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Pandemias na História: elas vão e vem, mas a perseverança prevalece!

RIO NEGRINHO. Mesmo com a autorização da retomada das atividades no comércio e outros setores, ainda não estamos “totalmente livres” do clima de pandemia de coronavírus, seja em Rio Negrinho, Santa Catarina, no Brasil ou no mundo. Informações como a veiculada ontem (14), pelo Ministério da Saúde, de que 55% dos casos confirmados no Brasil foram recuperados, sem dúvida são um alento. Notícias de que cientistas buscam com afinco uma vacina e a própria cura da doença, nos animam mais nesses dias que por vezes parecem tão cinzas e incertos. Mas a questão, que não é nenhuma novidade      ( embora a gente esqueça de vez em quando) é que a Humanidade já viveu e superou outras pandemias na História. E sobreviveu, evoluiu e ficou mais forte! Dando continuidade à nosso projeto em parceria com a Academia de Letras do Brasil de Santa Catarina Seccional Rio Negrinho, hoje quem fala um pouco sobre as pandemias da História é Christian Hacke, membro da Academia, graduado em História, aluno do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional pela Universidade do Contestado – Canoinhas e jornalista do A Gazeta desde 2018. O texto está muito legal! Vale a pena conferir!  Você também pode ouvir a análise de Hacke clicando neste link: https://anchor.fm/nossas-not%C3%ADcias-oficial/episodes/Pandemias-na-Histria-elas-vo-e-vem–mas-a-perseverana-prevalece-ecr8fi

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Em tempos de discussões sobre o combate do novo coronavírus, especialistas lutam contra o tempo para encontrar uma cura para a doença, enquanto vislumbram novas possibilidades de medicamentos para as epidemias futuras. Sim, elas vão voltar, sempre com mais força, adaptando-se aos climas e a geografia.É notório que com as epidemias passadas aprendemos muita coisa. A medicina desenvolvida após a peste negra (1347-1351) permitiu grandes avanços para o que conhecemos hoje em relação a ciência. Naquela remota época, uma pessoa morria pela doença entre dois e sete dias após infectada. Hoje com o surgimento de antibióticos, a morte pela mesma patologia seria praticamente nula. Surto de Gripe Espanhola em 1918 Em 1918 um surto de Gripe Espanhola chegava ao Brasil e, meses depois, já estava presente em todas as cidades do país. Inclusive na região de São Bento do Sul e Rio Negrinho. Vale lembrar que Rio Negrinho ainda pertencia a São Bento, emancipando-se apenas em 1953. Um fato curioso sobre a Gripe Espanhola é que seu grupo de risco, assim denominado, era formado por jovens e adultos saudáveis, mas também atingia os mais velhos. Uma das vítimas fatais fora o então presidente da república Rodrigues Alves, em janeiro de 1919, com 70 anos. Ele havia acabado de se reeleger para o segundo mandato, mas não conseguiu tomar posse. Cerca de 30 mil pessoas morreram da doença no Brasil
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  No país, estima-se que cerca de 30 mil pessoas tenham morrido com a doença. Acredita-se ainda que entre 50 e 100 milhões de pessoas morreram em decorrência da Gripe Espanhola, o que representa nada menos do que 5% da população mundial da época. Foram 500 milhões de indivíduos contaminados pelo vírus (25% da população total). A taxa de mortalidade da doença era de 20% dos infectados. Como comparação, a Covid 19 tem uma taxa de letalidade de 3,74% e a Sars, doença respiratória grave que surgiu no início dos anos 2000, tinha taxa de 8%. Isolamento é importante Assim como no coronavírus, no auge da Gripe Espanhola as autoridades tiveram que tomar medidas drásticas. Já não havia mais coveiros disponíveis e a polícia ‘capturava’ os homens mais fortes para abrirem as covas. Outra medida adotada foi a