A data de hoje é marcante para pessoas de todas as religiões e por trazer um tema que é difícil para o ser humano encarar, certamente também é um dia que provoca reflexões também a quem não é adepto (a) a alguma religião ou mesmo não acredite em Deus. Afinal, estamos falando do Dia de Finados, daqueles que se foram, para quem a vida acabou. Eles partiram e não temos certeza onde estão. E da mesma forma, nossa única certeza é a de que também morreremos. Falar de morte,obrigatoriamente é falar de vida. Afinal, hoje, em específico, é o dia de homenagear e relembrar os momentos vividos com quem já se foi. Uma ótima oportunidade também para se refletir: enquanto estou vivo (a), que vida estou tendo? Já que a vida é “um sopro” e sobre quando ela irá acabar para mim, para você, como estou aproveitando esses momentos? Reflexões a parte a data de hoje, mesmo que porventura provoque dores, arrependimentos e tristeza, lembra e integra uma fase da vida chamada luto. E já que por ela todos passamos e/ou vamos passar, nossa reportagem conversou com a psicóloga Santa Cecília M. Herzog, mestre em Psicologia e coordenadora do curso de Psicologia da UnC Rio Negrinho. Ela deu dicas sobre como os adultos podem lidar com a morte e também sobre como podem abordar o tema com as crianças, para quem parece tão doloroso e difícil explicar que um ente familiar ou amigo partiu. Confira os insights da especialista!
Como lidar com a morte e falar sobre ela com as crianças
“A perda de um ente querido é considerado a crise mais grave do ciclo vital, de um ser humano. O processo de luto é vivenciado de forma singular por cada indivíduo, de acordo com os sentimentos, a vinculação e o contexto com que a perda aconteceu”, explicou Cecília.
“A sua duração pode ser tanto prolongada quanto breve, já que o período de tempo pode ser definido ou indefinido e a sua intensidade varia ao longo do tempo, de pessoa para a pessoa e de cultura para a cultura. A reação de perda depende também dos limites impostos pela realidade sociocultural em que o sujeito se insere.
O luto leva tempo e, de uma forma geral, é vivenciado juntamente com os significados que lhe são atribuídos”.
“A fase do choque pode durar horas ou dias, constituindo – se de desespero, raiva, irritabilidade, amargura e isolamento. Tais sentimentos podem se manifestar por meio de atitudes emocionais intensas. Entretanto, a aceitação dos sentimentos mencionados faz com que a perda se reafirme, o que permite que a fase seja vivenciada e ultrapassado de forma mais ajustada e saudável”.
“Dessa maneira o luto é um processo essencial para que possamos nos reconstruir e reorganizar diante de uma perda. Por isso, conceitua-se como um desafio emocional, psíquico e cognitivo com o qual todo o ser humano deve ligar”.
“Esse desafio inclui a transformações e a ressignificação da relação com o que foi perdido. Reações à perda de alguém significativo muitas vezes incluem o impedimento e/ou desinteresse temporário na realização das atividades diárias do cotidiano, isolamento social, pensamentos intrusivos e sentimentos de saudade e tristeza, que variam, e podem, também, evoluir ao longo do tempo.
Entenda esse momento como uma fase, reflita sobre a relação que você tinha com quem partiu, verifique as lições que pode aprender com ela e como esse aprendizado pode melhorar o seu relacionamento com as pessoas com quem convive hoje”.
“Falando a respeito do luto na infância, pode -se perceber a necessidade da criança em falar a respeito dos seus sentimentos em relação a perda, todavia, se a criança não se sentir confortável o seu silêncio também deve ser respeitado. Lembre que a pessoa enlutada precisa de tempo e validação do que está sentindo, o primordial é que ela possa expressar seus sentimentos, pois isso ajuda no processo de luto.
“É importante permitir que a criança participe das homenagens e das despedidas se assim ela desejar”.