
SANTA CATARINA. A morte de um bebê durante o parto no Hospital Municipal Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú, na última sexta-feira (25), causou comoção e indignação. Além da perda do filho, a mãe, Dayla Fernanda Pedroso Ramos, de 29 anos, precisou passar por uma cirurgia de emergência e teve o útero retirado. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil e por órgãos municipais de saúde.
Segundo o relato da família, Dayla e o marido, Edemar da Silva Leitemperger, chegaram ao hospital por volta do meio-dia, quando ela já apresentava contrações. Durante a tarde, as dores aumentaram, e por volta das 18h30, a gestante solicitou uma cesariana ao médico de plantão, que teria negado o pedido alegando que o parto seria normal, já que o bebê estava na posição correta e a bolsa havia estourado.
Ainda de acordo com a família, das 18h30 às 21 horas Dayla sofreu com dores intensas e sangramento. Somente por volta das 21h30 a equipe de enfermagem constatou que ela estava em trabalho de parto, mas o médico não teria retornado ao atendimento. O pai afirma ter presenciado o momento em que o bebê, o pequeno Ragner, ficou preso no canal de parto e já apresentava sinais de cianose (roxo).
Dayla foi então levada às pressas para a cesariana, já sob os cuidados de outro médico. Durante a cirurgia, o bebê nasceu sem vida e, devido às complicações, o útero da paciente precisou ser retirado. Vídeos registrados por Edemar mostram tentativas de reanimação do recém-nascido. As imagens são fortes e revelam a gravidade da situação.
“Eu só estou viva porque Deus permitiu”, disse ela. “Só depois que meu bebê já estava morto é que me encaminharam para a cesariana”, completou.
O corpo de Ragner foi sepultado no domingo (27). Em uma publicação emocionada, Edemar agradeceu o apoio da prefeitura, mas afirmou que vai lutar por justiça. “Não vou descansar enquanto os responsáveis pela morte do meu filho não pagarem”, citou.
A diretora-geral do Hospital Municipal Ruth Cardoso, Andressa Bertiel Willeke Haddad, foi exonerada do cargo. A portaria de exoneração foi publicada nesta terça-feira (29). Andressa ocupava a função desde o início do ano.
A saída ocorre em meio à repercussão do caso da morte do bebê durante o parto. A Prefeitura informou que a exoneração faz parte de uma série de medidas administrativas adotadas após o ocorrido, incluindo o afastamento do médico obstetra responsável e a abertura de uma sindicância para apurar as circunstâncias da tragédia.
Em nota oficial, a Prefeitura de Balneário Camboriú informou que acompanha os desdobramentos do caso. A Secretaria de Saúde determinou: afastamento cautelar do médico obstetra responsável, abertura de sindicância interna para apurar possíveis falhas na condução do parto;, instalação de Comissão de Óbito e ativação do Comitê de Ética do hospital, notificação da empresa terceirizada que emprega o médico, disponibilização do prontuário médico à família, encaminhamento do caso ao SVO (Serviço de Verificação de Óbitos), prazo de 72 horas para a entrega de um parecer técnico.
A secretária de Saúde, Aline Leal, informou que a Rede Alyne também está envolvida nas investigações, com o objetivo de reforçar a segurança materno-infantil na cidade.
A Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) de Balneário Camboriú instaurou inquérito para apurar a morte do recém-nascido. As oitivas com os pais devem ocorrer na próxima semana, respeitando o período de luto da família. A investigação corre sob segredo de justiça.