quarentena em muitas cidades, restringindo até mesmo os serviços básicos, como mercados, a polícia e os bombeiros. Mortes na região ( envolvendo São Bento do Sul e Rio Negrinho, que na época pertencia a São Bento do Sul) Conforme pesquisa dos são-bentenses Henrique Fendrich e Henry Henkels, São Bento do Sul registrou ao menos 22 mortes em decorrência da patologia, entre novembro de 1918 e janeiro de 1919, sendo sete delas apenas na localidade de Rio Preto, hoje pertencente a Rio Negrinho. Henrique, através de pesquisas nos livros de óbitos do cartório em São Bento do Sul, identificou o nome dos falecidos, cuja causa do óbito constava a Gripe Espanhola. Já Henkels foi quem identificou que a doença viera da localidade de Rio Preto para o povoado de São Bento. As vítimas na região tinham entre um mês de vida e 81 anos. Uma delas foi o empresário Willy Jung, no dia 17 de janeiro de 1919, aos 39 anos. Ele faleceu na casa do então sócio Jorge Zipperer, em Rio Negrinho, sendo eles os precursores da extinta Móveis Cimo. As vítimas, conforme a pesquisa de Fendrich, foram:
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Gustavo Keil 39 anos Carlos Kwitschal 66 anos Maria Ferreira de Castilho 22 anos (Rio Preto) Francisca Langowski 4 meses João Matheus de Castilho 4 anos (Rio Preto) José Nicolau de Castilho 35 anos (Rio Preto) Izudina Vidal Teixeira 2 anos e 10 meses Francisca Ferreira Rocha 23 anos (Rio Preto) Anna Ferreira dos Santos 66 anos (Rio Preto) Maria Luzia dos Santos 40 anos (Colônia Olsen) Idalina Marques Massaneiro 22 anos (Rio Preto) Antônio Gonçalves Bonete 24 anos (Rio Preto) Francisco Dollack 81 anos Manoel Carvalho 42 anos Benedicta Rodrigues 45 anos (povoado de Rio Negrinho) Frederica Goll 73 anos Willy Jung 39 anos (Salto) Augusto Beier 28 anos Pedro Dollack 8 meses Roberto Seidl 8 anos e 8 meses Gertrudes Mallon 8 anos e 10 meses Leopoldo Gelinski 1 mês Lições Deste compilado de informações sobre a história global, principalmente regional, podemos observar que a preparação para a chegada de novos desafios, muitas vezes, acontece após o incidente, quando deveria ocorrer de forma preventiva. Se existem vacinas que combatem uma possível doença (exemplo o sarampo), por que não existem soluções para um vírus cujo comportamento é similar aos demais? A resposta é simples: o comportamento de um novo vírus pode ser parecido com um já existente, mas nunca será igual. Seu código genético precisa ser decifrado, isolado e quebrado pelos cientistas, para aí sim encontrarem uma provável cura. Confie na ciência! Fake News podem matar! Não compartilhe notícias cuja fonte é desconhecida ou não confiável. Procure outros sites que falem sobe o assunto e tente traçar uma linha comparativa entre eles, para ver se falam a mesma língua. Conhecer a História, principalmente da região onde se habita, faz com que você crie paralelos sobre o passado e o presente, identificando os porquês dos fatos e comparando os porquês atuais. Sobre Christian Hacke
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Christian Hacke é graduado em Licenciatura em História pela Universidade do Contestado – Mafra (2013-2016), é aluno do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional pela Universidade do Contestado – Canoinhas e jornalista em A Gazeta desde 2018. Ocupa a cadeira de número 27 na Academia de Letras do Brasil de Santa Catarina seccional Rio Negrinho, foi presidente do Conselho de Políticas Culturais de Rio Negrinho (2018/19), representante da setorial de Patrimônio Histórico Material da região nordeste do Conselho Estadual de Cultura, membro da Câmara Técnica de Cultura do programa de Desenvolvimento Econômico Local (DEL) e atual presidente da Associação dos Historiadores de Rio Negrinho.
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