse a partir, as doações recebidas seriam destinadas para outras famílias que estivessem passando pela mesma situação. Porém, Ana se recuperou e voltou para casa e agora a família continua contando com o apoio da comunidade. Para continuar a dar a qualidade de vida que ela merece, a família continua contando com o apoio da comunidade, para que possa dar conta dos custos extras com fraldas e material de higiene. Para isso, Rúbia organizou uma vaquinha online, através do qual possam ser feitas doações em dinheiro ( clique aqui para doar ). Quem quiser, pode também doar os produtos pedidos diretamente para a família. Basta entrar em contato pelo número (47)992551724. MAIS Ana tem ainda mais dois filhos. Além do menino de 10 anos que mora com ela, é mãe de um menino de 8 anos, que também mora em Rio Negrinho e de um adolescente de 16, que mora em Lontras (SC). O QUE TODA ESSA HISTÓRIA MUDOU PARA MIM  Bem, conversei muitas vezes com Rúbia desde que vi o comentário dela no Facebook do Nossas Notícias. Com ela aprendi que definitivamente não temos na maioria das vezes nem ideia do que se passa com os que estão tão próximos. Concentrados nos nossos desafios diários, nos nossos problemas,  nas nossas preocupações, na nossa vida…nem imaginamos que há pessoas que travam grandes batalhas nas suas casas, com as suas famílias…ou sozinhas mesmo. Percebi que enquanto reclamamos muitas vezes de vida que temos, comparando-a com aquela que queríamos ter, há pessoas que querem simples e maravilhosamente estar vivas e para elas, esse milagre já basta por si só. Pensei o quanto ainda preciso evoluir …Eu seria capaz de deixar toda a minha vida, meu trabalho, meus afazeres, por alguém? Está aí mais um aprendizado da quarentena. E com um “tema de casa” ainda para pensar. ASSISTA No período em que Ana Lúcia estava em uma situação crítica no hospital, Rubia gravou um  emocionante vídeo em seu Facebook cantando uma música para a irmã. Assista clicando na imagem abaixo:
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