Kelen Sbolli é adestradora profissional de cães. Proprietária da Vita Canis, atende em Curitiba PR Rio Negrinho e em várias outras cidades do Sul do Brasil. Escreve para o Nossas Notícias todos os domingos. Contatos com a colunista podem ser feitos pelo zsbolli@yahoo.com.br *************************************** No artigo da semana anterior falamos sobre como os cães sentem a perda de um amigo canino ou de seu tutor. Mas e nós como seres racionais, é legítimo sentir luto com a morte de nosso animal de estimação? Pet membro da família Nossa sociedade ainda não vê com bons olhos o fato de sentirmos nosso pet como membro da família e quando se trata da dor pela morte deles, o preconceito é ainda maior. Os psicólogos chamam o luto por animais de “luto não reconhecido” ou “luto não autorizado” pois foge às normas socialmente estabelecidas. É comum ouvirmos de algumas pessoas, “Você está chorando por causa de um bicho?”, “Compre outro”, “Mas era só um cachorro!”. Processo de perda O fato da sociedade ainda não reconhecer este tipo de luto, dificulta ainda mais o processo de perda, pois acabamos sentindo vergonha do nosso sentimento e tentamos escondê-lo. A negação do sentimento pode só piorar o processo da perda. Empresa especializadas no funeral de pets Felizmente, já é comum em grandes cidades, empresas especializadas no funeral de pets, desde a remoção do corpo, seja em casa ou em clínicas veterinárias, até o sepultamento ou cremação e até mesmo o velório, se for da escolha da família. Os rituais de despedida, como acompanhar um enterro ou cremação dignamente, fazem com que nossos sentimentos sejam respeitados e acolhidos, o que é importante para o processo de luto. Profunda ligação Nossos animais de estimação, os cães em particular, tem uma profunda ligação afetiva conosco, muitas vezes maior que a ligação que temos com pessoas próximas. Sua presença nos traz alegria, companhia, segurança e até mesmo um sentido de vida. Portanto, quando ocorre sua morte, é natural que um vazio se instale como se um filho tivesse partido. Nossa rotina muda, hábitos são interrompidos e um suporte emocional cessa. É impossível passar pela morte de alguém tão importante assim sem sentir o mesmo luto quando perdemos um ente querido da nossa família humana. Quais são as fases do luto? Negação e choque Muitas vezes quando nosso pet está em fase terminal ou em um risco grande de morte, tendemos a negar o fato achando que ele voltará a ficar bem, mesmo sabendo da irreversibilidade da doença. Quando o animal morre, ocorre um choque profundo e começamos a perguntar o que poderíamos ter feito a mais, onde erramos e outros questionamentos semelhantes. Raiva É o momento onde tendemos a culpar os outros pela morte de nosso animal, seja o veterinário que não conseguiu salvá-lo, seja um parente ou até mesmo o próprio animal. Culpa É quando assumimos inteiramente a “culpa” pela sua morte questionando, por exemplo, se escolhemos o profissional certo, se demos uma vida saudável ou não para ele, se tivemos os cuidados necessários. Quando o processo de morte passa pela autorização de uma eutanásia, esta fase é muito comum. O dono se pergunta se deveria mesmo ter autorizado, ou ao contrário, se prolongou demais o sofrimento de seu pet. Depressão Às vezes o sofrimento é tão intenso que nos sentimos “sem chão”. A tristeza toma conta e não conseguimos sair dela. Este é um momento delicado que não podemos nos furtar de procurar ajuda, seja de um amigo ou de um profissional. Aceitação Este é um momento marcado pela calma e paz. É quando aquietamos a mente e encontramos um lugar aconchegante para nosso amigo em nosso coração. É importante lembrar que o processo de luto é único para cada pessoa. Podemos ou não passar por todas as fases. Isto não quer dizer que não amamos nosso animal ou que não damos importância a ele. Existem algumas orientações que podem ajudar a passar pelo processo do luto. 1 – Não se questione se é correto sofrer pelo seu animal. Não interessa o que os outros pensam, se permita viver e passar pela dor. O luto é necessário para o processo de superação. 2 – Evite se culpar pela morte do seu animal Certas situações da vida estão fora do nosso controle. Aceitar o inevitável silencia os pensamentos ruins. 3 – Compartilhe seus sentimentos com amigos Falar sobre o que ocorreu e sobre suas emoções com pessoas que também já passaram por isso, o ajudará a amenizar a dor. 4 – Organize um funeral, um memorial ou apenas um álbum de fotografias para seu pet Lembrar o quanto seu amigo foi importante organizando os momentos especiais é uma forma de homenageá-lo e acalmar o coração. 5 – Adote outro animal Considere a possibilidade de ter um outro companheiro em sua vida. Mas tudo tem seu momento certo. Não apresse. Permita-se passar pelo luto, sentir saudades e até mesmo não querer outro animal. Quando você estiver pronto, isto ocorrerá naturalmente. Respeite seu luto e sua dor Respeite seu luto e sua dor, pois eles são únicos a nós. Não se compare a outras pessoas, cada um sabe a importância e o significado que seu animal teve em sua vida. O tempo é fundamental para o restabelecimento da ordem nos sentimentos. Como diz Silvana Aquino: “Quando um animal de estimação morre, uma parte de nós precisa se reorganizar para conviver com sua ausência”. Então, acolha suas emoções e sinta. Assim, a aceitação virá com a suavidade das boas lembranças”.. ]]>